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Nelson Tanure perde exclusividade na Braskem (BRKM5), mas continua negociando compra do controle — com uma condição crítica

Empresário Nelson Tanure

O empresário Nelson Tanure

O período de exclusividade para as negociações para a venda do controle da Braskem (BRKM5) entre a Novonor e o fundo Petroquímica Verde, do empresário Nelson Tanure, acaba de chegar ao fim, mas as negociações continuam a todo vapor — embora diversos obstáculos venham aparecendo pelo caminho.

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Em fato relevante enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a Novonor afirmou que “permanece em tratativas com o fundo para a alienação da sua participação”, mesmo após o fim do prazo exclusivo de 90 dias.

No entanto, uma fonte no Fundo Petroquímica Verde afirmou ao Seu Dinheiro que, enquanto não tiver segurança que o passivo ambiental do desastre de Maceió não será transferido para os novos sócios e credores, “o fundo não irá assinar nada”.

“Tão importante quanto equacionar a dívida que a Odebrecht tem com os bancos que detêm a alienação fiduciária, é a solução para a dívida da própria Braskem. A situação de caixa da Braskem está crítica”, disse a fonte, que preferiu não se identificar.

Vale lembrar que, há trimestres, a petroquímica trava uma verdadeira luta para estancar a queima de caixa e reduzir a alavancagem dos negócios. Mas, diante de um cenário negativo para os spreads petroquímicos, a situação não está fácil.

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Entre abril e junho deste ano, a empresa apresentou um aumento substancial da alavancagem. A relação entre a dívida líquida ajustada sobre o Ebitda recorrente subiu para 10,6 vezes no 2T25, um aumento de 33% em relação ao 1T25 e de 56% em relação ao 2T24.

A companhia também queimou caixa no período, com um consumo de cerca de R$ 1,4 bilhão entre abril e junho, contra uma cifra negativa de R$ 2,7 bilhões no primeiro trimestre e de R$ 74 milhões no mesmo intervalo de 2024. 

Veja aqui os detalhes do balanço da Braskem no 2T25 e a visão dos analistas sobre o resultado.

Braskem (BRKM5) no "olho do furacão"

Na semana passada, a Braskem (BRKM5) sofreu não um, mas dois rebaixamentos de nota de crédito (rating), por duas agências de classificação de risco diferentes.

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Pouco tempo depois de a Fitch rebaixar suas classificações, na segunda redução de perspectivas desde o início de 2025, a petroquímica também enfrentou um corte pela Moody's

De acordo com as agências, os rebaixamentos foram reflexos da contínua fragilidade nas métricas de crédito e na geração de caixa da empresa, pressionada pelo ciclo de retração no setor petroquímico e pelas operações ainda frágeis no México. 

Segundo os analistas da Moody's, a alavancagem da empresa, que chegou a níveis alarmantes, e a contínua queima de caixa, refletem um cenário em que as margens continuam apertadas e o mercado global de petroquímicos segue estagnado.

“Com as incertezas relacionadas ao ambiente macroeconômico, provisões em Alagoas e a continuidade das operações contidas no México, a Braskem permanecerá negativa em 2025 e seu colchão para suportar a fraqueza do setor nos próximos anos diminuiu”, disse a agência.

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A Moody's alerta que, sem ações urgentes para reverter a situação, a Braskem pode permanecer no “olho do furacão” por até 18 meses.

Na visão da agência, a geração de fluxo de caixa livre da Braskem continuará pressionada pelo fraco nível de operações, além dos desembolsos remanescentes relacionados a Alagoas e pelo programa de transformação que visa tornar a empresa mais competitiva no longo prazo.

Já a Fitch avalia que, em meio a um cenário externo desfavorável, a capacidade da Braskem de implementar medidas eficazes continua limitada, já que muitas iniciativas ainda dependem de decisões governamentais — como o caso do Presiq, por exemplo.

Segundo os analistas, embora as medidas de contenção de custos anunciadas pela empresa possam trazer algum alívio, a capacidade da companhia de resistir à volatilidade prolongada do mercado continua sendo o risco central, especialmente à medida que os colchões de liquidez diminuem.

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Os impactos de uma troca de controle na Braskem (BRKM5)

Para a Fitch, a possível venda da participação da Novonor na petroquímica também adiciona outra camada de incerteza na Braskem. 

A possibilidade de um novo controlador iniciar uma reestruturação da dívida adiciona ainda mais instabilidade a uma situação já complexa. Se uma oferta vinculante se materializar e avançar, a Petrobras provavelmente não conseguirá bloquear decisões do novo acionista”, disse a Fitch.

Lembrando que a Petrobras recentemente obteve uma vitória no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), que acatou o pedido da petroleira para se tornar terceira interessada no processo de venda de controle indireto da Braskem.

Essa medida abre caminho para que a estatal possa recorrer da decisão do Tribunal do Cade, de aprovação da proposta de Tanure pela fatia da Novonor na Braskem, sem restrições.

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Hoje, a Petrobras detém 36,1% do capital total da Braskem e cerca de 47% das ações com direito a voto.

Além disso, a estatal tem um rigoroso acordo de acionistas que lhe confere o direito de preferência sobre qualquer proposta para a fatia da Novonor na petroquímica.

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