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Uma mensagem dura para Milei: o que o resultado da eleição regional diz sobre os rumos da Argentina

Javier Milei, presidente da Argentina

Javier Milei, presidente da Argentina

Um ano e nove meses após conquistar a presidência da Argentina, Javier Milei digere a pior derrota de seu governo até agora. Os eleitores da província de Buenos Aires foram às urnas no domingo (7) para redefinir o Parlamento local, e o resultado foi um terremoto político para o partido A Liberdade Avança (LLA, na sigla em espanhol), de Milei.

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A oposição peronista conquistou a maioria por meio da coligação Força Pátria, garantindo 47% dos votos. Já a LLA contou com 34% dos votos na província.

Apesar de ser uma eleição legislativa local, ela serve de termômetro para o que está por vir na política argentina. Isso porque a província de Buenos Aires concentra cerca de 40% de todo o eleitorado do país.

Além disso, a votação testou a popularidade de Milei em meio a duras derrotas políticas e a um escândalo de corrupção envolvendo sua própria irmã. Após a polêmica, a popularidade de Milei caiu abaixo de 40% pela primeira vez desde que assumiu o cargo, em dezembro de 2023.

O resultado foi uma surpresa amarga para o político radical de direita. Embora a região seja considerada um reduto da centro-esquerda, as pesquisas de intenção de voto apontavam para um empate técnico entre peronistas e candidatos potencialmente ligados a Milei.

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Enquanto os mercados financeiros digerem os resultados — e o que ele significa para o atual governo —, as ações argentinas despencam nesta manhã. Por volta das 11h30, o principal índice da bolsa argentina, o Merval, registrava queda de 13,07%.

Já as ações negociadas na bolsa de Nova York também derretem. No mesmo horário, o índice ARGT, principal ETF argentino negociado em Wall Street, caía 10,42%, a US$ 71,50.

“Não recuaremos um milímetro”

Após a divulgação dos resultados, Milei subiu ao palco do comitê de campanha de seu partido, na cidade de La Plata, a 50 km de Buenos Aires. Durante o discurso, o presidente argentino admitiu uma “clara derrota” e defendeu a necessidade de uma “profunda autocrítica” em seu governo.

"Sofremos um revés e devemos aceitá-lo com responsabilidade", disse Milei aos apoiadores, segundo a AP News. “Se cometemos erros políticos, vamos internalizá-los, vamos processá-los e vamos modificar nossas ações”, continuou.

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Porém, Milei também atribuiu a responsabilidade ao peronismo, acusando-o de ter usado "seu aparato" para garantir a vitória. Ele ainda aproveitou para prometer que não apenas continuará com a reforma econômica de seu governo, como também pretende aprofundá-la.

“Não recuamos um milímetro na trajetória do governo. Não estamos dispostos a abrir mão de um modelo que pegou uma inflação de 300% e a elevou a 20%”, declarou Milei, segundo o jornal argentino Clarín.

Milei cara a cara com o “pato manco”

A eleição legislativa de Buenos Aires traz mais dores de cabeça do que uma possível derrota na corrida presidencial de 2027: a vitória peronista gera impactos na capacidade do governo de Milei em aprovar as pautas libertárias radicais e, assim, manter sua reforma econômica.

Atualmente, a gestão de Milei já sofre com uma minoria no Parlamento, enquanto o peronismo se coloca como maior bloco no Congresso argentino. A eleição deste domingo renovou 23 cadeiras no Senado e 46 na Câmara dos Deputados da Legislatura provincial.

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Vale lembrar que, às vésperas da disputa, o Senado deu o impulso final para a derrubada do veto presidencial a um projeto que aumenta gastos para pessoas com deficiência.

Agora, a Argentina passará por eleições nacionais de meio de mandato no mês que vem. Para que o cenário de crise se concretize e Milei fique cara a cara com a possibilidade de se tornar um “pato manco” — ou seja, um presidente que não consegue governar —, a vitória peronista terá que ser replicada no interior do país.

Na visão do presidente argentino, porém, o resultado da coligação Força Pátria atingiu o teto dos votos, enquanto a LLA atingiu o que considerou ser o piso.

*Com informações do Clarín, AP News e Reuters.

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