Às vezes, menos é mais. Pelo menos essa é a visão do BB Investimentos sobre a Raízen (RAIZ4), que passa por uma nova fase, com mudanças no comando, venda de ativos e redução de custos.
Para o banco, a premissa mais importante para a companhia será a simplificação do negócio, ajudará na potencial valorização das ações e justificará o novo preço-alvo do papel.
Segundo o analista Daniel Cobucci, após o IPO, em 2021, a Raízen adotou uma estratégia de expansão agressiva, elevando o endividamento com a aquisição da Biosev e dos ativos de refino na Argentina.
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Além disso, a Raízen, na avaliação dele, tinha uma agenda centrada no crescimento de longo prazo com foco no etanol de segunda geração (etanol celulósico, ou E2G).
Como resultado, o endividamento da Raízen saiu do controle e passou a afetar os resultados. Agora, a companhia passa por uma nova fase, com mudanças no comando, venda de ativos e redução de custos.
As premissas adotadas incluíam uma expectativa de queda nas taxas de juros, retorno elevado e sinergias nas aquisições. Além disso, a Raízen projetava custos de cerca de R$ 800 milhões em cada planta de E2G e boas margens no mercado de distribuição de combustíveis.
Mas, para o BB Investimentos, algumas questões afetaram a Raízen:
- aquisições não trouxeram sinergias esperadas;
- juros domésticos voltaram a subir, pesando no endividamento;
- o custo de construção das plantas de E2G era estimado em R$ 800 milhões cada, mas acabou saindo na faixa dos R$ 1,2 bilhão e hoje já é mais próximos de R$ 1,5 bilhão;
- no lado agrícola, os custos subiram, principalmente após o início da guerra Rússia x Ucrânia, com gastos com fertilizantes, por exemplo, pressionando margens;
- o preço do açúcar flertou com as mínimas nos últimos 4 anos e o etanol perdeu competitividade com a gasolina;
- a concorrência ficou mais apertada em distribuição de combustíveis, devido a fraudes com VEJA TAMBÉM: Não é Petrobras (PETR4) – analista recomenda ação do setor petroleiro que ficou para trás e vale a pena investir agorae compra de CBIOs, com os postos bandeira branca ganhando market share após 2022.
A partir dessas questões, o endividamento da Raízen saiu do controle e passou a afetar os resultados.
A nova fase da Raízen
Para o BB Investimentos, a Raízen tem concentrado esforços para reduzir o endividamento, como desinvestimentos, que resultaram em cerca de R$ 5,1 bilhões ao caixa no último ano.
No entanto, a dívida líquida saltou de R$ 34,5 bilhões no 4T25 fiscal para R$ 49,2 bilhões no 1T26 fiscal. Isso sugere que a estrutura de capital ficará desequilibrada por um tempo, mesmo com o avanço de outros desinvestimentos.
A situação, então, reforça a chance de uma potencial capitalização. Na visão do BB-BI, a entrada de novos sócios seria a forma mais rápida de reestruturar a Raízen e colocá-la de volta em um ciclo de crescimento.
“Porém, para os minoritários, as dúvidas seguem elevadas. Por um lado, o mercado está precificando a empresa considerando prazos bastante longos para voltar a gerar caixa. Por outro, não sabemos como será essa capitalização e qual será o efeito de diluição.”
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Para os acionistas minoritários, as incertezas ainda pesam, segundo Cobucci. O mercado precifica a Raízen com prazos longos para retomar a geração de caixa, enquanto não há clareza sobre o formato da capitalização nem sobre o impacto da diluição.
“Isso sugere que, apesar do elevado potencial de alta para a ação com o novo preço-alvo, a cautela justifica a recomendação neutra — até que fique mais claro se realmente o pior já passou.”
Com isso, o BB Investimentos estabeleceu um novo preço-alvo de R$ 2,30 para a Raízen (RAIZ4) no final de 2026, com potencial de alta de 79,7%.