O banco BTG Pactual publicou um relatório otimista sobre a plataforma financeira Méliuz (CASH3) nesta terça-feira (7). No documento, os analistas listam os motivos que baseiam sua recomendação de compra para as ações da plataforma de cashback.
Por volta das 14h20, os papéis da Méliuz eram negociados a R$ 4,20, com um recuo de 0,47%.
Ebitda acima das expectativas
O banco projeta que a companhia terá um Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de R$ 20 milhões no terceiro semestre deste ano (3T25).
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O valor está acima das expectativas do mercado, de R$ 16 milhões. Também representa um aumento de 67% em comparação ao trimestre anterior e um crescimento de 170% ante o número registrado no mesmo trimestre de 2024.
O Méliuz teve um lucro líquido de R$ 7,6 milhões no segundo trimestre de 2025 (2T25). O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) foi de R$ 12 milhões — número similar ao do primeiro trimestre, quando lucrou R$ 12,8 milhões.
Valorização do bitcoin (BTC) ajuda
O BTG diz que a empresa, que se tornou uma bitcoin treasury company neste ano, continua gerando valor com a valorização do bitcoin (BTC).
As criptomoedas aumentaram o valor total da empresa em cerca de R$ 30 milhões até o 2º trimestre, e mais R$ 25 milhões depois. Isso, porém, não é refletido nos demonstrativos de resultados por causa das regras sobre patrimônio aplicado em criptomoedas.
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“Considerando a valorização do BTC ao longo do ano e a recente correção nas ações, estimamos que o negócio legado atualmente vale cerca de R$ 30 milhões (menos de 0,5x EV/Ebitda”, afirmam os analistas.
Ações desvalorizadas
Assim como as ações de outras empresas que mantêm seu caixa em bitcoin, o Méliuz enfrenta uma trajetória de queda desde junho. Os papéis da plataforma registraram um recuo de 40% desde o meio do ano.
Entre as outras bitcoin treasury companies, o cenário é o mesmo:
- A Strategy, antiga MicroStrategy, enfrentou uma baixa de 6%;
- A Metaplanet registrou um recuo de 60%; e
- A Capital B (antiga Blockchain Group) caiu 75% desde junho.
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O BTG diz que o Méliuz é diferente dos seus pares globais, porque “o negócio principal (‘legado’) da companhia ainda pode ser relevante, considerando seu baixo valor de mercado, inferior a US$ 90 milhões”.
Melhora operacional
Os analistas do BTG acreditam também que o Méliuz vai ter uma melhora na receita bruta, impulsionada pelos aumentos da taxa de comissão e do volume de vendas de produtos dentro do seu marketplace.
Essas vendas devem crescer no terceiro trimestre por causa das vendas antecipadas da Black Friday, que ocorre no dia 28 de novembro.
Produtos financeiros, como o Méliuz Nota Fiscal, ajudarão também na melhora das receitas, segundo o BTG.
Mais motivos para comprar as ações da Méliuz
Para justificar sua recomendação de compra, os analistas do BTG defendem uma tese relacionada à parte dos ativos da empresa que está aplicada em bitcoins.
Hoje, segundo o banco, o Méliuz tem 605 BTCs no balanço, o que equivale a quase R$ 400 milhões, porque os preços do bitcoin subiram cerca de 35% neste ano. Já em caixa, a empresa tem R$ 65 milhões.
Esses R$ 465 milhões estão muito próximos ao valor de mercado da empresa, de R$ 480 milhões. “Em caixa, pode-se argumentar que o valor de empresa (EV) do Méliuz é praticamente zero”, afirma o banco.
Os analistas incluíram ainda possíveis saídas de caixa que a empresa pode enfrentar nos próximos anos. Isso levou o EV a mais perto de R$ 30 milhões.
“Isso significa que, ao comprar ações da Méliuz, o investidor está essencialmente adquirindo ativos financeiros expostos a BTC (a valor de mercado, sem prêmio), enquanto praticamente ganha o negócio de cashback ‘de graça’”, dizem os analistas.
Eles estimam que esse negócio deve gerar pelo menos R$ 70 milhões de Ebitda neste ano e afirmam que faz sentido esperar uma conversão de Ebitda em caixa em torno de 50% (quase R$ 35 milhões). Ou seja, quase 7,5% do valor de mercado ou mais de 10% de retorno em BTC.
Com o preço atual das ações e a melhora operacional contínua no negócio, o banco acredita que é possível ver o Méliuz estudando alternativas para implementar um programa de recompra.
Os analistas argumentam que “se o negócio legado fosse avaliado em apenas R$ 200 milhões (implicando um múltiplo EV/Ebitda abaixo de 3x), já haveria espaço para alta de cerca de 35% nas ações”.