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Ibovespa até tentou, mas não deu para mais ninguém: setembro foi o mês do ouro e da máxima ‘o novo ouro é o próprio ouro’

Cenário da bolsa de valores, com operadores olhando para uma pilha de ouro no centro, com um facho de luz iluminando o ouro

Há quem diga que o bitcoin (BTC) é o “novo ouro” ou o “ouro digital”. Este mês de setembro mostrou que essa premissa pode não ser tão acertada. A valorização de 9,45% do metal precioso no mês, diante de uma nova derrocada do dólar e da alta tímida de 2,54% da criptomoeda indicam que a tese “o novo ouro é o próprio ouro” pode ser mais acertada. 

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Nesta terça-feira (30), o contrato futuro de ouro negociado em Nova York fechou mais uma vez em um preço histórico, de US$ 3.887,20 por onça-troy. No ano, o metal precioso acumula quase 50% de valorização, enquanto em agosto subiu 10%.  

No levantamento do Seu Dinheiro, a referência para o ouro é o ETF GOLD11, que subiu 9,45% no mês e 26,88% no ano.  

O impulso do ouro no ano é o enfraquecimento do dólar. Entretanto, especificamente em setembro, uma nova ameaça de paralisação financeira do governo norte-americano falou mais alto. 

Ouro cada vez mais brilhante... 

À meia-noite desta terça as contas públicas dos EUA podem desencantar, no processo contrário dos contos de fada — sem direito à magia para resolver a situação.  

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Democratas e republicanos travam um embate no Congresso norte-americano para votar o Orçamento do ano fiscal de 2026, que se inicia em outubro. Os legisladores têm até à meia-noite de hoje para resolver o impasse ou o governo entra em shutdown, sem verba pública para seguir operando. 

A possível paralisação adiciona mais uma camada de incerteza à economia dos Estados Unidos. E quando a incerteza aperta, o caminho em direção à segurança fica dourado.  

Esse caminho já teve a cara de Abraham Lincoln, mas o enfraquecimento do dólar diante das políticas controversas de Donald Trump, do corte de juro promovido pelo Federal Reserve e do aumento do endividamento público dos EUA diminuiu o potencial de reserva de valor da moeda norte-americana.  

A prova disso é o carimbo dos principais compradores de ouro. Mais do que uma corrida de institucionais, a busca pelo metal precioso é liderada por bancos centrais. Nos últimos três anos, mais de mil toneladas de ouro entraram nos cofres públicos ao redor do mundo, da China à Rússia, de acordo com o World Gold Council.  

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A justificativa: a valorização da commodity em períodos de crises. Principalmente se a crise vem do país que emite a moeda que era a reserva número um.  

... dólar cada vez mais cinza  

A moeda norte-americana segue seu caminho de desvalorização — frente ao real e outras moedas globais.  

Em setembro, o índice dólar (DXY) andou de lado, ao fechar em 97,795 pontos após recuo de 0,08%. Entretando, no ano, o índice que acompanha o desempenho do dólar frente a outras moedas globais fortes recuou 9,87%.  

Em relação ao real, a desvalorização é ainda maior. O dólar comercial perdeu 13,87% de valor ante o real no ano e 1,83% no mês.  

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Nesta terça-feira, o câmbio fechou quase zerado, com uma pequena variação de 0,01%. Com isso, o preço final do dólar em setembro foi de R$ 5,323.  

Grandes gestores de fundos brasileiros acreditam que essa tendência de desvalorização do dólar ainda vai longe. Mas isso não é uma vitória para o real e, sim, um fracasso para o dólar.  

Veja a seguir o ranking completo dos investimentos em setembro — e no ano: 

Investimento Rentabilidade no mês Rentabilidade no ano 
Ouro (GOLD11) 9,45% 26,88% 
Ibovespa 3,40% 21,58% 
IFIX 3,25% 15,18% 
Bitcoin 2,54% 5,41% 
Tesouro Prefixado com Juros Semestrais 2035 2,12% 15,23% 
Tesouro Prefixado 2032 1,58% 
Índice de Debêntures Anbima Geral (IDA - Geral)* 1,36% 11,46% 
Tesouro Selic 2028 1,14% 
Tesouro Selic 2031 1,13% 
CDI* 1,11% 10,29% 
Tesouro Prefixado 2028 0,74% 
Poupança antiga** 0,68% 6,06% 
Poupança nova** 0,68% 6,06% 
Tesouro IPCA+ 2029 0,09% 8,27% 
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2035 -0,06% 7,53% 
Tesouro IPCA+ 2040 -0,33% 
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2045 -0,44% 7,42% 
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2060 -1,11% 
Dólar à vista -1,83% -13,87% 
Dólar PTAX -2,10% -14,03% 
Tesouro IPCA+ 2050 -3,34% 
(*) Até dia 29/09. 
(**) Poupança com aniversário no dia 26. 
(-) Títulos não apresentam rentabilidade anual porque começaram a negociar depois de janeiro. 
Todos os desempenhos estão cotados em real. A rentabilidade dos títulos públicos considera o preço de compra na manhã da data inicial e o preço de venda na manhã da data final, conforme cálculo do Tesouro Direto. 
Fontes: Banco Central, Anbima, Tesouro Direto, Broadcast e Coinbase Inc.. 

Foguete Ibovespa  

O ouro tomou a frente, mas o Ibovespa vem logo atrás. A bolsa brasileira subiu 3,40% no mês e segue testando novas pontuações cada vez mais altas. Em setembro, chegou a ultrapassar os 147 mil pontos em um pico intradiário. Devolveu o valor.  

Ainda assim, o período acabou com o Ibovespa segurando 146.237,02 pontos, em um dia de pregão negativo.  

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De modo geral, o sentimento do mercado é positivo em relação às ações brasileiras. No cenário doméstico, a expectativa de corte de juros no início de 2026 pelo Banco Central faz o mercado se antecipar e voltar a comprar ações desde já.  

Além disso, o cenário internacional de saída do dólar em direção a mercado emergentes atrai estrangeiros para o Ibovespa. O fluxo ainda é minguado, mas a expectativa é que se intensifique na esteira de mais cortes de juros nos EUA e o início dos cortes aqui.  

Enquanto isso, a volatilidade movimenta a bolsa com um passo atrás e dois à frente a cada nova informação. No ano, essa dança fez o Ibovespa disparar 21,58%.  

E a renda fixa?  

Teve um mês misto. De um lado, os títulos prefixados seguem registrando valorização no preço diante da perspectiva de corte de juros nos próximos meses. Isso faz com que o mercado espere títulos com taxas menores no futuro, de modo que os papéis antigos, de taxas maiores, passam a valer mais.  

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Com isso, o Tesouro Prefixado com Juros Semestrais 2035 segue na dianteira. O papel já valorizou 15,23% no ano. Em setembro, foi o destaque dos títulos públicos ao ganhar 2,12% na marcação de preço.

O Tesouro Prefixado 2032 aparece na sequência, com um ganho mensal de 1,58% no preço. Como começou a negociar depois de janeiro, o Tesouro não contabiliza sua valorização no ano.  

Já o Tesouro Selic, que acompanha a taxa básica de juros, segue com seu retorno intocável. Em setembro, registrou 1,14% e 1,13% de retorno nos papéis de 2028 e 2031, respectivamente.  

Mas com os títulos indexados à inflação o cenário muda. Questões como política monetária e inflação afetam vencimentos curtos. Para os cenários mais longos, o risco-país, a credibilidade fiscal e fatores mais estruturais são predominantes.  

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Não por acaso, quase todos os papéis Tesouro IPCA + registraram perda de valor no mês — ou seja, as taxas subiram e os preços caíram. Não foram movimentos fortes, mas analistas e gestores afirmam que o cenário eleitoral de 2026 tem sido uma trava para a valorização desses títulos.  

O nível de juro real acima de 7% se mantém há vários meses e não deve mudar enquanto o cenário das contas públicas do país não tiver direcionamento pelo governo — o atual ou um novo.  

Veja as maiores altas do Ibovespa em setembro

EmpresaCódigoDesempenho no mês
Magazine LuizaMGLU317,34%
EletrobrasELET316,66%
EletrobrasELET616,24%
CognaCOGN314,04%
MinervaBEEF312,11%
Fonte: B3/Broadcast

E as maiores quedas do Ibovespa em setembro

EmpresaCódigoDesempenho no mês
BraskemBRKM5-29,88%
VamosVAMO3-20,55%
MarfrigMRFG3-15,28%
HapvidaHAPV3-14,05%
Azzas 2154AZZA3-12,99%
Fonte: B3/Broadcast
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