A Argentina voltou a viver momentos dramáticos na política e na economia após Javier Milei sofrer uma forte derrota nas urnas de Buenos Aires, quando a população votou para redefinir o Parlamento local.
Embora a província seja considerada um reduto kirchnerista, ou seja, de esquerda, as eleições indicaram um revés inesperado. Isso porque, como Buenos Aires concentra cerca de 40% de todo o eleitorado do país, o pleito pode ser um mau sinal para o partido de Milei nas eleições legislativas gerais de outubro.
A derrota veio ainda em um momento em que o governo Milei passa por turbulências causadas por um escândalo de corrupção envolvendo a irmã do presidente argentino.
O resultado desencadeou uma semana de intensa volatilidade dos ativos argentinos. Segundo Daniel Delabio, sócio e gestor da Exploritas e convidado do podcast Touros e Ursos desta semana, a disputa política gerou um movimento de pânico entre investidores de curto prazo.
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As eleições de meio de mandato na conta de Milei
Em meio às turbulências políticas, o risco-país da Argentina voltou a subir, atingindo 1,5 mil pontos. No entanto, na visão de Delabio, grande parte desse aumento no risco se deveu à queda nos preços dos bonds (títulos de dívidas), e não necessariamente a uma deterioração dos fundamentos da política de Milei.
Delabio também ressalta que o partido do presidente, o La Libertad Avanza, é relativamente novo no cenário político da Argentina e, por conta de uma postura mais agressiva de Milei, a situação acabou se agravando.
Assim, segundo o gestor, será preciso aprender a negociar com outras alas da direita, mas ele enxerga que o partido encontrará caminho para o diálogo.
Além disso, o gestor destaca que as eleições de outubro são para a renovação de parte do Congresso. Uma mudança real de governo só deve ocorrer daqui a dois anos e meio, quando ocorrem as eleições presidenciais, o que abre espaço para que Milei avance em seus projetos.
Por outro lado, Delabio pondera que recuperar espaço no Legislativo é peça-chave para que o presidente consiga avançar com sua agenda liberal.
Embora as turbulências agitem o barco, o gestor mantém uma visão cautelosa, mas ligeiramente otimista, quanto ao resultado de outubro. De acordo com o entrevistado, “é mais provável que a próxima eleição seja positiva para a direita do que negativa".
Você pode conferir o programa na íntegra neste link ou no tocador abaixo:
Touros e Ursos da semana
No quadro que dá nome ao podcast — em que os “touros” são os destaques positivos e os “ursos” são os negativos —, a criptomoeda meme Dogecoin (DOGE) foi escolhida como urso por conta da queda de 8% na última semana, apesar da expectativa de alta após o lançamento do ETF da moeda nos EUA.
Já entre os touros — ou seja, os destaques positivos — se destacou o Tesouro IPCA+ (NTN-B), como investimento com grande potencial futuro de valorização.