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O julgamento de Bolsonaro e o xadrez eleitoral com Lula e Tarcísio: qual é o futuro do Brasil?

Cientista político Rafael Cortez, da Tendências Consultoria, em participação no Touros e Ursos

O tabuleiro eleitoral de 2026 começou a se movimentar antes da hora. O julgamento de Jair Bolsonaro (PL) no Supremo Tribunal Federal (STF), acusado de tentativa de golpe após as eleições de 2022, já era esperado, mas trouxe novos elementos ao jogo político.

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No podcast Touros e Ursos desta semana, Rafael Cortez, cientista político e sócio da Tendências Consultoria, fala sobre como a possível condenação do ex-presidente mexe com a política. Em sua visão, Tarcísio de Freitas (Republicanos/SP) se fortalece como possível candidato e pressiona Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a lidar com sua popularidade em queda.

Segundo Cortez, a conexão entre o julgamento e a relação Brasil-Estados Unidos acelerou a necessidade de a oposição ao governo definir logo um candidato elegível.

“Essa é a grande novidade da cena política brasileira. Não é apenas sobre Bolsonaro, mas sobre quem vai herdar o espaço dele”, diz. 

Herança do Bolsonaro? A posição de Tarcísio na corrida eleitoral

A condenação de Bolsonaro consolidou Tarcísio de Freitas como principal nome da oposição, segundo Cortez, mas o governador de São Paulo ainda enfrenta resistências dentro do bolsonarismo.

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“Tarcísio percebeu que o núcleo próximo do ex-presidente olha sua candidatura com desconfiança. Ele tenta superar isso radicalizando o discurso e defendendo a anistia”, explicou o cientista político.

Essa estratégia, no entanto, tem custo. Ao se aproximar demais do bolsonarismo, Tarcísio corre o risco de herdar também a alta rejeição do grupo. “O cálculo dele é mostrar lealdade agora para não parecer traidor depois. Mas, quanto mais ele se associa ao bolsonarismo, mais fica preso a esse imaginário, para o bem ou para o mal.”

Para Cortez, a grande dúvida está no eleitor que foge da polarização. “É esse grupo de 5% a 10% do eleitorado que pode decidir a eleição. Se Tarcísio conseguir dialogar além do bolsonarismo, ele vira um candidato muito competitivo.”

A máquina é suficiente? O cenário eleitoral para Lula

Do outro lado, Lula enfrenta dificuldades para transformar o bom momento econômico em apoio popular. “Inflação controlada é condição necessária, mas não suficiente”, disse Cortez.

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O cientista político lembrou que a vitória de 2022 foi marcada mais pelo anti-bolsonarismo do que pelo entusiasmo com Lula. “O Lula dos dois primeiros mandatos ficou para trás. A sociedade mudou, o eleitorado mudou, e o presidente não renovou sua narrativa.”

A idade também pesa no debate. Em 2026, Lula terá 81 anos. Ele já declarou que só disputará se estiver bem de saúde. Cortez avalia que, se o petista não concorrer, nomes como Geraldo Alckmin (PSB) podem ganhar força: 

“O Alckmin seria muito competitivo. Ele tem menos rejeição do que o Lula e conseguiria atrair o eleitor de centro”, avalia o cientista político. 

Ainda assim, Cortez ressalta que o favoritismo de Lula ou da oposição depende mais da rejeição do adversário do que da força própria. “O governo só precisa ter boa aprovação para vencer. A oposição precisa de duas coisas: governo rejeitado e um candidato competitivo.”

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Touros e Ursos da semana

No quadro Touros e Ursos — em que os “touros” são os destaques positivos e os “ursos” são os negativos —, Cortez escolheu Donald Trump como urso. Para ele, o presidente norte-americano colhe efeitos contrários da sua estratégia de tensionar instituições: “Ele fragiliza os EUA no cenário internacional.”

Outro nome político digno de urso nesta semana foi o de Javier Milei. O presidente argentino enfrenta escândalos de corrupção envolvendo sua irmã e se viu derrotado com uma queda de popularidade nas eleições da província de Buenos Aires. 

Já entre os touros, Cortez aproveitou para homenagear o piloto Gabriel Bortoleto, que estreou bem na Fórmula 1. Além disso, Cosan, Carlos Alcaraz e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) também foram citados. 

Veja detalhes dos Touros e Ursos e da análise sobre o cenário eleitoral no episódio completo:

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