O presidente dos EUA, Donald Trump, pediu, nesta segunda-feira (15), para a Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC) acabar com a divulgação trimestral de balanços pelas empresas americanas.
Em vez disso, o republicano sugere que as empresas possam reportar os resultados de suas atividades a cada seis meses, isto é, de forma semestral. O pedido foi feito em sua rede social, a Truth Social.
“Isso vai economizar dinheiro e permitir que os gestores se concentrem em administrar corretamente suas empresas. Você já ouviu aquela frase ‘A China tem uma visão de 50 a 100 anos para a gestão de uma empresa, enquanto nós administramos nossas companhias com foco trimestral’? Nada bom”, afirmou Trump na postagem.
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A defesa da mudança não é inédita: em 2018, durante sua primeira administração, Trump já havia defendido o mesmo modelo, com os mesmos argumentos.
As regras federais de valores mobiliários exigem relatórios trimestrais desde 1970, quando a SEC passou a demandá-los como parte da formalização das práticas das bolsas de valores que antecederam a criação da autarquia em 1934. Mesmo com os pedidos de Trump, no entanto, até hoje não houve mudanças na periodicidade de divulgação de resultados.
Trump não está sozinho
A proposta tem outros defensores de peso. Em 2018, Jamie Dimon, CEO do JP Morgan, e o lendário investidor Warren Buffett assinaram juntos um artigo no The Wall Street Journal defendendo o fim da divulgação trimestral.
“Em nossa experiência, projeções trimestrais de lucro frequentemente levam a um foco prejudicial nos lucros de curto prazo, em detrimento da estratégia, do crescimento e da sustentabilidade de longo prazo”, escreveram.
Segundo eles, muitas companhias deixam de investir em tecnologia, contratações e pesquisa para atender às metas trimestrais, afetadas por fatores fora do controle da gestão.
Para ambos, o ideal é que as empresas definam objetivos estratégicos claros, com métricas que permitam avaliação ao longo do tempo, mas em cronogramas adequados à realidade de cada companhia e de seus investidores.
A Long-Term Stock Exchange, plataforma de negociação de ações para empresas focadas em objetivos de longo prazo, também quer acabar com as divulgações trimestrais.
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Em entrevista para o The Wall Street Journal, Bill Harts, presidente-executivo da bolsa, afirmou que planeja fazer uma petição à SEC para eliminar a exigência atual e, em vez disso, dar às empresas a opção de compartilhar os resultados duas vezes por ano.
Para o executivo da LTSE, a proposta economizaria milhões de dólares para as companhias e permitiria o foco em seus objetivos de longo prazo, em detrimento das metas trimestrais ou da preparação para teleconferências de resultados.
“Ouvimos muito sobre como é excessivamente oneroso ser uma empresa de capital aberto. Esta é uma ideia cuja hora chegou”, disse Harts ao WSJ.
Sua proposta se aplicaria a todas as empresas de capital aberto dos EUA, não apenas às poucas listadas em sua bolsa, e poderia reavivar o número de empresas públicas.
O número de empresas de capital aberto nos EUA era de aproximadamente 3.700 no final de junho deste ano. Isso representa uma queda de cerca de 17% em relação a 2022, de acordo com o Centro de Pesquisa em Preços de Valores Mobiliários da Universidade de Chicago.