O Dia das Bruxas, comemorado em 31 de outubro, ainda está longe, mas algumas empresas já vivem suas próprias histórias de terror. É o caso da WEG (WEGE3), que acumula queda de 32% em 2025, mesmo com o Ibovespa subindo mais de 20%.
A companhia, porém, é uma das queridinhas na bolsa. Suas ações dispararam 22.000% desde o início do século. Essa valorização fez com que 29 dos controladores entrassem na lista de bilionários da Forbes, o que rendeu à companhia o apelido de "fábrica de bilionários".
A dúvida que surge é se esse tombo representa uma oportunidade de entrada em uma empresa vista como sólida ou se os tempos áureos da WEG ficaram para trás.
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É hora de entrar na ‘casa mal-assombrada’?
De acordo com analistas, mesmo com a desvalorização dos papéis, não compensa comprar agora, por causa dos riscos que a companhia enfrenta.
Nesta semana, ao menos três corretoras revisaram para baixo suas apostas para a ação:
- Bradesco BBI diminuiu o preço-alvo, antes de R$ 50, para R$ 44. A recomendação é neutra;
- Citi reduziu o preço-alvo de R$ 53 para R$ 40 e rebaixou a indicação de compra para neutra; e
- Itaú BBA cortou o preço-alvo de R$ 65 para R$ 54, mas, nesse caso, a recomendação é de compra.
“O potencial de valorização baseado no fluxo de caixa descontado (DCF) é positivo”, dizem os analistas do Bradesco BBI. “Mas acreditamos que as ações podem continuar sem impulso no curto prazo, visto que os próximos resultados trimestrais provavelmente serão fracos.”
Segundo cálculos do banco, o P/L (preço sobre lucro) da WEG está em 24 vezes para 2025 e 23 vezes para 2026 — um desconto de 10% frente aos pares globais. O problema é que o crescimento atual da receita está abaixo da maioria dos concorrentes, que negociam a múltiplos mais altos.
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Fantasmas do cenário atual
A lista do que tem impedido a volta do avanço da WEG na bolsa é longa. Apesar de reconhecer que a empresa tem poder de precificação em mercados estratégicos, como rede elétrica dos EUA e data centers, o Citi destaca os seguintes obstáculos:
- Piora no segmento de motores elétricos de ciclo curto;
- Impacto da tarifa de 50% sobre importações de alumínio e aço nos EUA;
- Demanda global mais fraca; e
- Real forte, que pode afetar negativamente o crescimento da receita, causando um recuo de 1%.
Para o Itaú BBA, há mais fatores macroeconômicos que aterrorizam a companhia, como o fraco momentum operacional, o câmbio e o efeito da base de comparação, já que no ano passado o dólar estava em R$ 5,85 e hoje gira em torno de R$ 5,30.
No final do labirinto
Segundo o Itaú BBA, a WEG deve absorver parte do aumento tarifário dos EUA enquanto transfere parte da produção da China para o México — e esse processo gera custos adicionais.
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Já o Citi estima que o crescimento volte a dois dígitos apenas no terceiro semestre de 2026 (3T26).
Na rentabilidade, o Itaú BBA projeta uma queda de 50 pontos-base no Ebitda do terceiro semestre de 2025 (3T25), para 21,6%, e uma redução de 70 pontos-base no ano fiscal, com 30% desse efeito já no terceiro trimestre.
Dia do investidor da WEG não é exorcista
No dia 3 deste mês, em meio a esse cenário travesso, será realizado o Investor Day da WEG. Apesar das altas expectativas para o evento, o Itaú não espera que os investidores saiam mais otimistas no curto prazo. “O mais provável é que seja o oposto, pelo menos desta vez”, avaliam.
O Bradesco BBI também não prevê guidance formal ou sinais de forte desempenho imediato.
“A administração da WEG deve focar em mostrar otimismo em relação às oportunidades de longo prazo e explicar como está se posicionando para capturá-las”, conclui o relatório.