A disputa pelo controle do império Murdoch — Fox News, News Corp e Wall Street Journal — finalmente tem um capítulo final: Lachlan Murdoch, filho mais velho do magnata Rupert Murdoch, está prestes a assumir o comando de todos os negócios de mídia do patriarca.
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O acordo, anunciado na segunda-feira (8), garante que Lachlan terá todos os votos em um novo trust, enquanto os irmãos James, Elisabeth e Prudence recebem novos trusts financiados pela venda de ações e perdem direito de interferir no império.
O trust permite concentrar poder e proteger o patrimônio, ao mesmo tempo em que distribui benefícios aos membros da família.
Traduzindo: poder concentrado, drama familiar resolvido — pelo menos oficialmente.
O novo trust Murdoch deterá participações significativas na Fox Corp. e na News Corp, que inclui o Wall Street Journal e outros títulos globais.
A transação é avaliada em cerca de US$ 3,3 bilhões, consolidando Lachlan como o principal tomador de decisões do império.
Lachlan Murdoch: o novo “Kendall” da vida real?
O cenário lembra muito “Succession”, a série da HBO sobre intrigas familiares e disputas de poder. Assim como Kendall Roy luta pelo controle da Waystar Royco, Lachlan Murdoch centraliza poder no mundo real.
Ele comandará o trust que detém Fox News, Wall Street Journal e New York Post, assegurando a continuidade da linha editorial conservadora do grupo, enquanto Rupert, de 94 anos, permanece como presidente emérito — ou seja, em posição honorária, sem participar da gestão diária.
Enquanto isso, os irmãos mais velhos e politicamente mais moderados venderão suas participações — cerca de 14,2 milhões de ações da News Corp e 16,9 milhões de ações da Fox Corp — recebendo aproximadamente US$ 1,1 bilhão cada. Eles têm seis meses para vender essas participações.
É uma fortuna que impede qualquer disputa futura, mas também os afasta do centro do poder editorial.
O drama familiar
Nos últimos anos, James Murdoch se afastou dos negócios da família, em desacordo com decisões editoriais da Fox News e da News Corp, incluindo a cobertura da eleição americana de 2020 e da mudança climática.
Elisabeth e Prudence, mais moderadas, também divergiam em estratégias editoriais, alimentando a tensão interna.
O acordo desta segunda-feira encerra anos de processos, incluindo uma tentativa de Rupert de alterar o trust original para favorecer apenas Lachlan, rejeitada pelo tribunal de Reno, que considerou a ação de “má-fé”.
Segundo Andrew Neil, ex-editor do Sunday Times, Lachlan é uma “cópia do pai”. Rupert temia que os irmãos mais liberais superassem Lachlan em votos, mas “isso não vai acontecer agora… Lachlan é o rei do trust, que controla a organização sem interferência dos irmãos”, disse Neil à BBC.
O acordo também estabelece um novo trust com participação de Grace e Chloe Murdoch, os filhos mais novos, enquanto James, Elisabeth e Prudence deixarão de ser beneficiários de qualquer trust com ações da Fox ou News Corp.
Um império consolidado
O novo acordo garante que Lachlan Murdoch terá controle absoluto sobre o império bilionário da família, incluindo TV, jornais e plataformas digitais.
Ao mesmo tempo, James, Elisabeth e Prudence recebem compensações financeiras expressivas, mas ficam fora da gestão e da influência editorial.
É o desfecho de uma história que poderia muito bem ter saído de um roteiro de televisão: drama familiar, poder concentrado e bilhões em jogo.
Mas, como em qualquer império de mídia, a calmaria é sempre relativa — e instável.