O entusiasmo em torno da inteligência artificial (IA) ditou o ritmo mais uma vez em Wall Street, desafiando os céticos. Nesta quarta-feira (10), o segmento voltou ao centro das atenções depois que a Oracle apresentou projeções de crescimento.
A gigante de software de banco de dados anunciou a expectativa de expansão espantosa de sua infraestrutura de nuvem nos próximos cinco anos, o que fez as ações dispararem 42% — o maior movimento intradiário em 33 anos. O salto consolidou a empresa como uma das principais fornecedoras de capacidade computacional para a tecnologia.
Segundo a CEO Safra Catz, a Oracle assinou quatro contratos multimilionários no último trimestre e espera que a receita com infraestrutura em nuvem avance 77%, alcançando US$ 18 bilhões neste ano fiscal.
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A projeção é que esse número salte para US$ 144 bilhões em apenas quatro anos, indicando que a demanda por processamento de inteligência artificial deve permanecer elevada e exigirá a construção de novos data centers.
Em um único pregão, cerca de US$ 270 bilhões foram adicionados ao valor de mercado da Oracle, que ultrapassou o JPMorgan e passou a ocupar a 10ª posição entre as ações mais valiosas dos Estados Unidos. Em 2025, a companhia já mais do que dobrou de valor e se aproxima de uma capitalização de mercado de US$ 1 trilhão pela primeira vez em sua história.
“A IA muda tudo”, afirmou o presidente da Oracle, Larry Ellison, em comunicado.
Oracle, IA e a transformação dos mercados
As ações da Oracle registraram uma alta de 35,95% no fechamento de hoje. O desempenho da companhia e a perspectiva de fortalecimento do ecossistema ligado à inteligência artificial não apenas transformaram Larry Ellison, cofundador da empresa, no homem mais rico do mundo ao ultrapassar Elon Musk, como também ajudaram a impulsionar novos recordes na bolsa de valores de Nova York.
Tanto o Nasdaq quanto o S&P 500 encerraram o pregão em máximas históricas. E não foi apenas a Oracle que puxou a euforia. A expectativa de crescimento em toda a cadeia de produção voltada à construção de data centers para IA acompanhou a disparada.
"A grande maioria dos nossos investimentos em capex são para equipamentos geradores de receita que estão sendo instalados nos data centers", afirmou Catz na terça-feira.
As projeções futuras da companhia serviram de gatilho para o setor de infraestrutura de data centers, em especial para as fabricantes de chips. A Nvidia, que estima que seus computadores e semicondutores respondem por cerca de 70% do orçamento total de um data center de IA, avançou 3,85%.
A Taiwan Semiconductor Manufacturing (TSM), responsável por fabricar chips para Nvidia e outras empresas do setor, também ganhou fôlego, subindo mais de 3,79% no pregão desta quarta-feira, após divulgar crescimento de 34% nas vendas de agosto.
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A Broadcom, fornecedora de equipamentos de rede que conectam chips da Nvidia e peça-chave na produção de semicondutores de IA personalizados para companhias como o Google, disparou 9,77%.
A AMD, principal concorrente da Nvidia no mercado de processadores gráficos voltados à inteligência artificial, embora ainda com participação reduzida, teve valorização de 2,39%.
A Micron, produtora da memória usada nos chips mais avançados da Nvidia, também avançou 3,52%. Já as ações da Dell, que fabrica sistemas completos de servidores equipados com chips da Nvidia, tiveram ganhos de 2,61%.
A maior alta, no entanto, ficou com a CoreWeave, uma das chamadas neo-nuvens que competem com Google, Amazon e Microsoft, oferecendo acesso e ferramentas otimizadas para inteligência artificial. Suas ações saltaram 16,88% diante da crescente demanda por computação em IA.
Fed, juros e a tempestade perfeita para os recordes
Um sinal que animou o mercado financeiro como um todo veio do índice de preços ao produtor (PPI) dos EUA, que caiu ante uma expectativa de alta. Os números foram um alívio após meses de relatórios que apontavam dificuldades para manter a inflação abaixo da meta de 2% do Federal Reserve, sobretudo com as tarifas de Donald Trump pressionando os preços para cima.
Ainda mais aguardado é o relatório de quinta-feira, que mostrará o impacto da inflação sobre as famílias norte-americanas. Para Chris Larkin, diretor administrativo de negociação e investimentos da E-Trade, do Morgan Stanley, a atualização desta quarta-feira “essencialmente abriu o tapete vermelho para um corte de juros pelo Fed na próxima semana”.
Investidores já vinham apostando que o banco central norte-americano fará seu primeiro corte do ano na reunião da semana que vem, mas a concretização desse movimento depende de novos dados de inflação que não contrariem as expectativas. Isso porque reduzir os juros pode estimular a economia, mas também aumenta o risco de reacender pressões inflacionárias, o que poderia limitar a margem de manobra do Fed.
“A narrativa mais ampla está cada vez mais ancorada nas expectativas de que o Fed promoverá um corte de juros na reunião da próxima semana”, afirmou Ahmad Assiri, estrategista de pesquisa da Pepperstone.
*Com informações da CNBC, Bloomberg e Associated Press