Com alta acumulada de mais de 30% nos últimos três meses, superando até mesmo o Ibovespa, as ações da RD Saúde (RADL3) continuam atraentes. Pelo menos, essa é a visão do JP Morgan.
Nessa quarta-feira (15), o banco elevou o preço-alvo de RADL3 de R$ 24 para R$ 27 no final de 2026 — o que representa um potencial de valorização de 44,1% sobre o preço de fechamento da véspera (14). A recomendação de compra foi mantida.
Na avaliação dos analistas do JP Morgan, os “ruídos” em torno da tese de investimento da rede de farmácias continuam “a diminuir”.
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“O foco do mercado está mudando para a melhora dos fundamentos da RD Saúde e o caso duradouro de longo prazo de uma sólida composição de lucros por ação (LPA) de aproximadamente 20%”, escreveram os analistas Joseph Giordano, Guilherme Vilela, Nicolas Larrain, Giovanni Vescovi e Froylan Mendez, em relatório.
Por que comprar RADL3?
Para o JP Morgan, RD Saúde está “seguindo uma direção diferente do setor de varejo brasileiro mais amplo”, dado o desempenho das ações nos últimos três meses.
Os analistas avaliam que a execução “sólida” e a reestruturação corporativa estratégica estão impulsionando uma virada no crescimento e na lucratividade, com o segundo trimestre apresentando melhorias significativas — “mesmo que os resultados permaneçam fracos”.
Entre abril e junho, a rede de farmácias registrou um crescimento de 13% no lucro líquido ajustado na comparação anual, para R$ 402,7 milhões. O Ebitda (lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado subiu 7,4% na base anual, totalizando R$ 885 milhões. Os números ficaram acima das projeções do mercado.
Para além dos números recentes, a equipe de analistas consideram que “obstáculos” operacionais relacionados a roubos e perdas estão diminuindo e, assim, aliviando a pressão sobre a margem bruta.
As expectativas do JP Morgan também entraram na conta. O banco espera uma aceleração no crescimento da receita bruta ainda ao longo do segundo semestre deste ano, apoiado por um calendário “melhor”.
Canetas emagrecedoras e clientes de alta renda
A companhia, que controla as redes Raia e Drograsil, também deve se beneficiar de ventos favoráveis do lançamento do Monjauro — “o que deve liberar maior alavancagem operacional, além de uma estrutura corporativa mais enxuta”.
Isso porque, na visão dos analistas, “o crescimento da RD impulsionado pela exposição a GLP-1 não é um risco e reflete uma vantagem estrutural”.
“A RD é efetivamente a única varejista de medicamentos nacional do Brasil: opera mais de 3,3 mil farmácias em todos os estados e detém uma participação de mercado de cerca de 16,5%. E, dada a sua forte presença nos estados do Sudeste, ela ostenta uma exposição superior à média a classes de renda social mais altas — aquelas que podem pagar por esses produtos de alto valor out-of-pocket (do próprio bolso)”, avaliam os analistas.
“Com isso, a RD — juntamente com a Drogaria São Paulo, que não é listada — tende a ser parceira natural de grandes players farmacêuticos globais no segmento”, acrescentaram.
A equipe do JP Morgan ainda considera que, mesmo no contexto de medicamentos genéricos do Ozempic e Wegovy disponível em 2026, o valor deve permanecer alto e, por isso, continuar a favorecer a alta exposição a níveis de renda social mais altos.
“Acreditamos que essa demanda pela apresentação genérica provavelmente virá além da demanda existente, pois vemos uma mudança gradual de Ozempic/Wegovy para Mounjaro, dada a sua maior eficiência na perda de peso”, dizem os analistas no relatório.
3T25: RD Saúde deve ser o destaque do setor
Para o terceiro trimestre (3T25), o JP Morgan espera uma aceleração da receita bruta, impulsionada pela venda de medicamentos GLP-1 e uma recuperação do segmento de Higiene Pessoal e Cosméticos (HPC).
O banco ainda prevê uma melhoria na margem bruta com redução das pressões anteriores de perdas, resultados da 4Bi0 (empresa do grupo) e CMED (regulação de preços no setor). Por sua vez, o GLP-1 deve seguir como a “única pressão”, respondendo por mais de 5% da receita e carregando uma margem bruta de 10%.
Nas contas dos analistas, a margem bruta deve contrair 40 pontos-base e a margem Ebitda ajustada cair 15 pontos-base.
O lucro líquido estimado é de R$ 352 milhões, com um lucro por ação de R$ 0,21.
A RD Saúde divulga os números do 3T25 em 4 de novembro, depois do fechamento dos mercados.
Para além do 3T25
O JP Morgan avalia que os “ventos favoráveis” de longo prazo do setor permanecem “intactos”. “Em um setor de dobra a cada 7 e 8 anos, a RD deve dobrar a cada 5 e 6 anos, crescendo sua base de lojas em um CAGR de 10%”.
Os analistas também acreditam que as iniciativas digitais e a execução “superior” devem impulsionar as vendas nas mesmas lojas (SSS, na sigla em inglês), com a produtividade de lojas maduras 30% maior do que a dos pares.
“Espera-se que a RD ganhe participação de mercado, superando o crescimento do mercado em cerca de 5 pontos percentuais com um CAGR [Taxa de Crescimento Anual Composta] de receita bruta de 14% em 5 anos”, estima o banco em relatório.
Os analistas veem a companhia como “a melhor posicionada para se beneficiar das sólidas perspectivas de longo prazo do mercado brasileiro de medicamentos, particularmente devido ao envelhecimento da população e à potencial consolidação do setor”.
A potencial concorrência de supermercados e marketplaces online na venda de medicamentos — proposta em análise no Congresso — não deve representar grandes problemas de longo prazo, segundo o JP Morgan.