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Goldman Sachs eleva Natura (NTCO3) para compra de olho no potencial de dividendos — mas empresa precisa se livrar de um risco antes

Fachada de loja da Natura (NTCO3)

Fachada de loja da Natura (NTCO3)

“Em um contexto macroeconômico incerto para o consumidor brasileiro, a Natura (NTCO3) é uma alternativa atraente, por oferecer uma combinação de perfil de demanda relativamente defensivo, iniciativas de melhoria interna e oportunidades de alocação de capital”. 

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Foi com essa justificativa que os analistas do Goldman Sachs resolveram dar um “voto de confiança” e elevar a recomendação para as ações da companhia de cosméticos brasileira de neutro para compra.  

O preço-alvo definido foi de R$ 16, o que implica uma alta de aproximadamente 12,5% em relação à cotação atual. 

A instituição está otimista também em relação aos potenciais dividendos que a empresa pode pagar. Para este ano, a expectativa está na casa dos 10%, mas esse pagamento pode ser ainda mais generoso com os acionistas, caso a Natura “se livre” de um de seus negócios: a operação da Avon Internacional. 

Na visão do Goldman, esse processo de simplificação das operações e da estrutura corporativa pode destravar valor para os acionistas, embora reconheça que este é apenas o começo da jornada e muita coisa ainda precise ser feita.

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Os analistas aprofundaram-se nas oportunidades e riscos do investimento em NTCO3 e o Seu Dinheiro trouxe os principais pontos a seguir. 

Por que o Goldman Sachs está otimista com os dividendos da Natura 

Muito da otimização da estrutura de capital da Natura depende do que será feito com a Avon Internacional – entre as opções, está a separação, venda ou negociação de parceria para a unidade de negócios. 

Vale lembrar que, em novembro do ano passado, a Natura chegou a um acordo sobre a falência da Avon nos Estados Unidos

"Embora não tenhamos uma opinião sobre a probabilidade de uma alternativa em relação a outra, observamos que qualquer operação potencial se tornou significativamente menos complexa como resultado do acordo judicial alcançado no contexto do Chapter 11”, diz o relatório. 

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É importante ter em mente que a Avon Internacional consome atualmente cerca de US$ 120 milhões em fluxo de caixa operacional anualizado, de acordo com os documentos.

Para o Goldman Sachs, existem duas consequências claras, caso a separação da Avon Internacional não seja resolvida logo:

  1. Quanto mais tempo levar, maior será o impacto negativo no caixa disponível para potencial alocação de capital (que poderia incluir uma eventual distribuição extraordinária aos acionistas da Natura);
  2. A mudança para uma nova estrutura de capital otimizada para o restante de suas operações exige uma resolução final para a Avon Internacional, pois isso determina quanto dinheiro pode ser necessário para manter ou alienar essa operação.

Uma nova fase do negócio na Argentina e no México

Além da “questão Avon”, os investidores de NTCO3 também precisam se atentar a um outro processo envolvendo a empresa: a nova fase de negócios (chamada de Wave 2) em dois mercados-chave da América Latina, Argentina e México. 

São três os principais pilares dessa etapa:

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Na percepção dos analistas, essas iniciativas podem representar um risco para a ação, já que as vendas da Natura devem ficar mais voláteis na América Latina, o que impacta também as receitas e a geração de caixa da companhia.

Somado a isso, a expectativa é que haja uma maior rotatividade na base de representantes, à medida que os consultores de baixa produtividade abandonam as vendas. 

“A Natura não forneceu nenhum feedback até agora sobre os resultados iniciais da integração, mas esperamos que a complexidade seja maior no México do que na Argentina, devido ao fato de que o México é um mercado de vendas diretas mais competitivo em geral e o catálogo Casa e Estilo representa uma parcela maior das vendas da Avon no México”, escrevem os analistas. 

Além disso, a Avon tem menos reconhecimento de marca no país da América do Norte. 

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Entre o Mercado Livre e o TikTok Shop: a ameaça do e-commerce

Outro assunto inescapável quando o assunto é Natura é a mudança nos canais de venda da empresa.

Se antes, as “revistinhas” das consultoras eram a principal forma de adquirir produtos da marca, agora o e-commerce e algumas das lojas físicas tomaram espaço. 

Acontece que a companhia de cosméticos ainda é altamente dependente do canal de vendas direto: 91% de suas receitas na América Latina são provenientes de vendas diretas, contra 5% de vendas online e 4% de vendas em lojas. 

Nesse contexto, a ascensão de plataformas como a do Mercado Livre se apresenta como uma faca de dois gumes.

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Embora a Natura tenha uma loja oficial no site, o que aumenta o alcance e facilita as compras, o Meli também permite que marcas menores cheguem aos consumidores, o que o Goldman também avalia como um risco para marcas dominantes. 

Além disso, a entrada de players como o TikTok Shop (com lançamento previsto no México e potencialmente no Brasil em 2025) pode ter o mesmo efeito: é, ao mesmo tempo, uma oportunidade para evoluir a abordagem de vendas diretas e um risco de perda de mercado. 

Natura ainda tem muita força de marca, mas ‘ameaça’ do Boticário não é desprezível 

Embora a Natura continue sendo a líder no mercado de cuidados pessoais e beleza no Brasil, a diferença em relação ao Boticário diminuiu progressivamente nos últimos três anos, principalmente devido à perda de participação da marca Avon.

Segundo dados do Euromonitor, em 2023, a Natura detinha 16% do mercado, contra 13,2% do segundo lugar. Em 2020, no entanto, a diferença era de 16,8% contra 10,7% do Boticário. 

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Além da “degradação” de marca da Avon, esse movimento de aproximação também se deve ao crescimento orgânico e aquisições feitas pelo Boticário.

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