Ontem, a Veste S.A. Estilo (VSTE3) reagiu como quem vê seu nome no Diário Oficial e pensa: “deve ser engano”. Disse que não era parte de nenhum acordo, que não tinha conhecimento de qualquer negociação e que não havia sido formalmente comunicada sobre a compra de suas ações pelo BTG Pactual (BPAC11).
Hoje, o tom é outro. Em fato relevante divulgado nesta sexta-feira (8), a dona das marcas Le Lis Blanc, Dudalina, John John e Rosa Chá afirmou que, “no final do dia 7 de agosto”, recebeu a notificação que faltava: o BTG comprou 21,7 milhões de ações ordinárias, o equivalente a 18,99% do capital social, elevando sua fatia para 19,03%. A operação já foi concluída com a transferência dos papéis.
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Mas a investida pode ir além: o comunicado ainda informa que o BTG também assinou um contrato que lhe dá a opção de adquirir mais 55,35 milhões de ações — 48,41% do capital —, desde que conclua uma due diligence, obtenha aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e, claro, decida seguir em frente. Se a segunda etapa se concretizar, o banco passará a ter o controle da companhia.
Da negação ao reconhecimento
O contraste entre o fato relevante de ontem e o de hoje chama atenção. Primeiro, a Veste disse não saber de nada sobre a operação que já tramitava no Cade. Agora, confirma que o banco não só está no capital como tem um caminho aberto para assumir o comando.
No mesmo dia em que recebeu o comunicado do BTG, a companhia também registrou a saída de dois investidores relevantes: Trustee DTVM e WNT Gestora de Recursos venderam suas participações, movimento que coincide com a entrada do banco.
O guarda-roupa da Veste
Com presença consolidada no segmento de moda premium, a Veste nasceu da união de marcas icônicas. A Le Lis Blanc é referência em vestuário e acessórios femininos sofisticados; a Dudalina construiu fama no mercado de camisas sociais e casuais; e John John e Rosa Chá completam o portfólio com apelo mais jovem e urbano.
A companhia aposta em expansão física e digital para manter o crescimento, focando no público de maior poder aquisitivo.
O apetite do BTG
O BTG Pactual é conhecido por movimentos estratégicos em empresas de diferentes setores, do varejo à infraestrutura, passando pelo agronegócio. Em muitos casos, entra para apoiar reestruturações, financiar crescimento e assumir posições relevantes de governança.
Com quase 20% da Veste no bolso e a possibilidade de levar o controle, o banco dá um passo calculado no mercado de moda premium brasileiro e, desta vez, ninguém poderá dizer que não foi avisado.