Imagine pagar até US$ 200 mil por cabine para uma viagem de luxo ao Polo Norte: refeições estreladas, DJs, saunas, telescópios Swarovski e até mergulho no gelo. Mais de 150 convidados — executivos de tecnologia, empresários, celebridades da TV russa e até uma banda de rock famosa — estavam prontos para zarpar de Svalbard, na Noruega, a bordo do Le Commandant Charcot, um navio quebra-gelo cinco estrelas da companhia francesa Ponant — da bilionária família Pinault.
Só que o cruzeiro naufragou — figurativamente falando.
Tudo ruiu quando o russo Iurii Gugnin, fundador da corretora de criptomoedas Evita Investments, foi preso pelo FBI em Nova York. A empresa era responsável por intermediar o pagamento do fretamento do navio.
Gugnin é acusado de lavar mais de US$ 500 milhões, de violar sanções americanas e de ajudar Moscou a obter “tecnologia sensível” dos EUA.
Segundo a agência russa TRVL, responsável por fretar o navio, a própria Ponant havia aprovado o uso da Evita como intermediária, depois de outro banco cobrar comissões elevadas.
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Com a prisão, a família Pinault, dona da Gucci e da Saint Laurent, rescindiu o contrato e se recusou a devolver cerca de US$ 5,8 milhões já pagos pela TRVL.
Resultado: processo na Justiça francesa e uma multidão de clientes irritados que já tinham garantido lugar na aventura polar.
O advogado da agência fala em impacto “totalmente catastrófico” e teme ainda mais ações dos 165 clientes que já haviam pago pelas cabines.
A viagem marcaria o 10º aniversário da Neverend, agência russa cofundada por Boris Pustovoytov (também cofundador da TRVL), voltada para viagens de luxo a destinos remotos.
Atualmente a Ponant opera 13 navios de luxo, com o Le Commandant Charcot sendo sua joia da coroa.
Outras excursões oferecidas pela empresa incluem uma viagem de três semanas de Buenos Aires à Antártida, um passeio pelo Mar Egeu e uma viagem de Lisboa à Argentina.