Morar junto é a prova de fogo para todo casamento: é preciso muita conversa — e paciência — para se alinhar ao outro e criar um ecossistema de costumes próprios. Caso contrário, o divórcio vira um fantasma batendo à porta. Em uma união entre marcas, as coisas não são diferentes. O caso da Azzas 2154 (AZZA3) mostra isso.
A companhia anunciou, na manhã desta segunda-feira (30), uma reestruturação no Conselho de Administração da empresa que nasceu da fusão entre Arezzo e Grupo Soma, em fevereiro de 2024. Veja mais abaixo como ficou a estrutura.
A notícia vem depois de meses de rumores sobre como as coisas estariam difíceis na convivência entre Alexandre Birman, um dos fundadores da Arezzo, e Roberto Jatahy, cofundador do Grupo Soma.
Os dois estiveram à frente da fusão entre as duas gigantes da moda brasileira, na formação do conglomerado que hoje controla marcas como Animale, Hering, Reserva, Arezzo e Farm.
As ações fecharam o pregão de hoje com alta de 4,87%, a R$ 43,07.
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História de um casamento
Depois de uma lua de mel rápida, as coisas começaram a desandar, e o temor no mercado era de que um divórcio fosse iminente. Isso porque os dois sócios majoritários do grupo discordavam em pontos essenciais sobre os próximos passos que a companhia teria que dar após a junção dos negócios.
As desavenças giravam em torno de visões diferentes visões sobre o nível de estoque que a companhia deveria ter, o Retorno sobre o Capital Investido (ROIC) desejado, quais profissionais seriam mantidos, quais iriam embora, e assim por diante.
E, se nos casamentos a opção para esse tipo de crise pode ser aconselhamento matrimonial, no caso da Azzas um outro tipo de conselheiro esteve envolvido no apaziguamento da situação: Pedro Parente, o então presidente do conselho do grupo.
De acordo com Jatahy, em entrevista ao NeoFeed, a ‘bandeira branca’ pode ser creditada a ele. “Acho que nos perdemos um pouco e tivemos a sorte — ou a inteligência — de trazer o Pedro”, disse Jatahy ao portal.
Com a reestruturação anunciada nesta manhã, Parente deixa o cargo de presidente do conselho, e Nicola Calicchio Neto entra no lugar.
Sobre a saída, o executivo explica que, uma vez selado o acordo de paz, estaria na hora de dar lugar a um gestor com mais visão de negócios — visto que um nome para lidar com situações complexas seria menos necessário com as tensões sanadas.
A reestruturação do conselho de administração da Azzas
Além de Parente, outros nomes mudaram na estrutura. Marcel Sapir, que já ocupa posição de conselheiro, foi indicado como vice-presidente, após a renúncia de Anna Andrea Votta Alves Chaia do cargo.
Além disso, a empresa reduziu o número de membros do conselho de 9 para 7, com o objetivo de simplificar a estrutura e acelerar a integração.
Veja como ficará a formação do conselho da Azzas 2154:
- Nicola Calicchio Neto — Presidente e membro independente;
- Marcel Sapir — Vice-Presidente e membro independente;
- Sylvia de Souza Leão Wanderley — membro independente;
- Alexandre Café Birman — membro efetivo;
- André Alicke De Vivo — membro efetivo;
- Roberto Luiz Jatahy Gonçalves — membro efetivo; e
- Edison Ticle de Andrade Melo e Souza Filho — membro efetivo.
O que fazer com as ações?
Na visão do JP Morgan, a notícia é positiva. O banco destaca que as alterações não devem provocar mudanças significativas na estratégia ou nos resultados da empresa no curto prazo. Por outro lado, devem permitir que o foco retorne às tendências operacionais, em vez de temas ligados à governança.
Os analistas reforçaram a recomendação de compra para AZZA3.