Donald Trump nunca escondeu que conta os dias para a saída de Jerome Powell da presidência do Federal Reserve (Fed) — que deve acontecer em maio de 2026 — e já está analisando currículos para decidir quem vai ocupar o comando do banco central dos EUA.
Até então, o presidente norte-americano tinha um favorito para ocupar o cargo: Scott Bessent. Porém, o republicano teve que tirar o currículo do secretário do Tesouro dos EUA da mesa. Isso porque ele indicou que não quer participar da disputa.
“Eu adoro o Scott, mas ele quer ficar onde está. Estou tirando ele [dos nomes cogitados para o cargo], porque, ontem à noite, eu perguntei se havia algo que ele queria, e ele respondeu: ‘Não, quero ficar onde estou’”, disse o Trump em entrevista nesta terça-feira (5).
Apesar da saída do favorito da disputa pelo comando do banco central, o presidente norte-americano já tem outros candidatos em mente. Segundo o republicano, Kevin Warsh, ex-diretor do Fed; e Kevin Hasset, diretor do Conselho Econômico dos EUA, são nomes “muito bons para o Fed”.
Além disso, Trump afirmou que outros dois candidatos estão sendo considerados, mas não revelou quem mais estaria disputando a vaga.
A metralhadora de Trump contra Powell
Trump indicou Powell ao comando do Fed ainda durante o seu primeiro mandato, mas não demorou muito para que a relação dos dois azedasse por conta da defesa do presidente norte-americano por juros mais baixos nos EUA.
Antes mesmo de o republicano voltar à Casa Branca, em janeiro deste ano, ele já criticava o banco central pela condução da política monetária. Atualmente, os juros por lá estão sendo mantidos na faixa entre 4,25% e 4,50% ao ano.
Mas Powell e os dirigentes vem resistindo à pressão — que não é pouca e envolve ofensas públicas e ameaças de demissão do chefe do BC dos EUA. “Senhor atrasado demais”, “idiota”, “não sabe o que está fazendo” são apenas algumas das polêmicas declarações de Trump contra Powell.
Trump conta nos dedos o dia da saída de Powell
O mandato de Powell acaba em maio de 2026, período em que, finalmente, Trump vai poder substituir o presidente do Fed por alguém mais alinhado com o que pensa sobre a política monetária norte-americana.
Uma brecha para isso acontecer se abriu na semana passada, quando Adriana Kugler renunciou ao cargo de diretora do banco central norte-americano.
Durante a entrevista nesta terça-feira (5), Trump comentou a renúncia de Kugler, afirmando que a saída da diretora “foi uma surpresa muito agradável”. Ela alegou motivos pessoais para sair do cargo.
Em declarações à imprensa, o republicano disse que vai anunciar um nome para ocupar o cargo da diretora “muito em breve”.
Segundo Mohamed El-Erian, um dos economistas mais renomados do mundo, a saída de Kugler é uma chance para Trump colocar o que chamou de “presidente-sombra” no Fed — alguém que não comanda o banco central oficialmente, mas que, na prática, é quem vai conduzir a política monetária daqui para frente.
Uma demissão, mas não no Fed
Se Trump vai ou não demitir Powell do cargo, ainda não está claro, mas o republicano relembrou seus tempos de apresentador de “O Aprendiz” e, na semana passada, despediu a chefe do Departamento de Estatísticas do Trabalho (BLS, na sigla em inglês), Erika McEntarfer.
A demissão ocorreu por conta de uma revisão polêmica nos dados de emprego de julho. O famoso payroll, divulgado na sexta-feira (1), mostrou que a economia dos EUA criou 73.000 vagas, bem abaixo da estimativa de consenso de economistas consultados pela Dow Jones, que previa uma abertura de 100.000 postos de trabalho.
Só que o relatório também trouxe revisões significativas dos meses anteriores. Segundo os novos dados, a criação de empregos em junho totalizou apenas 14.000 ante 147.000. A contagem de maio caiu de 125.000 para 19.000.
Durante a entrevista desta terça-feira, Trump voltou a colocar o BLS sob sua mira. Ele afirmou que o órgão é “antiquado e muito político” e insinuou sobre a mudança nos dados de trabalho antes e depois da sua eleição.
“Anunciaram números fenomenais de trabalho antes das eleições e, depois que eu fui eleito, realizaram revisões para baixo nos dados. Falar que os números não são políticos? Dá um tempo”, disse.
*Com informações da CNN News e do Estadão Conteúdo.