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Azul (AZUL4) e Gol (GOLL4) nas alturas: ações disparam após acordo sobre fusão — mas esses bancões explicam por que ainda não é hora de investir nos papéis

Aeronaves da Gol (GOLL4) e da Azul (AZUL4) na pista do aeroporto de Congonhas

Aeronaves da Gol e da Azul na pista do aeroporto de Congonhas, em São Paulo

As negociações para um acordo de fusão entre Azul (AZUL4) e Gol (GOLL4) estão ganhando cada vez mais altitude. E não só isso: as ações das duas companhias também estão nas alturas nesta quinta-feira (16) após a assinatura de um Memorando de Entendimentos Não Vinculante (MoU) para avaliar uma combinação de negócios. 

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A expectativa pela criação de uma nova gigante da aviação no país — que de cara deve ficar com 60% no mercado nacional de companhias aéreas — animou os investidores da B3. Vale destacar que, juntas, Azul e Gol valem mais de R$ 2 bilhões na bolsa brasileira. 

Por volta das 14h, os papéis da Gol saltavam 7,98%, negociados a R$ 1,76. É importante destacar que as ações da empresa estão registradas na bolsa sob a categoria “Outras Condições”, após o pedido de reestruturação financeira da Gol nos Estados Unidos. As ações fecharam em alta de 4,29%, a R$ 1,70.

Já as ações da Azul voavam 5,44%, a R$ 4,65, figurando como a maior alta do Ibovespa hoje. No final de pregão, a alta foi de 3,63%, a R$ 4,57. O principal índice da bolsa brasileira, por sua vez, caiu 1,15%, aos 121.234,14 pontos. 

O desempenho dos papéis mostra que o acordo foi bem recebido pelo mercado. No entanto, a conclusão da operação ainda depende de vários fatores, como aprovações regulatórias e, principalmente, a conclusão do Chapter 11, prevista para abril deste ano. 

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Se depender da Gol, isso tem tudo para acontecer, uma vez que a aérea anunciou um plano de cinco anos para voltar a voar com mais tranquilidade financeira. Contudo, será que a fusão deve realmente favorecer as empresas e impulsionar as ações na bolsa?

Os analistas do Goldman Sachs, BTG Pactual e Santander se posicionaram de forma neutra em relação ao acordo, mas veem a fusão como um passo estratégico, com potencial de melhorar o cenário aéreo brasileiro — o setor tem enfrentado dificuldades desde a pandemia de Covid-19, forçando as aéreas a reestruturar dívidas e gerenciar custos.

Primeiro, confira os principais termos do acordo, conforme o MOU divulgado ontem. 

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O acordo entre Azul e Gol: “poison pill” e marcas separadas

A notícia sobre uma possível fusão foi divulgada ontem pelo grupo Abra, controlador das companhias aéreas Gol e Avianca. A empresa anunciou que formalizou um memorando de entendimento com a Azul com a intenção de unir operações no Brasil.

Em fato relevante à CVM, a Gol explicou que o acordo marca a etapa inicial de uma negociação que tem como objetivo "explorar a viabilidade de uma possível transação".

A governança da empresa resultante da fusão será estruturada para equilibrar os interesses tanto da Azul quanto do Grupo Abra. O conselho da nova empresa será composto por membros indicados por ambos os lados, além de alguns membros independentes. 

Além disso, as marcas Azul e Gol permanecerão separadas, e a liderança será dividida, com o presidente do Conselho indicado pelo Grupo Abra e o CEO pela Azul. Também existe a possibilidade de cláusula “poison pill”, que obriga qualquer comprador de 15% ou mais das ações da nova empresa a fazer uma oferta para adquirir 100% das ações.

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Conforme o comunicado das companhias, a união dos negócios ainda está sujeita à “consumação do plano de reorganização no âmbito do procedimento de Chapter 11” e a “outras condições e aprovações para o fechamento a serem negociadas”.

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“Neutros”, analistas destacam riscos, mas fusão pode ser uma saída para o setor

Embora a assinatura do memorando represente o sinal verde para a combinação dos negócios entre as empresas, analistas ressaltam que esse é apenas um primeiro passo

Isso porque o MoU define um entendimento mútuo sobre como as partes irão proceder, mas não implica em uma obrigação legal imediata ou uma conclusão obrigatória do acordo.

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“Uma longa jornada”

Em relatório sobre o acordo, o Santander acredita que a transação entre as companhias deve melhorar de forma prática o cenário competitivo do setor aéreo brasileiro. 

No entanto, o banco ainda não enxerga um “céu azul”. Para os analistas, esse será um “um caminho longo e sinuoso” até que as sinergias potenciais do negócio sejam alcançadas. 

Isso inclui a integração de back office (operações de atendimento ao cliente, gestão de voos etc.), esforços comerciais, programas de fidelidade e negócios de carga. 

Os analistas também destacam vários desafios na potencial fusão entre Azul e Gol. Por exemplo, as empresas teriam muito trabalho para a integração das frotas, já que utilizam diferentes tipos de aeronaves, e o treinamento de pilotos e manutenção seriam obstáculos. 

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Além disso, o banco aponta que o cenário macroeconômico no Brasil é complicadíssimo para as companhias aéreas, com incertezas e aumento nos preços do petróleo

E aqui já temos exemplos: recentemente, a Azul assinou um acordo bilionário para o perdão de dívidas financeiras com o governo brasileiro, enquanto a Gol, que ainda está em recuperação judicial, perdeu 85,5% no valor de suas ações no ano passado. 

O Santander também menciona a volatilidade cambial, flutuações nos preços do combustível, menor demanda por viagens aéreas e a deterioração da economia brasileira.

Goldman Sachs: um movimento estratégico com “mérito”, mas...

O Goldman Sachs reconhece o mérito estratégico da fusão, que pode criar uma companhia com mais poder de precificação e eficiência dentro do cenário de aviação no Brasil. 

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Além disso, existem sinergias positivas, como melhor gestão de receitas, maior flexibilidade de aeronaves e uma rede complementar de rotas. No entanto, o banco destaca que são necessários mais detalhes sobre a estrutura do acordo para uma avaliação completa.

Por fim, o Goldman Sachs menciona um possível risco antitruste, embora a Azul acredite que a sobreposição de rotas entre as duas companhias seja limitada — o que pode evitar questionamentos do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE).

O Goldman Sachs também aponta ainda outros riscos que podem afetar a avaliação e o desempenho da Azul, incluindo:

BTG: fusão seria um “marco na indústria aérea brasileira"

O BTG Pactual, por outro lado, tem uma visão mais positiva sobre a possível fusão. Além das sinergias, o acordo pode beneficiar as duas aéreas em termos de aumento de receita, otimização da malha aérea e melhorias operacionais. Os analistas também são mais otimistas em relação à aprovação regulatória e à estrutura de governança proposta.

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Na visão dos analistas, a fusão também pode trazer benefícios relacionados aos impostos na compra de combustível de aviação e a adição de novas rotas internacionais para os EUA e a Europa. Além disso, há sinergias previstas no setor de transporte de cargas.

Nas estimativas do BTG, a receita combinada de Azul e Gol seria de US$ 8 bilhões (cerca de R$ 48 bilhões) e US$ 500 milhões (R$ 3 bilhões) em sinergias. Sessenta e cinco por cento dessas sinergias seriam ser capturadas em até 12 meses após o negócio, chegando a 75% em 2 anos.

Mas os analistas ainda aguardam as cenas dos próximos capítulos, especialmente como se dará a troca de ações entre as empresas caso a fusão se concretize. 

É hora de comprar Azul e Gol?

As perspectivas para as ações no entanto ainda não foram revisadas para uma luz mais positiva.

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O Santander estabelece um preço-alvo de R$ 6 para as ações da Azul para o final de 2025, o que representa um potencial de valorização de cerca de 50% sobre o fechamento anterior. Já a recomendação em relação ao papel na carteira dos analistas é neutra

O Goldman Sachs tem um preço-alvo de R$ 5,40 em 12 meses para as ações AZUL4 — uma alta de 11% sobre o fechamento anterior — com recomendação equivalente à neutra

Já o BTG tem recomendação equivalente à venda para as ações da Gol, com preço-alvo de R$ 1 para os próximos 12 meses. Para os papéis da Azul, a classificação é neutra

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