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Ato simbólico ou um aviso ao mundo? O que está por trás do ‘Departamento de Guerra’ de Donald Trump

Silhueta de Donald Trump pegando fogo com bandeira dos EUA no fundo.

Se Donald Trump ainda alimentava alguma espécie de aura de "pacificador" entre seus apoiadores, ela perdeu um pouco de resplendor na noite de sexta-feira (5). Em mais um sinal de volta ao passado, o presidente dos Estados Unidos resolveu "rebatizar" o Pentágono. Em um ordem executiva assinada ontem à noite, Trump determinou que o Departamento de Defesa volte a se chamar Departamento de Guerra.

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Inicialmente, o Pentágono ostentará o novo nome como um "título secundário". Isso porque o governo ainda precisa da aprovação do Congresso para tornar a mudança permanente.

Ainda não há uma estimativa de custo do rebranding do Pentágono. No entanto, a mídia norte-americana estima que o preço poderia chegar à casa do bilhão de dólares.

Só a troca das placas do departamento governamental em milhares de instalações nos EUA e em dezenas de países ao redor do mundo custaria muitos milhões de dólares. Isso sem levar em consideração uniformes e outros materiais.

O fato é que, por meio do decreto, Trump dá mais um passo no estabelecimento de uma velha nova ordem mundial.

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Se com a guerra comercial, a Casa Branca parece buscar uma reorganização global em torno de uma ordem pré-capitalista, o restabelecimento do "Departamento de Guerra" é um passo de volta ao entreguerras.

Uma viagem ao passado

O nome original remonta ao rescaldo da Independência dos EUA. O Departamento de Guerra surgiu em 1789, já com status ministerial. A troca do nome ocorreu na esteira do fim da Segunda Guerra Mundial.

Em 1949, o nome foi oficialmente alterado para "Departamento de Defesa".

A mudança coincidiu com a reorganização dos sistemas militares e da consolidação do Pentágono como sede do poder militar norte-americano.

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"As missões militares devem ser direcionadas não à guerra, não à conquista, mas à paz", argumentou o então presidente Harry Truman em 1947 ao defender a mudança de nome do Departamento de Guerra perante o Congresso.

Para muitos analistas, porém, isso nunca parou de retórica.

O constante envolvimento dos EUA em guerras e intervenções militares ao redor do mundo nas últimas décadas deixa pouco espaço para constestação.

De qualquer modo, no que depender de Trump, a retórica pacifista do pós-guerra acabou.

Ele considera que o termo "defesa" soa "passivo demais" para uma estrutura que também deve assumir postura ofensiva. O objetivo é "projetar força e determinação".

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Ainda segundo o atual presidente norte-americano, a mudança para Departamento de Guerra refletiria melhor a natureza do braço do governo norte-americano.

Trump já vem chamando seu secretário de defesa, Pete Hegseth, de "secretário de guerra", reforçando seu posicionamento de que o órgão deve adotar uma postura mais agressiva e ativa no cenário internacional.

O significado da decisão de Trump

O fato é que o esforço de Donald Trump para renomear o Departamento de Defesa vai além de uma escolha subjetiva de palavras.

A mudança de nome explicita uma histórica incompatibilidade entre palavras e ações do próprio Trump e de muitos de seus predecessores quando o assunto é guerra e paz.

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Além disso, assim como ocorreu com o tarifaço, Trump impõe um novo desafio à ordem internacional estabelecida após a Segunda Guerra Mundial.

Tudo isso em um momento no qual o nome de Donald Trump figura em diferentes bolsas de apostas como um dos favoritos ao Prêmio Nobel da Paz de 2025, que será conhecido em outubro.

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