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China já sabe como se livrar da dependência do dólar e estratégia está em ação há anos, mas se intensificou com a volta do Trump à Casa Branca

Imagem com bandeira da China e montagem representando a economia do país

China

O ouro, metal que já foi a base de moedas e símbolo de segurança, está com força total. E a China é protagonista dessa história. 

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Dados recentes mostram que o Gigante Asiático vem comprando volumes significativos de ouro há alguns anos, e este movimento se intensificou em 2025.

A febre por ouro começou a ficar mais visível em 2022, quando bancos centrais ao redor do mundo passaram a estocar o metal precioso em quantidades que não se viam desde os anos 1960, período em que o ouro ainda era lastro para o dólar. 

Em 2022, 2023 e 2024, as compras anuais conjuntas dos bancos centrais ultrapassaram mil toneladas, o dobro da média da década anterior, de 487 toneladas por ano. 

E a China liderou essas compras. Apenas o banco central chinês, o PBoC (Banco Popular da China), abocanhou 225 toneladas em 2023 — a maior compra em um único ano desde 1977. 

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Um ano depois, em 2024, a China também foi a principal compradora, com 225 toneladas. E essa tendência segue firme em 2025, conforme dados de 16 de julho do World Gold Council

Somente no primeiro semestre do ano, o PBoC adicionou 19 toneladas às suas reservas oficiais, que agora somam 2.299 toneladas. Esse é o oitavo mês consecutivo de aumento nas reservas de ouro chinesas.

Mais ouro, menos dólar 

Mas, por que essa corrida da China pelo ouro? 

A razão principal seria a busca do país asiático para reduzir sua dependência do dólar americano, segundo análise da corretora Money Metals. 

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O país tem diminuído sua fatia em títulos do Tesouro dos EUA: dez anos atrás, a China detinha US$ 1,3 trilhão de Treasurys, e fechou 2023 com US$ 816 bilhões, um recuo de 25% do total de suas reservas internacionais. 

Jan Nieuwenhuijs, analista de ouro da Money Metals, pondera que a Rússia serviu de lição para Pequim. Grande parte das reservas em dólar e outras moedas fortes do país comandado por Vladimir Putin foram bloqueadas em 2022, após a declaração de guerra contra a Ucrânia. 

Ao ter mais ouro, a China quer ter mais controle sobre seus ativos e se proteger de possíveis sanções norte-americanas. 

E este foi um movimento global. O ouro agora compõe 20% das reservas dos bancos centrais globais, superando o euro (16%) e ficando atrás apenas do dólar (46%).

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China vai alimentar a valorização do ouro?

Mesmo após compras volumosas, a participação do ouro nas reservas totais da China ainda é relativamente baixa. Em dezembro de 2024, era de 5,5% e subiu para 6,7% em junho de 2025, segundo o World Gold Council

Compare isso com a Alemanha (30%) ou os próprios Estados Unidos (95%) e fica claro que, se a China continuar nessa direção, a demanda por ouro pode se manter forte por muito tempo.

Até porque o interesse no ouro vai além do governo chinês. O primeiro semestre de 2025 registrou o maior fluxo semestral de todos os tempos em ETFs de ouro chineses adquiridos por investidores. O acréscimo foi de US$ 8,8 bilhões. 

Os volumes de negociação de futuros de ouro na Shanghai Futures Exchange também dispararam. Tanto o Índice de Preço do Ouro da LBMA, em dólar, quanto o Índice de Preço do Ouro de Shanghai, em renminbi, tiveram seus melhores desempenhos no primeiro semestre em nove anos, de 23% e 21%, respectivamente.

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Os dados também são do World Gold Council e mostram que, em meio a incertezas econômicas globais — com tarifaço do Trump — e o desempenho fraco de ativos domésticos, investidores individuais também buscam o ouro como refúgio e diversificação. 

A China, com sua estratégia de acumular ouro, reforça a importância desse metal no cenário financeiro global, sinalizando uma retomada de relevância para o metal — sempre — precioso.  

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