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“Desinteresse dos jovens pela faculdade é papo de redes sociais, não realidade”, diz CEO da Cogna (COGN3), dona da Anhanguera, Fama e outras

Retrato profissional de Roberto Valério, CEO da Cogna Educação. Ele é um homem careca de óculos, vestindo uma camisa xadrez clara. A imagem em estúdio tem um fundo cinza com um efeito esfumaçado e iluminação dramática, com o executivo olhando diretamente para a câmera com uma expressão séria

Roberto Valério, CEO da Cogna

Se você esteve na internet nos últimos meses, provavelmente foi impactado pela narrativa do jovem desinteressado pela educação superior. A teoria que circula entre TikToks e posts no Instagram é de que a geração Z estaria vendo pouco valor na faculdade, diante da promessa de enriquecimento fácil nas redes sociais, por exemplo.

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Mas, para o CEO da Cogna, Roberto Valério, isso é papo de influenciadores na internet e não tem respaldo na realidade. A empresa controla faculdades como Anhanguera, Fama, Pitágoras, Unopar, Uniderp, Unime e outras.

“Tem muita discussão sobre um tema que, na prática, não vemos na vida real. Basta olhar nossos números: a base de alunos da graduação tem crescido de forma consistente. Se é assim, é porque tem demanda”, destaca o executivo, em uma entrevista exclusiva para o Seu Dinheiro.

Veja abaixo a evolução da base de alunos da Kroton, unidade de ensino superior da empresa, nos últimos 5 anos: 

Fonte: divulgação anual de resultados Cogna

Na primeira parte dessa conversa com o CEO da Cogna, falamos sobre o momento atual da empresa, cujas ações triplicaram na bolsa este ano, e o que esperar para o futuro. Você pode conferir neste link.

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Não faz mais sentido fazer faculdade?

O CEO afirma que grandes influenciadores podem estar passando a impressão de que não vale mais a pena estudar por anos, mas isso não ecoa no dia a dia das pessoas — muito pelo contrário.

Para Valério, o ensino superior está diretamente ligado a uma renda maior: “No fundo, a gente sabe que uma pessoa formada tem muito mais chance de ter um bom emprego e uma renda melhor. Claro, você pode se arriscar ser um influencer, mas a chance é que não dê certo”.

No Brasil, ter um diploma aumenta as chances de ter um emprego e melhores salários, que chegam a mais que o dobro daqueles que têm formação até o ensino médio, de acordo com dados da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Os dados mostram que brasileiros de 25 a 64 anos que concluem o ensino superior ganham, em média, 148% a mais do que aqueles que têm até o ensino médio. Essa diferença é maior do que a média dos países da OCDE, que é de um salário médio 54% maior.

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Mas, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apenas um a cada cinco brasileiros de 25 anos ou mais tem ensino superior, conforme dados de 2024.

Por outro lado, os grupos de trabalhadores sem instrução e/ou com fundamental incompleto foram os únicos que viram o salário crescer acima da inflação entre 2012 e 2024, segundo uma pesquisa do IBGE. O rendimento médio subiu 41% no período para os sem instrução, enquanto recuou para os que têm ensino médio e superior.

E a inteligência artificial?

E se, por um lado, há quem acredite que o diploma da faculdade não vale para nada, tem o grupo dos jovens universitários que se preocupam com um fantasma cada vez mais persistente: a inteligência artificial vai roubar os empregos deles? Como não perder espaço para robôs?

“Sair da faculdade hoje sem saber usar ferramentas de IA é a mesma coisa que concluir um curso há 20 anos e não conseguir usar uma calculadora. Essa tecnologia veio para ficar e os profissionais precisam olhar para isso”, diz Valério.

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Segundo ele, as instituições da Cogna oferecem disciplinas sobre isso na grade curricular tanto da graduação, como em cursos livres. 

O executivo enfatiza que a empresa já tem mais de cem projetos envolvendo o desenvolvimento e aplicação da inteligência artificial. A Cogna segmenta essas iniciativas em quatro frentes: aprendizagem, melhoria de processos, produtividade e novos produtos.

“É impossível lutar contra a realidade e a transformação da sociedade. O que uma empresa de educação tem que fazer é se ajustar para atender às novas demandas. À medida que as coisas vão acontecendo, o que devemos fazer é ser flexíveis para que o nosso aluno tenha um currículo mais atual possível”, ressalta Valério.

Como a Cogna está usando a IA

Valério deu alguns exemplos do que está sendo elaborado lá dentro. O primeiro deles é uma ferramenta para melhorar o currículo de graduação conforme as demandas mais atuais do mercado, a Emprega.ai

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“Ela lê todas as vagas de emprego que existem no mercado e identifica quais são as habilidades solicitadas. Depois, ela olha o nosso currículo e indica melhorias ou adaptações. Inclusive, já estamos no nível de indicar para o aluno. A ferramenta vê as vagas pelas quais eles se interessam, identificam pontos a serem melhorados no currículo e indicam cursos que podem ser feitos para resolver o problema”, diz o CEO.

No portal, o aplicante pode, inclusive, fazer simulações de entrevista de emprego para a posição desejada e regular o tom do entrevistador.

Outra aplicação de IA ressaltada por Valério é a Plurall, um ambiente virtual de aprendizagem que funciona como um complemento digital para o material didático físico usado nas escolas parceiras das empresas da Cogna. 

“Através do sistema criado, os alunos podem tirar dúvidas. O agente de inteligência artificial é executado em um desenvolvimento feito por nós em parceria com a AWS e ele só acessa os nossos conteúdos. No caso do Anglo [que também é controlado pela Cogna], por exemplo, são mais de 75 anos de história e matérias para o aluno explorar”, afirma o CEO.

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Para os professores, já é possível usar a inteligência artificial para gerar apresentações e preparar os conteúdos das aulas. Inclusive, com atividades propostas para sala e lição de casa, além de vídeos e imagens ilustrativas criadas por IA. 

E, no caso da correção das atividades, o docente também conta com ajuda do robô, que olha o trabalho entregue com sugestão de nota e possíveis apontamentos. 

“Não é que o professor não vai olhar, mas ele já vai lidar com um material que passou por uma espécie de triagem. Com isso, conseguimos passar muito mais atividades aos alunos sem sobrecarregar ninguém”, afirma Valério.

Além disso, com o armazenamento de dados, no caso das aulas do ensino superior. Todo o conteúdo — inclusive as dicas dadas pelo professor nas aulas e o conteúdo escrito na lousa  — ficam em uma plataforma que pode ser consultada pelos alunos. 

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“O agente de IA do ensino superior consegue ouvir o professor, ver o que ele está escrevendo na lousa. Se um aluno fizer uma pergunta, ele consegue responder com base na aula específica, contextualizando. Isso já está sendo feito”, afirma Valério.

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