Após meses de alta e alívio na B3, a Light (LIGT3) voltou a decepcionar. O mercado, que vinha recuperando a confiança na companhia em meio ao processo de recuperação judicial, viu suas expectativas ruírem após o balanço do segundo trimestre de 2025 (2T25). Por volta das 13h20, as ações da empresa despencavam cerca de 11% na bolsa brasileira.
Para analistas do UBS, o resultado foi uma “forte frustração”. Já a Light atribuiu o desempenho abaixo das expectativas à queda das temperaturas no Rio de Janeiro e à migração de clientes do mercado cativo para o mercado livre de energia.
O UBS manteve sua recomendação de venda para as ações, com preço-alvo de R$ 4.
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De olho nos números da Light
No 2T25, a Light registrou receita líquida de R$ 3,1 bilhões, queda de 10% em relação ao ano anterior. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado foi de R$ 203 milhões, recuo de 67% na comparação anual.
“O volume total faturado pela Light caiu 8% na comparação anual no 2T25, puxado por uma queda de 14% no mercado cativo. A retração foi causada por uma redução de 2°C na temperatura média do Rio de Janeiro em relação ao ano anterior e pelo crescimento da geração distribuída (GD) no período”, escreveram os analistas do banco.
O UBS também destacou que as perdas não técnicas, decorrentes de roubos de energia, permaneceram estáveis em 70,7% no ano.
“A visibilidade sobre o desempenho futuro da Light segue baixa, e esperamos que a companhia concentre seus esforços na renovação da concessão de distribuição de energia”, afirma o time de analistas liderado por Giuliano Aleje.
“Na nossa visão, a companhia enfrenta um momento crítico, com perspectivas limitadas de recuperação, deterioração operacional, passivos financeiros relevantes e incerteza regulatória”, acrescenta o relatório.
O que ajudou o prejuízo a se manter estável na base anual, em R$ 51 milhões, foi o resultado financeiro negativo de R$ 65 milhões, contra menos R$ 457 milhões no segundo trimestre de 2024. O desempenho foi favorecido por menores encargos líquidos, resultado de dívidas renegociadas, e por gastos cambiais mais baixos.
“O resultado financeiro líquido melhorou significativamente na comparação anual”, comenta o banco.
A Light encerrou junho com dívida líquida de R$ 4,3 bilhões, ante R$ 8,7 bilhões no mesmo mês de 2024. O prazo médio de vencimento do principal da dívida foi de 7,3 anos.
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As promessas quebradas
No final de 2024, com o processo de recuperação judicial em andamento, a visão do mercado sobre a companhia era outra. A entrega de títulos e debêntures a credores no Brasil e no exterior foi concluída em dezembro, e decisões judiciais suspenderam a exigência de aportes de capital por parte da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) até a definição sobre a renovação da concessão.
Essas vitórias jurídicas e a reestruturação de dívidas, que reduziram o passivo de R$ 11 bilhões para patamares mais administráveis, aumentaram as expectativas de que 2025 marcaria o início de uma recuperação operacional consistente.
O cenário mais favorável também foi reforçado pela perspectiva de novos aportes de capital, previstos entre R$ 1 bilhão e R$ 1,5 bilhão, e pelo alongamento do prazo médio da dívida para mais de sete anos.
Naquele momento, investidores e analistas viam a possibilidade de a empresa estabilizar indicadores e começar a recuperar margens, com foco na redução de perdas e eficiência.
No acumulado de 2025, mesmo com a queda desta quarta-feira (13), os papéis da companhia acumulam alta de 58,68%.
*Com informações do Money Times