Uma notícia ajudou a impulsionar o papel do Banco do Brasil (BBAS3) nos últimos dias. Na sexta-feira passada (5), o Governo Federal publicou a Medida Provisória 1.314, que autoriza fontes de financiamento para linhas de crédito rural destinadas a liquidar ou amortizar dívidas de produtores afetados por eventos adversos.
Os pontos principais da MP são:
- até R$ 12 bilhões do superávit do Ministério da Fazenda, permitindo que os bancos troquem dívidas por linhas de crédito mais baratas, com prazo de 9 anos e carência de 1 ano;
- recursos livres dos bancos, com benefícios de capital semelhantes aos concedidos durante a pandemia.
‘Isso pode beneficiar o BBAS, potencialmente reduzindo a inadimplência do agro e ajudando os indicadores de capital’, escreveram os analistas XP.
Mas será que isso é suficiente? Confira o que diz a XP sobre o papel BBAS3.
Banco do Brasil: MP do governo resolve?
A XP mantém a projeção de que a inadimplência do agro seguirá pressionada, com normalização em níveis piores do que os observados nos últimos anos.
Entre os riscos, a corretora destaca:
- grandes produtores no Mato Grosso (MT) seguem bem capitalizados, apesar do atraso na comercialização de grãos, enquanto margens apertadas continuam pesando sobre produtores menores ou mais alavancados;
- o Banco do Brasil detém uma proporção maior de garantias júnior, em meio à intensificação da concorrência e ao aumento de Recuperações Judiciais (RJs).
“No segundo semestre, projetamos uma provisão para perdas esperadas de R$ 33 bilhões, o que levaria as provisões totais do ano além do limite superior da faixa do guidance (R$ 51–56 bilhões)”, escreveram os analistas da corretora.
Correção de rota
Como fez boa parte do mercado, a XP cortou o preço-alvo do Banco do Brasil (BBAS3) em R$ 7, de R$ 32 para R$ 25, o que abre potencial de alta de 13% em relação ao último fechamento. A recomendação segue em neutra.
Segundo os analistas, o banco deverá encontrar um caminho lento para a recuperação, após a forte inadimplência do agronegócio ter derrubado o lucro pela metade.
‘Esperamos que a inadimplência do agro continue pressionada, com uma melhora atrasada e mais gradual, e a normalização provavelmente em níveis piores do que nos últimos anos’, afirmam.
Além disso, outro fator pode atrasar ainda mais a melhora do BB: a desaceleração macroeconômica e o ambiente de altas taxas de juros continuam afetando as carteiras de pessoa física e de pequenas e médias empresas.
‘O custo de risco pode atingir 4,5% em 2025 e permanecer elevado nos próximos anos. Enquanto isso, o NII (margem financeira líquida) pode seguir sob pressão devido às novas regras contábeis de reconhecimento de juros.’
Para piorar, a direção do banco não sinaliza cortes de despesas.
Diante disso, a XP revisou para baixo a estimativa de lucro líquido de 2025, para R$ 20,6 bilhões, projetando um ROE (retorno sobre o patrimônio líquido) abaixo do custo de capital e um payout de 30%, o que implicaria um retorno em dividendos de 4,8%.
* Com informações do Money Times