Exterior testa otimismo com política em Brasília
Nova onda de aversão ao risco nos mercados internacionais testa otimismo dos negócios locais com melhora no cenário político em Brasília
A percepção de melhora no cenário político em Brasília resgatou a confiança do mercado financeiro na tramitação da agenda de reformas no Congresso, embalando os ativos domésticos. E esse sentimento tende a continuar hoje, mas o alerta no exterior com uma corrida em busca de segurança (fly to quality) pode testar esse otimismo.
Por aqui, o investidor está mais seguro de que os Três Poderes irão caminhar juntos, em direção a um bom final, capaz de ajudar o país na retomada econômica. A aprovação no Senado da redução do número de ministérios representou uma vitória do governo, apesar de o Ministério da Justiça ter perdido o Coaf, que foi transferido para a Pasta da Economia.
Agora, é preciso manter o foco na agenda reformista - que inclui não apenas as novas regras para aposentadoria, mas também mudanças no sistema tributário. O pacto entre os poderes, que deve ser assinado pelos presidentes do Legislativo, Executivo e Judiciário até o início do mês que vem, também deve concentrar esforços em outras frentes.
Resta saber se haverá tempo hábil - e votos necessários - para aprovar a reforma da Previdência na Câmara ainda neste semestre, bem como qual será a economia fiscal a ser gerada em dez anos pelo texto a ser aprovado no Congresso. Essas duas questões - timing e diluição - continuam sendo a principal dúvida dos investidores.
Daí então que fica a dúvida se o movimento visto no início desta semana, que deu continuidade à melhora dos negócios locais observada na semana passada, não seria ainda apenas uma correção dos exageros registrados em meados deste mês, quando o Ibovespa chegou a perder os 90 mil pontos e o dólar superou a barreira de R$ 4,10.
Até porque a recente (re)valorização da Bolsa, do real e a retirada de prêmios da curva de juros foi ditada pelos investidores locais. Os estrangeiros seguem de fora do rali doméstico e só devem aportar recursos maciços no mercado se a potência fiscal da Previdência ficar bem perto do R$ 1,2 trilhão almejado pela equipe econômica de Paulo Guedes.
Fly to Quality
Até porque, a evolução da guerra comercial entre Estados Unidos e China favorece mais a busca por proteção em ativos seguros, como o dólar e os títulos norte-americanos, do que a exposição ao risco de países emergentes. Ainda mais considerando-se a baixa atratividade dos juros brasileiros, que podem cair ainda mais, estimulando a atividade nacional.
No exterior, ao contrário, a queda no rendimento (yield) dos títulos norte-americanos (Treasuries) reflete mais um movimento de fuga para segurança (fly to quality) do que a necessidade de cortes adicionais nos juros dos EUA. Afinal, é evidente que a economia global está em desaceleração e a guerra comercial tende a acentuar essa trajetória.
A percepção de que o crescimento econômico está cada vez mais frágil se reflete no desempenho dos ativos globais, respingando na expectativa de lucro das empresas e na demanda por matérias-primas. Com isso, os índices futuros das bolsas de Nova York amanheceram em queda, mantendo o sinal negativo visto ontem na sessão regular.
Essas perdas em Wall Street penalizaram a sessão na Ásia - exceto em Xangai (+0,16%) - e prejudicam também a abertura do pregão na Europa, com a tensão entre Washington e Pequim não dando sinais de esfriamento. Pelo menos, os EUA decidiram não rotular a China como manipulador da moeda nacional, o que trouxe certo alívio, embora o país asiático esteja em uma lista que inclui outras oito nações.
Em outra frente, o governo chinês se prepara para “armar-se” das reservas de terras-raras (metais de difícil extração usados na indústria para a produção de diversos itens) como forma de retaliar os EUA. A China é o maior produtor mundial de terras-raras e fornece cerca de 80% das importações da commodity aos EUA.
Nos demais mercados, o juro projetado pelo título norte-americano de 10 anos (T-note) segue nos menores níveis desde 2017, diante das incertezas com o crescimento econômico no longo prazo. Os bônus soberanos no Japão também estão nas mínimas desde 2016, enquanto o yield do papel neozelandês renovou o piso histórico.
O dólar, por sua vez, se fortalece em relação às moedas rivais e correlacionadas às commodities, enquanto o petróleo tipo WTI se afasta cada vez mais da faixa de US$ 60. Já o ouro e o iene sobem, em mais um sinal de aversão ao risco, diante da baixa expectativa de uma rápida melhora nas perspectivas para o crescimento econômico global.
Agenda econômica segue fraca
A agenda econômica desta quarta-feira segue sem destaques. No Brasil, será conhecido mais um indicador sobre a confiança do empresariado em maio, desta vez, do setor de serviços (8h). Ainda pela manhã, saem o índice de preços ao produtor (9h) e a nota do Banco Central sobre as operações de crédito (10h30) - ambos referentes a abril.
Depois, o BC volta à cena para divulgar os números parciais deste mês sobre a entrada e saída de dólares do Brasil, às 12h30. Já no exterior, o calendário está esvaziado e não prevê a divulgação de indicadores econômicos relevantes no eixo EUA-Europa-Ásia.
Mercado se despede de 2019
Pregão espremido entre o fim de semana e as comemorações pela chegada de 2020 marca o fim dos negócios locais em 2019
A Bula da Semana: Adeus ano velho
Mercado doméstico se despede de 2019 hoje e inicia 2020 na quinta-feira repleto de expectativas positivas
Mercado testa fôlego na reta final de 2019
Ibovespa e Wall Street têm melhorado suas marcas nos últimos pregões do ano, diante do forte consumo na temporada de festas
Mercado se prepara para a chegada de 2020
Faltando apenas três pregões no mercado doméstico para o fim de 2019, investidores já se preparam para rebalanceamento de carteiras no início de 2020
Mercado à espera da folga de feriado
Pausa no mercado financeiro por causa das comemorações de Natal reduz a liquidez dos negócios globais
Então, é Natal
Pausa no mercado doméstico, amanhã e quarta-feira, por causa das festividades natalinas reduz a liquidez dos negócios ao longo da semana
Mercado se prepara para festas de fim de ano
Rali em Nova York e do Ibovespa antecede pausa para as festividades de Natal e ano-novo, que devem enxugar liquidez do mercado financeiro nos próximos dias
CPMF digital e impeachment agitam mercado
Declarações de Guedes embalaram Ibovespa ontem, mas criação de “CPMF digital” causa ruído, enquanto exterior digere aprovação de impeachment de Trump na Câmara
Mercado em pausa reavalia cenário
Agenda econômica fraca do dia abre espaço para investidor reavaliar cenário, após fim das incertezas sobre guerra comercial e Brexit
Mercado recebe ata do Copom, atento ao exterior
Ata do Copom, hoje, relatório trimestral de inflação e IPCA, no fim da semana, devem calibrar apostas sobre Selic e influenciar dólar e Ibovespa
Leia Também
-
Esquenta dos mercados: Bolsas internacionais sobem com balanços antes do PIB dos EUA e dados de inflação; Ibovespa acompanha reforma tributária no Congresso e resultados da Vale (VALE3)
-
Novo imposto do aço: Governo aumenta taxa para importação em meio a apelo das siderúrgicas. Vem impacto na inflação?
-
Novo Ozempic? “Cópia” da caneta emagrecedora será distribuída no Brasil por small cap que já disparou 225% — Ambev sofrerá?