Embraer (EMBR3): por que o mercado atribui valor zero ao “carro voador” e o que pode fazer a Eve decolar
Com testes em protótipos em tamanho real e a expertise da Embraer em certificação, a Eve avança para que o carro voador deixe de ser especulação e se torne uma alternativa viável
Passado o susto com a ameaça do tarifaço americano, a ação da Embraer (EMBR3) já retomou trajetória de alta, tentando recuperar o pico histórico alcançado no início de julho.
A partir dos próximos meses, além da empolgação com a carteira crescente de pedidos da companhia, o mercado deverá ter mais um grande ponto para levar em consideração: o desenvolvimento da Eve Air Mobility.
A empresa é a responsável por um dos projetos que mais atraem a atenção do público, e não apenas o investidor: o eVTOL (sigla para electric vertical takeoff and landing vehicle) — mais conhecido como o “carro voador”.
No início de julho, a Eve, que é listada na Bolsa de Nova York desde 2022, começou a negociar BDRs (recibos de ações) na B3. Nesta quinta-feira (18), a empresa anunciou que terá um aumento de capital de US$ 230 milhões, com recursos injetados pelo BNDES, pela própria Embraer e por investidores institucionais.
A Eve tem valor de mercado de cerca de R$ 11 bilhões (US$ 1,95 bilhão). A Embraer detém 84% da Eve e vale R$ 59 bilhões.
Em tese, seria possível dizer que 20% do valor atribuído à Embraer viria da Eve, mas não é bem assim.
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Na prática, o mercado não atribui quase nenhum valor à participação na empresa de eVTOLs quando faz o valuation da Embraer hoje
Mas essa história pode começar a mudar neste segundo semestre, com eventos relevantes para que a indústria de veículos voadores saia do papel.
A Embraer (EMBR3) e o sonho dos Jetsons
Esse negócio tomou corpo na pandemia, período em que havia excesso de dinheiro de investidores em busca de novas ideias, o que deu asas para os sonhos de empresários inspirados no mundo do desenho animado “Os Jetsons”, produzido pela Hanna-Barbera e lançado em 1962.
Na animação, que previa o mundo no futuro não muito distante, os engarrafamentos aconteciam nos céus, já que o principal meio de locomoção era a “aeronave própria”.
Nos nossos dias, os veículos voadores estão sendo pensados como uma alternativa de mobilidade urbana, diante do caos no trânsito das grandes metrópoles.

Alternativa aos helicópteros
Os eVTOLs deverão começar operando nos principais centros financeiros do mundo, convivendo ou até mesmo tomando espaço dos helicópteros. Além do mercado norte-americano e londrino, há boas perspectivas de mercado para países da Ásia e do Oriente Médio.
No caso de São Paulo, a rota inicial ligaria, por exemplo, os bairros nobres ao aeroporto de Guarulhos. Algumas companhias aéreas também já mostraram interesse em usar os eVTOLs para novas rotas entre pequenos aeroportos de cidades e municípios, por exemplo.
De início, os eVTOLs deverão ser utilizados para voos em distâncias de cerca de 100 km para o transporte de pessoas – cinco ou seis – e também de cargas.
A ideia caiu com uma luva em tempos de pandemia porque tem tudo a ver com sustentabilidade.
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Por ser elétrico, o eVTOL reduz a emissão de gases do efeito estufa e é menos prejudicial ao meio ambiente. Também traz ganho de eficiência e combate um dos principais custos dessa indústria: o combustível. Além disso, é muito mais silencioso do que um helicóptero, com 90% menos ruído.
Uma das grandes preocupações da indústria é o melhor formato para a dimensão, capacidade e autonomia das baterias e, consequentemente, dos voos.
“O tema bateria vem evoluindo bastante, também por conta dos carros elétricos, dos riscos de explosões, etc. Ainda existe uma curva de perda da bateria, que vem sendo muito bem mapeada no modelo de negócios das companhias”, diz um analista. “Mas as certezas só virão quando os voos começarem.”
Como estão os concorrentes da Embraer
A indústria começou com ideias e o dinheiro disponível na pandemia, mas também foi chancelada por grandes nomes do setor e dos negócios.
Toyota, Uber, Intel, Fidelity, Blackrock, United Airlines, American Airlines, Microsoft, Rolls-Royce, Stellantis, Exor, Mubadala e Tencent foram algumas das empresas e investidores que colocaram dinheiro nesses produtos.
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Ao mesmo tempo, os reguladores também se engajaram em tratar do tema, o que tirou a ideia de uma mera especulação. Desde os primeiros investimentos, algumas empresas, como Lilium, ficaram pelo caminho; e a chinesa Ehang já está voando.
No momento, as americanas Archer e Joby estão mais próximas de iniciar a operação comercial de um veículo desses, pois já estão fazendo voos com protótipos do eVTOL em tamanho real.
Alta de 110%
O mercado espera que a certificação do equipamento e do mercado pelas autoridades americanas saia no curto prazo. A Joby estaria mais próxima disso e somente neste ano viu suas ações na NYSE subirem 110% – a empresa está valendo US$ 15 bilhões.
O modelo da Joby é integrar toda a operação: vão fabricar as aeronaves e operar os serviços de táxi aéreo com os produtos próprios, sem intermediários – a Uber é um dos acionistas.
No último dia 4 de agosto, a Joby anunciou a compra do negócio de transporte de passageiros da Blade Air Mobility, que atua nos EUA e na Europa. Isso vai garantir à Joby acesso imediato, por exemplo, a 12 terminais estratégicos, como lounges dedicados nos aeroportos internacionais JFK e Newark, bem como vários pontos em Manhattan.
Só em 2024, a Blade transportou via helicópteros mais de 50 mil passageiros em rotas de curta distância. A Blade não tem frota própria. O negócio é avaliado em US$ 125 milhões.
“Como a Joby está avançada no processo de certificação nos EUA, é uma empresa importante de ser acompanhada por todo o setor porque vai abrir o caminho”, resumiu o analista de uma gestora.
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Depois que a primeira empresa começar a operar, provavelmente, em Nova York, será possível um entendimento melhor da cadeia desse negócio.
Segundo um gestor, a partir daí vai existir menos risco para o negócio e o setor, e o mercado vai pagar mais por essas empresas. “Mas hoje as incertezas e riscos ainda são bastante altos, o que requer cautela ou frieza numa decisão de investimentos.”
Como está a Eve
Diferentemente da Joby, que participará de todas as etapas do mercado, a Eve apenas fabricará os eVTOLs para vendê-los a operadores, seguindo o modelo da Embraer com as empresas de aviação tradicional.
Na teleconferência de resultados do segundo trimestre, em 6 de agosto, a Eve considerou o acordo entre Joby e Blade como uma notícia positiva para seu negócio e para a indústria, porque colabora para o desenvolvimento do eVTOL. Conforme observou o J.P.Morgan em relatório, a plataforma da Blade deverá continuar sendo acessada por diversos fabricantes.
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Em junho passado, a empresa da Embraer deu um importante passo: assinou seu primeiro “contrato firme” para a venda de eVTOLs com a Revo, controlada pela Omni Helicopters International, e que já opera com mobilidade aérea urbana em São Paulo.
Segundo a consultoria SMG, especializada em mobilidade urbana, a Eve tem a maior carteira de pedidos do setor – da ordem de US$ 14 bilhões. No entanto, são ordens que indicam ainda somente a intenção de compra.
“O contrato com a Revo foi a primeira confirmação de compra, ou seja, a Revo precisa colocar dinheiro para que a produção comece. Essa foi uma notícia muito positiva para a Eve”, disse um gestor.
A EVE segue trabalhando para aumentar as encomendas e acredita que, à medida que a certificação vá se aproximando, mais ordens sejam transformadas em pedidos “firmes”. A empresa tem recursos suficientes para os próximos dois anos. No entanto, precisará de mais recursos para concluir a certificação.
A empresa informou na conferência de resultados que há conversas para uma emissão de dívida de longo prazo, possível por ter um acionista de peso, como a Embraer.
“Não basta fazer o bicho voar”
Até o fim do ano, possivelmente no quarto trimestre, a Eve fará o primeiro teste do veículo elétrico voador em tamanho real, ainda não tripulado. Depois disso, o cronograma da empresa prevê de três a cinco protótipos voando a partir do ano que vem, dando continuidade aos testes.
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“O valuation da Eve pode mudar no segundo semestre, à medida que o voo de teste do protótipo em escala real ocorrer”, escreveram os analistas do Itaú BBA, em relatório recente.
Mas não basta só fazer o bicho voar. O processo todo necessita de uma certificação, aos cuidados da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) – no cronograma da Eve, esse ok do regulador deverá vir em 2027, mas atrasos não estão descartados.
“Com os veículos certificados até o primeiro trimestre de 2027, a Eve poderia começar a entregar as primeiras ordens”, disse um analista. “A Embraer já certificou mais de 30 modelos diferentes de aeronaves em sua história, o que lhe dá um conhecimento significativo nesses processos em relação aos concorrentes”, disse.
Como se trata de uma indústria nova, o processo de certificação é em “água ainda não navegadas”, então é um processo de aprendizado, tanto para empresas quanto para os reguladores.
Em conversas com pessoas da indústria da aviação, a impressão é que a certificação da Anac tende a ser muito próxima ao que for exigido pelo regulador americano, a FAA.
Isso quer dizer que se o veículo da Embraer tiver aprovação no Brasil, terá tudo para passar também nos EUA. A aprovação nos EUA é crucial, pois é o mercado mais rentável para o setor.
E a infraestrutura?
Em termos de infraestrutura, afirma um analista, não está muito claro para o mercado como ela será. “Em tese, e segundo o desejo da própria Eve, o eVTOL pode utilizar os helipontos que já existem no país. Só que, via de regra, será necessária uma infraestrutura para recarregar os eVTOLs. Então, não se sabe se isso será viável.”
Existe uma carga máxima de bateria por eVTOL. “Ele vai ficar indo e voltando de Guarulhos, por exemplo, carregando um pouquinho a cada pouso e reabastecendo totalmente durante a noite, período de menor utilização. Mas imagino que só será possível verificar a melhor forma de fazer isso no dia a dia. Esse é um dos muitos desafios: a infraestrutura, principalmente de abastecimento, nos helipontos.”
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Outros desafios são a aceitação das pessoas ao novo veículo – para alguns, esse é o maior desafio de todos –, além de possíveis adaptações para a eventual necessidade de terem de ser feitos helipontos específicos e a necessidade de treinamento para pilotos.
“O que a empresa diz é que o eVTOL é mais fácil de pilotar do que um helicóptero.” Nos planos da indústria, está, sim, em algum momento no futuro voar sem piloto.
“Mas isso ainda está distante. Já é um produto novo a ser certificado, para conseguir esse aval sem a presença de um piloto parece ainda muito mais difícil. E lembrando que os carros elétricos autônomos ainda não têm aceitação, imagina uma aeronave”, disse o analista.
Os Jetsons já são realidade na China
No entanto, pensar num mundo quase igual ao dos Jetsons pode, para ele, ser uma realidade daqui a uns cinco anos, quando a indústria estiver funcionando. “Na China, alguns modelos já estão voando, mas trazer para mercados do Ocidente, inclusive por conta das diferenças de regulação, é muito mais complicado.”
A SMG Consulting, que estuda o setor, olha para as Olimpíadas de Los Angeles em 2028 como um marco para o início da operação em escala dos eVTOLs.
Também em junho, a Eve divulgou uma estimativa de que a frota global de carros voadores seja de 30 mil unidades até 2045, transportando 3 bilhões de passageiros. Isso deve gerar uma receita potencial de US$ 280 bilhões.
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