Pouco mais de um mês após o ataque hacker que desviou cerca de R$ 1 bilhão, o Banco Central do Brasil (BC) voltou a emitir um alerta de “movimentação atípica no mercado” envolvendo criptoativos e direcionado a empresas de pagamento.
A notificação aconteceu no domingo (17) e na nota o BC informou ter identificado movimentações incomuns relacionadas à busca por operadores de USDT, associada a um possível ataque a participantes do Sistema Brasileiro de Pagamentos (SBP).
"Há indivíduos procurando de forma ativa operadores em USDT, com indícios de preparo para ação ilícita.”
O USDT é uma stablecoin atrelada ao dólar, ou seja, uma criptomoeda com valor estável equivalente à moeda norte-americana.
O alerta do Banco Central aparenta ter sido preventivo e não há indícios de que um novo ataque hacker ao sistema financeiro tenha sido realizado com sucesso.
Também não é possível saber se os responsáveis pela movimentação estariam tentando converter em criptoativos parte dos recursos desviados da C&M ou se se trata de uma nova tentativa de ataque.
"Este alerta visa prevenir possíveis prejuízos financeiros e danos à integridade do sistema financeiro nacional", diz a nota do BC enviada às associações.
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O roubo do século
No início de julho, o noticiário parou para acompanhar um crime que entrou para a história do mercado financeiro brasileiro.
Um ataque hacker desviou cerca de R$ 1 bilhão de contas ligadas à C&M Software, prestadora de serviços do sistema financeiro.
Embora parte do dinheiro tenha sido recuperada por meio de mecanismos do Banco Central, como o MED do Pix e bloqueios em contas bancárias, a maior parcela rapidamente migrou para o universo das criptomoedas, tornando a trilha muito mais difícil de seguir.
Exchanges como Binance, Bitso, Mercado Bitcoin e Foxbit registraram picos atípicos de movimentações no dia do crime, reforçando a suspeita de conversão imediata do montante em ativos digitais, incluindo o USDT.
Segundo especialistas ouvidos pelo Seu Dinheiro em julho, esse é justamente o ponto que pode tornar as perdas praticamente definitivas. Uma vez transformado em criptomoedas, o dinheiro passa a estar protegido por chaves privadas que não são nominais, sem vínculo direto com o dono da carteira digital.
Isso impede que autoridades financeiras recuperem os valores, já que as blockchains públicas não têm um controlador central.
Para os analistas, a mesma característica que dá segurança e autonomia aos investidores também funciona como escudo para criminosos, dificultando qualquer reversão ou confisco.
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Atenção, segurança em dobro
A Febraban confirmou que a movimentação estaria ligada a um possível ataque contra participantes do sistema de pagamentos brasileiro e disse que o alerta chegou na tarde de domingo.
“De imediato, a Febraban comunicou aos seus bancos filiados que participam de seus Comitês de Prevenção a Fraudes e de Cyber Segurança para que tomassem todas as iniciativas possíveis para se evitar o possível ataque”, afirmou a entidade em nota.
Entre as recomendações de segurança do BC estão os seguintes pontos:
- Intensificar o monitoramento de transações financeiras, sobretudo nos horários noturnos;
- Aumentar os níveis de autenticação e vigilância em sistemas de pagamento;
- Bloquear e comunicar imediatamente qualquer tentativa suspeita de movimentação, incluindo recebimento de valores altos para o perfil dos clientes ou envio de quantias relevantes para corretoras de criptoativos;
- Integrar as equipes de segurança operacional para avaliação contínua do risco ao longo da semana.
*Com informações do Valor Econômico