Cara, crachá: o perfil dos 22 ministros do governo Bolsonaro
Apesar do desejo inicial de reduzir o número de ministérios para 15, o presidente eleito vai começar a gestão com 22 pastas, sete a menos do que a gestão do ex-presidente Michel Temer. Bolsonaro vai modificar também algumas competências das pastas
Depois de aproveitar o fim de ano e de acompanhar a posse, Brasília amanhece hoje com 22 ministros que tomam posse, além de vários outros secretários. Nas ruas longas da Esplanada, novos nomes surgem para ajudar o presidente eleito Bolsonaro a comandar o país pelos próximos quatro anos.
Apesar do desejo inicial de reduzir o número de ministérios para 15, o presidente eleito vai começar a gestão com 22 pastas, sete a menos do que a gestão do ex-presidente Michel Temer.
As mudanças não param por aí. Bolsonaro vai modificar também algumas competências das pastas. Por exemplo, retira a demarcação de terras indígenas da Funai e transfere para o Ministério da Agricultura. Mas, para entrar em vigor, as mudanças vão exigir a edição de uma série de atos normativos – que podem ser feitos por meio de Medidas Provisórias (MPs), decretos e portarias.
Como muita coisa mudou, o Seu Dinheiro preparou um guia com as principais mudanças e um miniperfil dos elegidos por Bolsonaro para ajudar a governar o país.
Tira e põe
Mesmo depois de toda a polêmica envolvendo a nomeação de alguns ministros, o presidente eleito vai começar o ano sem a pasta do Trabalho. No total, dos 22 ministérios, cinco são fruto de fusões feitas de ministérios da última gestão. Esse é o caso do Ministério da Economia, por exemplo, que é uma junção dos antigos Ministério da Fazenda; Planejamento e Indústria, Comércio Exterior e Serviços.
Pastas econômicas
Economia
No comando do Ministério da Economia está Paulo Guedes, o famoso Posto Ipiranga de Bolsonaro. O gestor é PhD em economia por Chicago, foi fundador do BTG Pactual e do Ibmec. Por conta de sua formação, o economista possui um perfil ultraliberal. A prioridade dele é reequilibrar as contas públicas e realizar as reformas estruturais necessárias para que o país volte a crescer. Ele é o principal articulador econômico do governo.
Banco Central
Para presidir o Banco Central, a escolha foi pelo nome de Roberto Campos Neto. Com mais de 18 anos de experiência no mercado financeiro, o especialista é formado em economia com ênfase em finanças, ambos pela Universidade da Califórnia. Ele buscará reduzir o spread bancário e manter a inflação dentro da meta. Além disso, vai brigar para que o Banco Central tenha autonomia.
Turismo
O coordenador de campanha de Bolsonaro em Minas Gerais, Marcelo Álvaro, será o ministro do Turismo. Integrante da bancada evangélica na Câmara, Álvaro possui como meta o aumento da participação do setor de Turismo na soma do PIB brasileiro.
Agricultura
A deputada federal Tereza Cristina será a manda-chuva da agricultura brasileira. Presidente da Frente Parlamentar da Agricultura e uma das principais articuladoras no Congresso da campanha de Bolsonaro à Presidência, ela pretende buscar novos mercados para os produtos brasileiros, expandindo o comércio exterior. Outras pautas também serão prioridade: a negociação do passivo do Funrural, a revisão do seguro rural e a questão fundiária brasileira.
Pastas de infraestrutura
Minas e Energia
O cargo será desempenhado pelo Almirante Bento Costa. Ele é integrante da Marinha há 45 anos e é próximo do General Augusto Heleno, que comandará o Gabinete de Segurança Institucional. O ministro é defensor da expansão do uso e da energia nuclear. Durante o governo, suas prioridades devem ser retomar as obras da Usina Nuclear de Angra 3, além de promover o leilão dos excedentes da cessão onerosa e solucionar a judicialização do setor elétrico.
Infraestrutura
Com experiência como consultor legislativo, o ministro Tarcísio Gomes de Freitas será o responsável por cuidar da pasta de infraestrutura. Ele tem uma formação em engenharia civil pelo Instituto Militar de Engenharia (IME) e pós-graduação em engenharia de transportes. Ele buscará intensificar parcerias com o setor privado e negociar a flexibilização de licenciamento ambiental.
Ciência e Tecnologia
Depois de ser o único brasileiro a embarcar em missões espaciais, a próxima tarefa do astronauta Marcos Pontes é comandar o ministério da Ciência e Tecnologia. Ele é tenente coronel da Aeronáutica. No governo, as prioridades do escolhido devem ser viabilizar recursos para o ministério e destravar possíveis parcerias entre empresas e universidades.
Meio Ambiente
Mesmo após muita polêmica, o nome de Ricardo Salles foi escolhido para a pasta do Meio Ambiente. Ele atuou como secretário de Meio Ambiente no governo de São Paulo. Ele é fundador e presidente do Movimento Endireita Brasil. Dentre as prioridades de sua gestão estão suspender o decreto de conversão de multas ambientais e dar celeridade às licenças ambientais.
Desenvolvimento Regional
De perfil técnico, o ministro do Desenvolvimento Regional será Gustavo Canuto. Ele foi chefe de gabinete do ex-ministro Helder Barbalho (MDB/PA). Ele teve forte atuação nas áreas de portos e aviação. As maiores prioridades do gestor devem ser unir políticas de desenvolvimento rural e urbano, além de promover as superintendências de desenvolvimento do Nordeste e da Amazonia.
Pastas mais ligadas ao Planalto
Casa Civil
Um dos fiéis escudeiros de Bolsonaro, o ex-deputado federal Onyx Lorenzoni, comandará a pasta da Casa Civil. Ele é veterinário de formação, mas entrou para a política como deputado em 2003. As principais prioridades serão a articulação com o Congresso para aprovar as reformas e promessas de campanha.
Secretaria Geral da Presidência
Depois de negociar a ida de Bolsonaro para o PSL, o advogado e ex-sócio do escritório de advocacia de Sérgio Bermudes, Gustavo Bebianno, assumirá a pasta da Secretaria Geral da Presidência. Mesmo sem ter uma agenda própria, ele deverá ter um papel próximo ao de um chefe do gabinete do presidente.
Gabinete de Segurança Institucional (GSI)
Após comandar a missão de paz no Haiti em 2004, o general de reserva do Exército Augusto Heleno é o novo responsável pelo Gabinete de Segurança Institucional. Ele é um dos homens de confiança de Bolsonaro e terá como prioridade o comando das atividades de inteligência do governo federal e a coordenação da política de segurança da informação.
Secretaria de Governo
Assim como Heleno, o escolhido para ocupar a Secretaria de Governo também comandou missões de paz no Haiti e no Congo. Depois de ser secretário de Segurança Pública, o General Santos Cruz terá como prioridade a articulação com governadores e prefeitos sobre concessões de infraestrutura via programas de parcerias de investimentos (PPI). Além disso, ele será responsável por cuidar dos contratos de publicidade e comunicação do governo.
Pasta mais institucionais
Justiça e Segurança Pública
Velho conhecido de quem acompanha a Operação Lava-jato, Sérgio Moro ocupará a pasta da Justiça. Ele é ex-juiz federal com mais de 20 anos de magistratura. Os maiores desafios que ele deve enfrentar estão relacionados ao combate à corrupção, revisão da prescrição de determinados crimes e o enfrentamento do crime organizado. Além disso, ele terá que estruturar as políticas de segurança pública junto com os Estados.
Relações Exteriores
Atuante na diplomacia brasileira há mais de 29 anos, o escolhido para presidir o ministério das Relações Exteriores é Ernesto Araújo. Ele possui a mesma linha ideológica que a dos filhos de Bolsonaro. O ministro será responsável por ampliar as relações com os norte-americanos e por rever a participação brasileira no Mercosul e em outros acordos multilaterais.
Controladoria Geral da União (CGU)
Com o perfil mais técnico, o responsável pela Controladoria Geral da União será Wagner Rosário. Ele é servidor de carreira há dez anos e é ex-oficial do Exército. O ministro possui boa relação com a Polícia Federal, Ministério Público Federal (MPF) e Advocacia Geral da União. Ele deverá ter como maiores desafios a conclusão dos acordos de leniência e a implementação de mecanismos que garantam melhor governança e eficiência no Governo Federal.
Advocacia Geral da União (AGU)
Servidor do órgão desde a sua criação em 2000, o escolhido para ocupar a pasta da Advocacia Geral da União é André Luiz Mendonça. Além de pastor evangélico, ele é especialista em estratégias de combate à corrupção. Dentre os maiores desafios estão a capacidade de negociar acordos de leniência.
Pastas com foco social
Saúde
As políticas de saúde do brasileiro serão conduzidas por um veterano de medicina e de política ao mesmo tempo. Luiz Mandetta é médico com especialização em ortopedia e atua na carreira pública desde 2005, quando foi nomeado secretário de Saúde de Campo Grande (MS). Como parlamentar, apresentou uma atuação focada na questão de saúde pública e fundou a Frente Parlamentar da Medicina. Como prioridade na sua gestão, o ministro pretende reformar o Mais Médicos, criar a carreira médica de Estado e digitalizar a gestão e os prontuários do SUS.
Educação
Uma das pastas historicamente mais disputadas da Esplanada, o Ministério da Educação será comandado pelo professor do Exército Ricardo Vélez. Com nenhuma experiência política, Vélez pretende descentralizar o sistema educacional com municípios e articular a implantação do projeto chamado “Escola sem Partido”, que gerou polêmicas e recentemente foi arquivado no Congresso Nacional.
Cidadania e Ação Social
O comandante dessa pasta, o médico Osmar Terra, faz parte da cota de ministros “reciclados” do governo Michel Temer. Ele comandava o extinto Ministério do Desenvolvimento Social. Para a próxima gestão, ele traçou como prioridade os incentivos às políticas sociais e a articulação para implantar novas políticas de esporte, cultura e drogas (com enfoque na primeira infância).
Mulher, Família e Direitos Humanos
A advogada e pastora evangélica Damares Alves será a responsável por questões delicadas envolvendo a sociedade brasileira, como direitos das mulheres e de minorias, como LGBT’s e indígenas. A ministra pretende propor uma agenda voltada para a primeira infância, além de coordenar ações de combate ao aborto, como o projeto que dá assistência financeira às mulheres vítimas de aborto e que engravidaram posteriormente.
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