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Trump: uma guerra começa quando outra parece perto do fim

Donald Trump, presidente dos Estados Unidos (EUA).

Donald Trump

O Carnaval talvez ajude a adiar os problemas, mas não os resolve. Nesta Quarta-Feira de Cinzas, à medida que as baterias das escolas de samba se calam, os tambores da guerra voltam a se fazer ouvir — junto com a voz de Donald Trump.

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Em sessão conjunta do Congresso na noite de terça-feira (4), o presidente norte-americano discursou como se ainda estivesse em campanha eleitoral.

Arvorou-se de “inaugurar a maior e mais bem sucedida era da história” dos Estados Unidos com ações “rápidas e implacáveis”.

Prometeu construir um “domo dourado” para proteger o território dos EUA. “Agora temos a tecnologia para fazê-lo”, afirmou.

Disse ainda que seu governo pretende "criar um departamento para construir navios nos Estados Unidos” e "recuperar o Canal do Panamá”.

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Acrescentou que a Groenlândia é “necessária para a segurança dos Estados Unidos” e que assumirá o território dinamarquês "de uma forma ou de outra".

“Realizamos mais em 43 dias do que a maioria das administrações realiza em quatro ou oito anos. E estamos apenas começando”, disse Trump.

A guerra comercial de Trump

Autocelebrações à parte, o que teve início de fato na terça-feira foi a guerra comercial de Trump contra o mundo.

O discurso ocorreu horas depois da entrada em vigor das sobretaxas de 25% impostas ao México e ao Canadá.

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Perante os deputados e senadores, Trump citou ainda o Brasil, a China e a União Europeia entre os entes que "cobram tarifas injustas" sobre produtos norte-americanos.

Os governos de México e Canadá anunciaram retaliações imediatamente.

Logo em seguida, mais um capítulo do morde-assopra que vem marcando o início do segundo governo Trump.

O secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, disse que seu chefe “provavelmente” anunciaria hoje um acordo para reduzir as sobretaxas impostas aos vizinhos.

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A guerra real de Trump

Enquanto a guerra comercial segue ainda em seus primeiros lances, uma outra guerra parece próxima de um desfecho. Ou não.

Durante o fim de semana, depois de esculachar Volodymyr Zelensky em pleno Salão Oval da Casa Branca, Trump suspendeu a ajuda militar norte-americana à Ucrânia.

Ontem, ele disse ter recebido uma carta do presidente ucraniano dizendo-se “pronto para negociar o fim do conflito”.

Segundo Trump, a Rússia também quer acabar com a guerra.

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“Tivemos conversas sérias com a Rússia e recebemos fortes sinais de que eles estão prontos para a paz”, disse Trump.

Tudo sob sua “forte liderança”, enfatizou.

“Não seria lindo?”

Seria. Principalmente se a Europa não estivesse se rearmando.

Na terça-feira, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, apresentou um plano que inclui a mobilização de 800 bilhões de euros (R$ 4,9 trilhões) para reforçar a segurança do bloco diante do desengajamento militar dos EUA.

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Diante do anúncio, observadores mostraram-se incomodados com uma coincidência: o rearmamento das potências europeias foi central para a eclosão tanto da Primeira quanto da Segunda Guerra Mundial.

Soma-se a isso o fato de a guerra ser mais uma regra do que uma exceção para norte-americanos e europeus.

Na Europa, ao longo do último milênio, o máximo que o continente experimentou de paz ininterrupta não chegou a meio século — entre o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, e os conflitos que levaram à dissolução da Iugoslávia, nos anos 1990.

Do outro lado do Atlântico Norte, nos quase 250 anos entre a Declaração de Independência dos Estados Unidos (1776) e o início da pandemia de coronavírus (2020), o país gozou de modestos 17 anos de paz. Intercalados.

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