Não é de hoje que o mercado financeiro aponta como pequenas as chances de o presidente Lula conseguir a reeleição nas eleições presidenciais de 2026. Mas agora a Mar Asset colocou esse desafio em números.
Com base nos dados de popularidade do presidente, a gestora carioca projeta um desempenho entre 38% e 45% dos votos para Lula no segundo turno. Ou seja, insuficiente para garantir a reeleição.
As estimativas fazem parte de um estudo que a Mar Asset publicou em uma carta aos investidores. Para a gestora, os fatores que elegeram o presidente em 2022 não devem se repetir no ano que vem.
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Lula tem o custo de governabilidade mais alto
O atual governo enfrenta o maior custo de governabilidade da história recente, de acordo com a Mar Asset. Para chegar a essa conclusão, a gestora relacionou o resultado das eleições municipais e legislativas com a posição do presidente.
“Lula foi eleito no segundo turno da disputa mais apertada da história brasileira, encontrando, ao tomar posse, o Congresso mais à direita desde a década de 1990”, escreve a gestora.
Em busca de governabilidade, o governo recorreu ao Judiciário, o que estressou ainda mais a relação com o Congresso. “Esse ambiente eleva os riscos para os ambientes político e econômico”, diz a carta.
O cenário para Lula nas eleições de 2026
A Mar Asset atribui a vitória de Lula em 2022 à elevada rejeição a Jair Bolsonaro, mesmo com o eleitorado votando majoritariamente em candidatos de direita para o Legislativo.
Com o ex-presidente inelegível, esse cenário tende a não se repetir em 2026. Além disso, a base evangélica, que representa cerca de 30% da população, mantém rejeição estável ao PT — e vem crescendo.
Em uma publicação anterior, a Mar Asset já havia chamado a atenção para a importância do crescimento do público evangélico na mudança do pêndulo político.
“Mesmo a ligeira melhora na avaliação do governo, após a implementação das tarifas pelos EUA, ficou concentrada no eleitorado não evangélico”, afirma a gestora. Já na Região Nordeste, reduto histórico do PT, o apoio a Lula parece ter atingido o teto, de acordo com a carta.
A saída para virar o jogo nas urnas no ano que vem está no que a gestora chama de swing voters. Entre eles, está a população de alta renda no Sudeste que votou em Lula em 2022 por considerar Bolsonaro um risco à democracia.
Selic em 7% se a centro-direita vencer?
A Mar Asset avalia que uma vitória de um nome de centro-direita como Tarcísio de Freitas pode levar ao maior realinhamento político desde Fernando Henrique Cardoso, com impacto direto na política econômica.
A expectativa é de retorno à dominância monetária, queda da Selic em torno de 7%, e retomada dos investimentos privados — o famoso crowding in.
Pautas antes consideradas tabu, como a desindexação da previdência ao salário mínimo e a privatização de estatais, poderiam ganhar tração com menor custo político, ainda de acordo com a gestora.
O que isso significa para os investidores?
Com esse cenário em mente, a Mar Asset mantém uma posição otimista em relação ao Brasil em seu portfólio, mesmo após o forte rali de 2025. A aposta é clara: se o cenário de realinhamento político se confirmar, os mercados podem reagir com força.
Neste ano, o principal fundo da gestora — que possui aproximadamente R$ 2 bilhões em recursos — registra rentabilidade de 17,26%, contra 8,72% do CDI, o indicador de referência.