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Ações de educacionais como Yduqs (YDUQ3) e Cogna (COGN3) caem forte após decreto que muda regras da Educação a Distância (EaD)

Grupos educacionais ensino à distância EaD

Novo decreto muda regras do ensino superior a distância e afeta grandes grupos de educação - Imagem: Ricardo Stuckert / PR

O governo federal publicou nesta segunda-feira (19) o novo decreto que regulamenta a Educação a Distância (EaD) no ensino superior. 

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A medida, assinada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, traz mudanças significativas nas regras para cursos online e cria oficialmente a modalidade de cursos semipresenciais (híbridos).

Entre os principais destaques, estão a proibição da oferta de cursos como Medicina, Direito, Odontologia, Enfermagem e Psicologia em formato EaD, além de novas exigências de estrutura, qualidade docente e avaliações presenciais obrigatórias, mesmo para cursos online.

Segundo o Ministério da Educação (MEC), o foco é garantir uma “formação rica e integral”, valorizando a mediação pedagógica e a infraestrutura nos polos de apoio presencial. 

As novas regras deverão ser implementadas gradualmente ao longo de dois anos, e os alunos atualmente matriculados poderão concluir seus cursos segundo as regras antigas.

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O MEC ainda divulgará detalhes sobre o cronograma de transição e orientações para as instituições de ensino superior.

O anúncio das novas restrições derruba as ações das empresas de educação na bolsa nesta terça-feira (20).

Os papéis da Yduqs (YDUQ3) recuaram 5,07%, enquanto os da Cogna (COGN3) caíram 7,79%. Fora do Ibovespa, as ações da Ser Educacional (SEER3) subiram 2,44%, as da Ânima (ANIM3) recuaram 8,39% e as da Vitru Educação (VTRU3) tiveram queda de 8,96%.

O que muda com o novo decreto da EaD?

O novo marco regulatório da EaD estabelece novas regras para a educação a distância, cria novo formato de oferta — o semipresencial — e define as atividades online síncronas e síncronas mediadas (aulas interativas a distância em tempo real) como integrantes da modalidade EaD. 

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Novas regras

Novo formato de oferta das aulas

Quais empresas educacionais da bolsa devem ser as mais afetadas?

O novo decreto tende a ser negativo para o setor privado de educação, especialmente para instituições fortemente expostas à EaD, segundo análises do BTG Pactual e do JP Morgan.

De acordo com dados divulgados pelo BTG, os grupos educacionais listados em bolsa possuem maior participação relativa no segmento EaD em comparação com a modalidade presencial — atualmente, eles detêm 32% de participação nos cursos presenciais versus 67% no EaD.

Já instituições com foco no presencial, como a Ânima Educação, podem ser menos impactadas ou até beneficiar-se relativamente.

Consequentemente, esses grandes players do mercado podem enfrentar desafios para manter sua base de alunos, além de terem os custos operacionais — principalmente com corpo docente — elevados por causa da exigência de aulas síncronas e avaliações presenciais.

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O BTG destaca que cerca de 20% da base atual de alunos EaD está matriculada em cursos agora restritos, como licenciaturas, Enfermagem e Educação Física.

“Apesar do período de transição, a nova regulamentação deve aumentar os custos de um setor que já enfrenta dificuldades para repassar reajustes nas mensalidades”, avalia o BTG Pactual.

Limite de 30% deve pressionar as margens das empresas listadas

O JP Morgan estima que as instituições educacionais que utilizavam o limite máximo anterior de 40% de EaD nos cursos presenciais deverão enfrentar um aumento de cerca de 14% nos custos, considerando que a hora-aula EaD custa 1/10 do valor da presencial. 

De acordo com os analistas do banco, esse aumento de custos pode implicar uma redução de cerca de 6 pontos percentuais na margem bruta para empresas que operam com margem bruta de aproximadamente 60% em cursos presenciais — caso não haja reajuste de preços.

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Entre os cursos com restrição ao EaD e semipresencial, o de Enfermagem é o mais relevante, segundo análise do JP Morgan. 

Com base em dados regulatórios de 2023, as maiores exposições entre as empresas educacionais analisadas são as da Cogna (8% dos alunos EaD em Enfermagem) e as da Ser Educacional (7%). Yduqs e Ânima têm apenas 1% de exposição cada.

Estimativas do banco mostram que o impacto potencial na receita consolidada ficaria entre -4,9% (Cogna) e -0,1% (Ânima).

Esse impacto, no entanto, deve ocorrer ao longo do tempo, já que os alunos atualmente matriculados não serão afetados pelas novas regras.

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Futuro incerto para plataformas white-label

Além disso, de acordo com os analistas do BTG Pactual, as novas regras do MEC podem acabar com o modelo de plataformas white-label, muito usado por instituições menores que terceirizam conteúdo educacional. 

Segundo o banco, todo o conteúdo agora deverá ser produzido internamente, o que pode inviabilizar a atuação de pequenos players.

Explosão do ensino a distância nos últimos anos

Dados do Censo da Educação Superior 2023 reforçam o crescimento acelerado da EaD no Brasil: 232% entre 2018 e 2023.

Em 2023, o número de ingressantes em cursos EaD foi o dobro dos presenciais. Na rede privada, 73% dos ingressos foram em cursos a distância. 

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Além do crescimento numérico, houve um processo de interiorização do ensino a distância: em 93% dos municípios brasileiros há estudantes matriculados em cursos EaD.

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