A uma semana do início da cobrança de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros pelos Estados Unidos, a WEG (WEGE3) já começa a traçar planos de contingência para preservar a presença no mercado norte-americano.
Durante a teleconferência de resultados do segundo trimestre de 2025 (2T25), realizada nesta quinta-feira (24), o diretor administrativo financeiro da companhia, André Rodrigues, admitiu que o cenário atual preocupa. Mas não chega a pegar a empresa desprevenida.
“A gente pode realocar nossas rotas de exportação. Podemos usar o Brasil para atender à demanda do México e da Índia, e usar a produção desses países para atender ao mercado norte-americano”, afirmou o executivo.
- SAIBA MAIS: Investir com inteligência começa com boa informação: Veja as recomendações do BTG Pactual liberadas gratuitamente pelo Seu Dinheiro
No entanto, Rodrigues reconheceu que a execução da estratégia pode levar alguns meses, mas destacou que a companhia já conta com a flexibilidade necessária para fazer o redirecionamento.
A expectativa, segundo ele, é que, uma vez concluída a mudança, a WEG consiga mitigar a maior parte dos impactos causados pela tarifa prevista pelo governo Trump.
Impacto bilionário à vista
O peso do tarifaço nas contas da WEG não será pequeno.
De acordo com relatório divulgado pelo BTG Pactual, a estimativa é que a empresa exporte até R$ 2 bilhões em motores de baixa tensão do Brasil para os EUA. Se o imposto sair mesmo de 10% para 50%, o custo adicional pode chegar a R$ 809 milhões por ano.
Nesse cenário, a WEG considera acelerar o uso das fábricas da Marathon — adquirida nos EUA — e ampliar a produção no México, que tem acordo comercial com os norte-americanos via USMCA (antigo Nafta).
O desafio, segundo o banco, é que essas plantas ainda não têm escala suficiente para compensar a operação brasileira no curto prazo.
Além disso, a concorrência também é um sinal de alerta. O relatório destaca que a ABB, rival direta da WEG, conta com mais conteúdo local nos EUA e deve sofrer menos pressão de custo.
Mais risco no radar
O BTG ainda chama atenção para o fator tempo: apesar das movimentações diplomáticas recentes, o cenário político segue deteriorado, e a tarifa de 50% pode mesmo virar realidade no mês de agosto.
O próprio governo brasileiro, diz o banco, já cogita medidas emergenciais para proteger as empresas afetadas, incluindo linhas de crédito especiais e outros apoios ainda indefinidos.
Enquanto isso, a WEG segue tentando se adaptar. Com presença industrial global, a companhia tem ao menos a vantagem de poder redistribuir a produção e ganhar tempo até que o impasse seja resolvido. Mas o relógio já começou a correr.