Na manhã desta quarta-feira (10), a Vale (VALE3) fez um anúncio aparentemente despretensioso: uma pequena redução de até US$ 500 milhões nos investimentos bilionários previstos para 2025. À primeira vista, o mercado viu a notícia com bons olhos, por representar uma guinada para uma alocação de capital mais eficiente na mineradora. Mas logo os holofotes caíram sobre o que realmente faz brilhar os olhos dos investidores: essa mudança tem potencial de destravar até US$ 1 bilhão em dividendos extraordinários aos acionistas.
Hoje mais cedo, a mineradora cortou a estimativa de investimento (capex) total destinado para crescimento e manutenção em 2025 para uma faixa entre US$ 5,4 bilhões e US$ 5,7 bilhões. Até então, a expectativa era de desembolsos da ordem de US$ 5,9 bilhões. Segundo a companhia, as mudanças são reflexo de iniciativas de otimização do portfólio de projetos do ano.
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Na avaliação de Bruno Benassi, analista de ativos da Monte Bravo, embora essa não seja uma mudança transformadora, a redução no capex total da Vale é positiva e eleva as chances de algum anúncio de dividendos pela frente ou de um novo programa de recompra de ações ao longo do segundo semestre.
"Dada essa redução de consumo de caixa, pode ser que venha alguma novidade. Obviamente, subiu a probabilidade de isso acontecer. O minério de ferro tem trabalhado num range acima do que previsto e, agora com o corte de capex, isso tem aumentado de forma relevante a probabilidade de a Vale distribuir dividendos extraordinários", disse Benassi ao Seu Dinheiro.
O Itaú BBA também acredita que essa redução de investimentos, combinada com preços resilientes do minério de ferro, aumenta a probabilidade de dividendos extraordinários e recompras ainda em 2025. Nas contas do banco, a mineradora pode depositar US$ 500 milhões em dividendos extraordinários em 2025 e US$ 1 bilhão em 2026.
"A Vale reforçou seu compromisso com a disciplina de capital e eficiência, destacando que seu portfólio superior já está ganhando impulso para 2025", afirmaram os analistas.
Além disso, a gestão da Vale também destacou hoje, durante evento anual com investidores e o mercado, que as exigências mais baixas de capex, combinadas com preços resilientes do minério de ferro e melhorias estruturais de custos, estão apoiando uma geração mais forte de fluxo de caixa livre.
"Acreditamos que isso abre espaço para dividendos extraordinários e recompras, mantendo a dívida líquida expandida sob controle", acrescentaram os analistas do banco.
Para o Itaú BBA, os dividendos extraordinários e recompras na mineradora dependerão dos volumes da segunda metade de 2025 e das condições do mercado. Porém, a Vale está posicionada para devolver uma quantidade significativa de dinheiro aos acionistas se as condições se mantiverem, segundo o banco.