A bonança depois da tormenta pode estar chegando para a Intelbras (INTB3). Pelo menos essa é a expectativa do Santander, que elevou a recomendação para as ações para compra.
O banco também revisou para cima o preço-alvo para os papéis, de R$ 17 para R$ 23, o que representa uma alta de quase 60% ante ao fechamento da última sexta-feira (18).
“Após um período de forte volatilidade causado por problemas na produção relacionados à troca do sistema ERP [Planejamento de Recursos Empresariais, na sigla em inglês], acreditamos que é hora de adotar uma postura mais otimista em relação à INTB3”, escreveram os analistas da casa em relatório.
No entanto, o banco reduziu as projeções para a receita líquida, Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) e lucro líquido para 2026. Os cortes foram de 10%, 4% e 11%, respectivamente, refletindo principalmente expectativas mais fracas para os segmentos de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) e Energia.
“Projetamos receita líquida de R$ 5,5 bilhões, Ebitda de R$ 734 milhões (margem de 13,4%) e lucro líquido de R$ 625 milhões em 2026.”, destacou o time de análise.
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Intelbras: o pior ficou para trás?
Na visão do Santander, o primeiro trimestre de 2025 marcou um dos momentos mais fracos da história recente da companhia, levando a uma mínima na confiança dos investidores.
A companhia reportou resultados fracos no período, impactada negativamente por problemas na implementação do novo ERP, que é um sistema integrado que gerencia diferentes áreas de uma empresa — como estoque, finanças, compras, vendas, logística e produção.
As falhas enfrentadas pela Intelbras nesse processo fizeram com que a área industrial da empresa ficasse indisponível ou com limitação de produção, afetando todos os segmentos da companhia devido à falta de produtos acabados.
No entanto, a partir de agora os analistas do Santander acreditam que os trimestres serão mais limpos, com melhora gradual abrindo caminho para a retomada da “fórmula de sucesso já comprovada da empresa”.
Além disso, os analistas enfatizam que após vários trimestres pressionada por questões relacionadas ao capital de giro, a projeção é que o segundo trimestre marque um ponto de inflexão, com a Intelbras retomando sua forte conversão de caixa histórica.
“A ausência de geração de caixa foi uma das principais críticas dos investidores nos trimestres recentes. Com a normalização das operações, estimamos um retorno atrativo, com free cash flow yield (rendimento do fluxo de caixa livre) de 12% para 2026”, diz o relatório.
Outro fator que conta em favor da companhia na visão da equipe do banco é que as ações estão sendo negociadas a um valor atrativo, abaixo da média dos concorrentes: 7,6 vezes o preço sobre o lucro (P/L) e um rendimento de fluxo de caixa livre (FCF yield) de 12% para 2026.
O que esperar da empresa agora?
Apesar do início de ano decepcionante, o banco espera que o segmento de segurança se recupere e encerre 2025 com um crescimento de receita de 10% na comparação anual.
“Acreditamos que os fortes laços da Intelbras com a rede de distribuição ajudarão a compensar a maior parte da queda registrada nos primeiros três meses de 2025 ao longo dos trimestres seguintes. Olhando adiante, vemos o segmento retornando à orientação informal da gestão, de crescimento equivalente à inflação mais 8% a 9%”, destaca o relatório.
Do lado da rentabilidade, a expectativa é de que o primeiro trimestre de 2025 marque o ponto mais baixo da margem bruta, em 33,3%, com melhora gradual ao longo do ano até atingir 34,3% no consolidado de 2025 — estabilizando-se na faixa de 35% a 35,5% nos anos seguintes.
Para o segmento de TIC, a projeção é de um crescimento em linha com a inflação em 2025. A Intelbras não deve recuperar uma parte significativa das vendas perdidas nesse segmento nos primeiros três meses do ano.
Além disso, para os analistas, as interrupções no fornecimento levaram alguns clientes — especialmente provedores de internet (ISPs) — a migrarem para concorrentes
“Embora vejamos potencial para a empresa recuperar participação de mercado no médio prazo, mantemos uma postura cautelosa no curto prazo. Para 2026, projetamos uma aceleração no crescimento da receita, para 10%, apoiada por uma base de comparação mais fraca no primeiro trimestre e pela ausência desse impacto nos resultados do ano cheio”, diz o relatório.
Em termos de margem bruta, projetamos que o segmento encerre 2025 em 26,5%, estabilizando-se na faixa de 27% a 27,5% nos anos seguintes.
Para o braço de energia, o esperado é uma queda de 10% na receita em 2025, principalmente devido à pressão na vertical de Projetos Solares, que representou cerca de 15% da receita do segmento em 2024, mas que agora enfrenta uma concorrência intensa.
O Santander espera que essa categoria encolha para representar uma fatia de apenas um dígito baixo na receita do segmento.
“Olhando adiante, projetamos que o segmento cresça 6% ao ano, combinando uma expansão modesta em equipamentos de energia solar com um forte crescimento em nobreaks, baterias e outras tecnologias relacionadas. Em relação à margem bruta, esperamos que o segmento mantenha o nível atual de 23% em 2025 e nos anos seguintes, em linha com a orientação informal da gestão”, diz a equipe de analistas.