A agência de classificação de risco Moody's afirmou neste sábado (13) que novas sanções dos Estados Unidos ao Brasil, após a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal (STF), podem vir na forma de reversão das isenções concedidas a produtos brasileiros.
Em agosto, o presidente dos EUA, Donald Trump, promoveu um “tarifaço” contra produtos brasileiros, porém, uma parte relevante da pauta exportadora brasileira acabou isenta. No total, foram 694 produtos que ficaram de fora da taxação.
"Esses acordos podem ser revertidos se as tensões aumentarem", diz o vice-presidente e diretor de crédito sênior da Moody's para a América Latina, Adrian Garza, em comentário ao Estadão/Broadcast. Para ele, a situação é 'fluida'.
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Setores como o de exportações de aeronaves, petróleo e suco de fruta, que hoje figuram na lista de exceções tarifárias, são os mais vulneráveis, enquanto os bancos brasileiros também poderiam ser atingidos por eventuais medidas.
Setor financeiro também está em risco
Para Garza, outro risco está no setor financeiro, que representa 22% do investimento estrangeiro direto dos EUA no Brasil.
"Os bancos brasileiros, até agora, evitaram sanções, mas medidas podem interromper operações transfronteiriças e minar a confiança dos investidores", alerta.
O vice-presidente afirma que, apesar dessas vulnerabilidades setoriais, o perfil de crédito soberano do Brasil não está diretamente exposto a sanções ou medidas comerciais dos EUA neste momento.
"Assim, não vemos um aumento imediato na vulnerabilidade externa do Brasil", acrescenta.
O Brasil tem rating de 'Ba1' pela Moody's, um degrau abaixo do grau de investimento na classificação da agência. Em maio deste ano, a classificadora mudou a perspectiva da nota brasileira de positiva para estável, prevendo um prazo maior para a consolidação fiscal no país.
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STF condena Bolsonaro
A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal formou maioria para condenar o ex-presidente Jair Bolsonaro a 27 anos e três meses de prisão em regime fechado. A pena total é dividida em 24 anos e nove meses de reclusão, destinados a crimes com regime fechado, e 2 anos e nove meses de detenção, aplicáveis a crimes que preveem o regime semiaberto ou aberto.
Como a pena ultrapassa 8 anos, Bolsonaro deverá iniciar o cumprimento no regime fechado. O tamanho da sentença foi decidido após a Corte votar pela condenação do ex-presidente.
Com 4 votos a 1, a Turma concluiu que Bolsonaro é culpado pelos cinco crimes que lhe foram imputados pela Procuradoria-Geral da República (PGR), relacionados aos atos golpistas que visavam desestabilizar a democracia e barrar a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, entre o final de 2022 e o início de 2023.
Bolsonaro foi condenado por “liderar” uma organização criminosa baseada em um “projeto autoritário de poder”, que teria como meta a execução de um golpe de Estado.