Donald Trump deu um aviso para a China, durante uma conversa com jornalistas no avião presidencial, Air Force One. O presidente dos Estados Unidos afirmou ontem (19) que Pequim precisa "retomar a compra de soja, pelo menos nos volumes de antes", e parar de mandar fentanil para os EUA, ao descrever o que espera do país asiático em meio às negociações bilaterais.
Como aponta à CNN, a China não havia importado soja dos Estados Unidos em setembro deste ano, primeiro mês desde novembro de 2018 em que embarques caíram para zero. Além disso, no dia 10 de outubro, o presidente havia anunciado, na sua rede social Truth Social, uma nova tarifa de 100% sobre importações chinesas, que será somada a quaisquer outras tarifas já vigentes. Segundo o presidente americano, a medida entrará em vigor em 1 de novembro.
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A bordo do Air Force One, o republicano acrescentou que mantém "ótima relação com Xi Jinping" e voltou a acenar com a possibilidade de reduzir as tarifas sobre a China, desde que Pequim cumpra essas condições.
Trump disse ainda não querer que o país asiático "jogue o jogo das terras raras conosco". Segundo ele, trata-se de pedidos "muito normais" para considerar a redução de sobretaxas.
O que levou Trump anunciar as novas tarifas
A decisão de Trump de impor uma nova tarifa de 100% sobre importações chinesas foi uma resposta direta ao endurecimento da postura de Pequim, que introduziu controles inéditos sobre a exportação de metais de terras raras. Pelas novas regras, empresas estrangeiras precisarão obter aprovação prévia das autoridades chinesas para exportar produtos que contenham esses metais.
O presidente americano acusou a China de explorar seu “monopólio” sobre o setor — responsável por cerca de 60% da mineração e mais de 90% do processamento global de 17 metais essenciais a tecnologias estratégicas, como semicondutores, sistemas de mísseis, smartphones e veículos elétricos.
Desaceleração do crescimento econômico da China no terceiro trimestre
A China atribuiu a desaceleração do crescimento econômico no terceiro trimestre ao "abuso de tarifas por alguns países", que, segundo o porta-voz do Escritório Nacional de Estatísticas (NBS, pela sigla em inglês) do país, teria desorganizado a ordem do comércio global e ampliado as incertezas externas.
Em coletiva realizada nesta segunda-feira (20) o representante reconheceu que o ritmo da atividade perdeu fôlego entre julho e setembro, mas afirmou que a economia chinesa "mantém bases sólidas e ampla resiliência" diante de um cenário internacional adverso e de ajustes internos na estrutura produtiva.
O PIB chinês teve expansão anual de 4,8% no terceiro trimestre deste ano. Analistas consultados pela FactSet esperavam alta de 4,7%. No trimestre anterior, a economia chinesa havia avançado 5,2% no comparativo anual.
Quais são os motivos que freiam a economia e as condições para reverter o cenário
O porta-voz destacou que a China segue como "uma das principais fontes estáveis de crescimento global", ressaltando que a desaceleração é resultado de "problemas do desenvolvimento, não de retrocesso". Ele acrescentou que Pequim vem enfrentando "pressões externas e desafios domésticos" com medidas de estímulo voltadas à expansão da demanda e à modernização industrial, impulsionadas por setores como inteligência artificial (IA), robótica e energia limpa.
Para o restante do ano, o NBS afirmou que há "condições favoráveis" para o cumprimento das metas de crescimento, sustentadas pela continuidade das políticas fiscais e monetárias expansionistas e pelo avanço das chamadas "novas forças produtivas". Segundo o porta-voz, Pequim pretende "reforçar o ajuste anticíclico, ampliar a demanda interna e estimular a confiança do mercado", de modo a assegurar que a economia permaneça estável.
Relação dos EUA com Oriente Médio e Argentina
Ainda durante a conversa com jornalistas no avião presidencial que aconteceu ontem (19), questionado sobre a situação no Oriente Médio, Trump declarou que o cessar-fogo entre Israel e o Hamas segue em vigor, mas que alguns rebeldes dentro do grupo podem estar por trás de recentes disparos. "Talvez a liderança do Hamas não esteja envolvida nisso, mas, de qualquer forma, lidaremos com isso de forma dura, porém correta", afirmou.
Trump também comentou a situação econômica da Argentina, dizendo que o país "está morrendo" e que "gostaria de ajudá-los".
Segundo ele, a Argentina é aliada do seu país, mas não está bem financeiramente. O republicano afirmou que Washington está considerando comprar carne da Argentina, ainda que "não se trate de muita coisa".
O republicano afirmou ainda que várias nações da América do Sul "estão saindo do socialismo e nos procurando".