🔴 [EVENTO GRATUITO] COMPRAR OU VENDER VALE3? INSCREVA-SE AQUI

Estadão Conteúdo
No vermelho

Economia parada deixa brasileiro refém das dívidas

Início de ano costuma ser um período de aperto no orçamento por causa do acúmulo de contas a pagar, mas neste ano o movimento está mais forte por causa da estagnação da economia

Dívida
Homem endividado - Imagem: Shutterstock

A vendedora autônoma de maquiagem Adriana Barbosa, de 45 anos, conseguiu sair da lista de inadimplentes no ano passado. Mas no início deste ano teve uma recaída. Não pagou a fatura do cartão de crédito, usado na compra de materiais de construção para erguer mais um cômodo da sua casa. Com renda mensal de cerca de R$ 1 mil, Adriana ficou novamente inadimplente. As vendas de maquiagem caíram mais de 50% este ano e a ela também levou o calote. "Meus clientes não me pagaram porque perderam o emprego e isso atrapalhou a minha vida."

Adriana e outros milhões de brasileiros que conseguiram pagar as dívidas atrasadas nos últimos 12 meses e voltaram a ficar com o nome sujo neste ano são considerados "novos reincidentes" da inadimplência pelos birôs de crédito. Esse é o grupo que tem ampliado a participação no calote neste ano.

Entre janeiro e maio, eles eram, em média, 27% do total de inadimplentes. No mesmo período de 2018, essa fatia estava menor, representava 24,9% do total de pessoas com dívidas vencidas e não pagas, segundo dados da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas e do SPC Brasil.

Já o "reincidente velho", aquele inadimplente que continuou na lista de devedores, deixou de pagar mais uma dívida no período e que responde pela maior parte do calote, reduziu sua participação. Entre janeiro e maio deste ano, esse grupo era 52,2% dos inadimplentes, em comparação a 54,4% no mesmo período de 2018. Enquanto isso, a participação dos inadimplentes que pela primeira vez ingressaram nessa lista ficou estável em 20,6%.

"Sentimos neste começo de ano um aumento mais acentuado desse movimento de pessoas que tinham conseguido sair da lista de inadimplentes e voltaram a não pagar em dia as dívidas", diz Mariane Schettert, presidente do Igeoc, associação que reúne as 16 maiores empresas de telecobrança, que respondem por 20% do mercado.

Zigue-zague

Além de todo início de ano ser um período de aperto no orçamento por causa do acúmulo de contas a pagar, o que leva normalmente mais pessoas a se tornarem inadimplentes, neste ano esse movimento está mais forte por causa da estagnação da economia.

O zigue-zague de quem conseguiu sair do sufoco em 2018 mas voltou a ficar inadimplente neste ano reflete também os altos e baixos da economia. Após crescer 1,1% em 2018, o Produto Interno Bruto caiu 0,2% no primeiro trimestre e frustrou as expectativas de empresários e consumidores.

A falta de reação da economia neste início de ano é nítida no desemprego, que se mantém em níveis elevados. São 13,2 milhões de trabalhadores fora do mercado. "A inadimplência anda de mãos dadas com o desemprego", diz Mariane.

Genaro Silva Pimentel, 47 anos, ex-caixa de supermercado, é um exemplo dessa relação Após um ano no emprego, ele foi demitido no mês passado. Pimentel estava há algum tempo no cadastro de inadimplentes. "Ia até acertar as cotas, mas não deu tempo." Agora, novamente desempregado e com uma rescisão de R$ 2,7 mil no bolso, ele acredita que vai conseguir bancar as suas despesas por mais dois meses, se não conseguir trabalho. "Devo ficar inadimplente mais ainda, não tem como."

A renda estagnada, a perda de confiança da população e o aumento da inflação, especialmente de alimentos, que atingiu a maior marca em três anos no início de 2019, também contribuíram para o avanço do calote.

"O que mais afetou a inadimplência no início deste ano foi a inflação", avalia o economista Luiz Rabi, da Serasa Experian, empresa especializada em informações financeiras. "A inflação dos alimentos, que atingiu 3,7% de janeiro a abril, bateu na baixa renda, que é mais vulnerável quando se fala de inadimplência."

Entre janeiro e maio deste ano, 238 mil famílias engrossaram o grupo dos 3,8 milhões de domicílios que estavam com contas atrasadas ao final de maio, destaca o economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio, Fabio Bentes. No ano inteiro de 2018, 291 mil famílias se tornaram se tornaram inadimplentes.

Recorde

O aumento neste ano do número de consumidores inadimplentes e de dívidas em atraso é apontado por dois birôs de crédito. Em abril, 63,2 milhões de brasileiros estavam com dívidas atrasadas, segundo a Serasa Experian. É o maior contingente de inadimplentes desde o início da série iniciada em março de 2016. São 2 milhões a mais de inadimplentes em relação a abril de 2018.

Segundo a Boa Vista Serviços, em maio, o volume de dívidas não pagas aumentou 4,8% em relação a abril, descontados os efeitos típicos do período. Foi a maior alta mensal do número de dívidas não pagas desde maio de 2018 e a terceira elevação mensal seguida.

"Começamos a observar uma mudança de tendência da trajetória da inadimplência", alerta o economista Flávio Calife, da Boa Vista.

Desde meados de 2018 as pessoas começaram a tomar mais crédito e o endividamento aumentou. Mas a situação financeira do consumidor não está melhorando. Por causa desse descompasso, deve crescer o número de inadimplentes e a recuperação do crédito pode piorar, prevê o economista. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Compartilhe

DINHEIRO PARA AS BASES

Decreto de Bolsonaro libera mais recursos do ‘orçamento secreto’ às vésperas da eleição

9 de setembro de 2022 - 10:58

O presidente da Câmara, Arthur Lira, e outros líderes do Centrão pressionavam Bolsonaro a liberar os pagamentos até a data das eleições

INFLAÇÃO E GUERRA

Euro vale menos que 1 dólar pela primeira vez em mais de 20 anos; o que está acontecendo com a moeda comum europeia?

23 de agosto de 2022 - 11:45

Além da guerra na Ucrânia, a inflação avança pela Europa e alimenta temores de recessão econômica; e o Velho Continente está no meio de uma crise energética

FEBRABAN TECH 2022

Setor financeiro melhora planos para o metaverso e já fala em criptomoedas como ‘espinha dorsal’ do processo — mas isso vai levar algum tempo; entenda

12 de agosto de 2022 - 17:40

O Febraban Tech 2022 foi realizado entre os dias 9 e 11 de agosto, em São Paulo; confira alguns destaques

“Taxação do sol”: você tem menos de seis meses para instalar energia solar e conseguir economizar até 90% na conta de luz ao ‘se salvar’ de nova cobrança; entenda

11 de agosto de 2022 - 16:42

Marco Legal da Geração Distribuída foi sancionado no início de janeiro e vai encarecer a geração de energia solar em casa; mas ainda dá tempo de fugir da cobrança conhecida como “taxação do sol”

FORTE ALTA

Minério de ferro tem rali e sobe mais de 10% na semana antes do balanço da Vale (VALE3) com melhora da perspectiva chinesa

28 de julho de 2022 - 9:08

A expectativa com a alta demanda voltou a animar a produção de aço na China, que religou 12 altos-fornos para produção

PUTIN CONTRA-ATACA?

Alerta máximo: Rússia cumpre a promessa e fecha torneira do gás para Alemanha; entenda o que isso significa para a economia global

11 de julho de 2022 - 11:53

As manutenções dos gasodutos russos começaram hoje e estão programadas para terminar no dia 21, mas analistas temem que Putin prorrogue o prazo de bloqueio

De olho na bolsa

Esquenta dos mercados: Exterior tenta emplacar alta antes do payroll; Ibovespa aguarda inflação após votação da PEC ser adiada

8 de julho de 2022 - 7:52

O aumento do prazo para a proposta que coloca ainda mais pressão sobre as contas públicas injeta aversão ao risco nos investidores hoje

Putin sem saída?

Rússia está a dois dias de um calote forçado: dívida milionária vence — e o país segue suspenso de sistema de pagamentos internacional

24 de junho de 2022 - 15:41

Fim do prazo do pagamento de uma dívida de US$ 100 milhões aos EUA pode motivar ações legais contra a Rússia

EXPECTATIVAS LADEIRA ABAIXO

Na “Copa do PIB” de 2022, Brasil deve ficar atrás de Colômbia, Argentina e México em crescimento

8 de junho de 2022 - 16:32

OCDE baixou a projeção de crescimento do PIB brasileiro de 1,4% para 0,6%, abaixo da média mundial, conforme relatório publicado nesta quarta-feira (08)

DE OLHO NA DISNEY

Por que o dólar já caiu quase 15% frente ao real em 2022? Entenda como a queda da moeda norte-americana impulsiona a economia local

5 de junho de 2022 - 12:30

Com a moeda norte-americana em queda, é um bom momento para apostar a favor do dólar; entenda

Fechar
Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Continuar e fechar