Com reação lenta, há risco de recessão, diz economista
Após ter ficado muito endividada durante a crise, parte dos brasileiros pode estar poupando mais, mas as frustrações sucessivas com o desemprenho do Produto Interno Bruto podem indicar mudanças estruturais na economia
As frustrações sucessivas com o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) podem indicar que a economia do País está passando por mudanças estruturais que não haviam sido consideradas em um primeiro momento, segundo o economista-chefe do Banco Safra, Carlos Kawall. Uma dessas possíveis alterações, diz ele, seria no padrão de consumo da população.
Após ter ficado muito endividada durante a crise, parte dos brasileiros pode estar poupando mais. "É possível que esteja acontecendo (no Brasil) algo semelhante ao que ocorreu nos EUA (depois da crise de 2008). O americano voltou a padrões de poupança que se via nos anos 90."
O economista também fala em redução dos juros. A seguir, trechos da entrevista.
Como o sr. define a situação econômica? Podemos estar em recessão técnica (dois trimestres consecutivos com PIB negativo)?
É uma reação muito lenta. O crescimento era muito fraco e piorou. Existe risco de recessão técnica, claro. Estamos errando (as projeções de crescimento) há muito tempo. São vários anos achando que a economia iria melhorar. Por isso, (a crise atual) pode ter a ver com coisas mais estruturais.
Que questões estruturais?
Um ponto é a poupança da família, que pode levar a uma propensão menor a consumir. É possível que esteja acontecendo algo semelhante ao que ocorreu nos EUA (depois da crise de 2008). Quando você tem um ciclo de expansão de renda e crédito muito acentuado, cria uma sensação de que o bem estar está garantido e facilita decisões de 'despoupança'. Na crise, a reação é retrair o gasto. Hoje o americano voltou a padrões de poupança que se via nos anos 90. Há duas hipóteses: uma explicação cíclica - quando o mercado de trabalho melhora, a pessoa poupa menos - ou pode haver um aprendizado. Nesse caso, quem levou um tombo, ficou inadimplente, vai ter um padrão de consumo mais prudente. É possível que isso esteja acontecendo. Tem também a questão dos juros mais baixos. A mudança (na política econômica desde 2016) pode indicar um novo equilíbrio macroeconômico, com juros de equilíbrio mais baixo. Com juro mais baixo, a política monetária estaria estimulando pouco (a economia). Nesse sentido, achamos que a Selic (a taxa básica de juros, hoje em 6,5%) pode cair para 5,5% até o fim do ano. Mas tem de esperar pelo menos a aprovação da reforma da Previdência na Câmara dos Deputados .
No fim do ano, o mercado e os economistas estavam bem mais otimistas. O risco político foi subdimensionado?
Acho que sim, mas isso não explica o erro todo do PIB. Nós tínhamos uma previsão de 2,7% (de crescimento para 2019) e agora caiu para 1%. É muita coisa para ser só incerteza política. Mas é verdade que houve otimismo dentro de uma percepção de que a aprovação da reforma da Previdência seria mais rápida. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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