A Direcional (DIRR3) está deitando e rolando com o bom momento do Minha Casa Minha Vida (MCMV). Queridinha dos gestores e analistas, a empresa entregou mais um resultado forte no segundo trimestre de 2025, seguido de alta nas ações.
Em entrevista ao Seu Dinheiro, o CEO da construtora, Ricardo Gontijo, comentou os números divulgados na última segunda-feira (12): “Foi, sem dúvida, o melhor trimestre da história da empresa em termos de resultados.”
“O que consideramos crucial e monitoramos de perto na Direcional é o seguinte: se a receita cresceu 29% e o lucro bruto e operacional subiram 37% e 36%, respectivamente, isso significa que o lucro está crescendo mais do que a receita. Ou seja, estamos conseguindo expandir a nossa operação e colher os benefícios de atuar com mais escala”, afirma Gontijo.
Em outras palavras, a Direcional não só está vendendo mais, mas também está se tornando mais rentável e competitiva a cada real de receita gerado.
Ele conta que a escala permite à companhia negociar melhor com fornecedores e diluir custos administrativos, pois essas despesas crescem em uma proporção menor que a receita.
E o objetivo é continuar crescendo com competitividade. Mas, para Gontijo, se isso começar a gerar complexidade para a operação, impedindo a captura de sinergias, a melhor estratégia seria parar de crescer. “Mas esse não é o caso. A gente tem conseguido crescer e se tornar mais eficiente.”
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O balanço da Direcional no 2T25
Chegando para a temporada de balanços com um dos resultados mais esperados pelos analistas, a Direcional não fez feio. Os números vieram em linha com as expectativas e foram bem recebidos por analistas do BTG, Santander, BB Investimentos e Bank of America (BofA).
Entre abril e junho, o lucro líquido avançou 25,7% frente ao mesmo intervalo de 2024, para R$ 183,7 milhões. Já a receita líquida ficou em R$ 1,07 bilhão, alta de 26% ano a ano.
O lucro bruto foi de R$ 414 milhões, salto de 36,9% versus o segundo trimestre de 2024, com uma margem bruta de 38,9%, crescimento de 3 pontos percentuais (p.p) no ano. Para o Santander, esse foi o principal destaque positivo do balanço.
A rentabilidade ajustada medida pelo Retorno Sobre Patrimônio (ROE) foi de 34%, aceleração frente aos 25% reportados nos mesmos meses de 2024. Enquanto o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) subiu 22,4% na base anual, para R$ 244,7 milhões, com margem de 23%, queda de 1 p.p ano a ano.
A empresa também reportou geração de caixa de R$ 345 milhões, encerrando o período com dívida líquida de R$ 161 milhões.
“No entanto, quando ajustado pelos R$ 251 milhões em receitas líquidas da venda da Riva [braço da construtora mais exposto à Faixa 4 do MCMV] e R$ 116 milhões em vendas ‘líquidas’ de recebíveis, chegamos a um consumo de caixa recorrente de R$ 21 milhões”, escreveram os analistas do BTG.
Na visão do banco, o segundo trimestre apresentou um resultado forte, embora esperado, com crescimento do resultado operacional em todas as áreas, margens sólidas e ROE saudável. Isso reforça as operações bem administradas da Direcional, apesar de mais um resultado fraco do fluxo de caixa, segundo o relatório do BTG.
“Acreditamos que a empresa está bem posicionada para aproveitar o forte momento do MCMV, com as ações sendo negociadas a um valuation atraente, reiteramos nossa recomendação de compra”, dizem os analistas do banco.
Na visão do BofA, o setor está aquecido e a Direcional se destaca com crescimento lucrativo, geração robusta de caixa e pagamento de dividendos, com yield de 10%. Os analistas também mantiveram a recomendação de compra.
O Minha Casa Minha Vida
Não são só os bancos que estão otimistas com o programa: Gontijo diz estar confiante que o bom momento deve durar. Ele afirmou estar bastante confortável com o funding atual do MCMV, ainda mais considerando os dados recentes de emprego no Brasil, que mostram o desemprego diminuindo cada vez mais.
“O FGTS está saudável, o que nos permite continuar oferecendo produtos e atendendo à demanda que temos observado no mercado”, afirma Gontijo.
Cabe lembrar que o MCMV conta com recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para financiar os subsídios concedidos aos clientes de baixa e média renda. Este ano também foi aprovado o uso do Fundo Social do Pré-Sal, garantindo a criação da Faixa 4, que abarca o financiamento de imóveis de até R$ 500 mil.
Para o futuro da empresa, o executivo destaca que pretende continuar trabalhando para garantir o retorno máximo de capital possível para o acionista e um dos focos principais é aumentar a velocidade das vendas. “Então, vamos continuar procurando trabalhar, buscando a maior eficiência possível”, destaca o CEO.