O agro tem sido uma bela fonte de dor de cabeça para o Banco do Brasil (BBAS3) e o governo federal parece ter providenciado o remédio: um pacote de socorro aos produtores endividados, totalizando R$ 12 bilhões. O anúncio foi feito nesta sexta-feira (5) pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em seu perfil no X. O anúncio do governo federal ocorreu durante a abertura da 48ª Expointer, em Esteio, no Rio Grande do Sul.
O presidente assinou uma Medida Provisória com detalhes do programa e recursos previstos. A proposta foi apresentada em uma reunião convocada por Lula na última quinta-feira (4), com a presença da presidente do Banco do Brasil, Tarciana Medeiros, e ministros do governo.
Segundo Lula, o pequeno produtor terá acesso a até R$ 250 mil de crédito por meio do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), com taxa de juros de 6% ao ano.
O médio produtor, por meio do Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp), poderá obter até R$ 1,5 milhão, com juros de 8% ao ano. Já os demais produtores poderão financiar até R$ 3 milhões, com juros de 10% ao ano.
O prazo para quitação será de nove anos, incluindo um ano de carência.
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Como isso ajuda o Banco do Brasil?
Há algum tempo, o BB tem sido prejudicado pelo aumento da inadimplência na carteira de agronegócio, com pequenos e médios produtores da agropecuária registrando problemas com suas produções nos últimos meses.
Dificuldades com efeitos climáticos têm levado a perdas de plantações. Além disso, aumento de custos com fertilizantes e ração para o gado também são causas de preocupações.
Responsável por quase um terço do portfólio do Banco do Brasil, a inadimplência do agronegócio está maior do que a de seus pares, tanto em números absolutos quanto na proporção da carteira.
Tanto é que os últimos dois resultados do BB foram duramente afetados por isso, com o agravante da entrada em vigor da resolução 4.966 do Banco Central, que começou a valer em janeiro. Espelhada em padrões internacionais, a resolução 4.966 requer dos bancos uma abordagem mais preventiva e proativa contra calotes.
No Banco do Brasil, isso teve impacto porque muitos clientes entraram em recuperação judicial mesmo sem atrasar pagamentos, o que forçou o banco a provisionar mais de forma imediata. Nessas situações, a operação “pula” direto do estágio 1 (risco leve) para o estágio 3 (risco severo).
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Assim, o pacote do governo pode ser um alívio para o banco estatal, que ainda prevê impactos negativos do agro nos próximos balanços.
As ações do BB (BBAS3) operam em forte alta no pregão desta sexta-feira (5). Por volta das 11h, o papel tinha valorização de 4,55%, a R$ 21,35.