Nem todo dia o bitcoin (BTC) é o protagonista. Depois de um rali estratosférico, a maior criptomoeda do mundo cedeu espaço nos holofotes para outras estrelas do universo dos ativos digitais. E quem brilhou nesta quinta-feira (17) foi o XRP, que engatou uma alta de 12% nas últimas 24h.
Mais que uma oscilação típica de mercado, o movimento marca uma virada significativa: por volta das 18h45, a criptomoeda acumulava valorização de 36,14% na semana e 66,16% no ano, segundo dados do Coin Market Cap.
O salto acontece em meio a um conjunto de eventos que empurraram o XRP para um novo patamar. O ativo agora ocupa o posto de terceira maior criptomoeda em valor de mercado — uma conquista impulsionada por interesse institucional crescente, rumores de ETF e movimentações bilionárias de “baleias”.
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O timing também colaborou. A tão esperada Crypto Week nos Estados Unidos, que havia começado com incertezas e disputas internas no Partido Republicano, finalmente ganhou tração.
Apenas hoje a Câmara norte-americana aprovou três projetos cruciais: o Genius Act, legislação voltada à regulação das stablecoins, e o Clarity Act, que define um arcabouço regulatório para o mercado de criptoativos mais amplo e o Anti-CBDC Surveillance Act, que busca barrar uma moeda digital oficial emitida pelo governo.
O primeiro deve seguir para sanção do presidente Donald Trump — e tem tudo para se tornar a primeira lei exclusivamente voltada ao setor cripto no país. Já os outros dois ainda precisam passar pelo Senado, onde o cronograma é apertado, mas existe um esforço para aprovação até 30 de setembro.
Enquanto isso, o BTC continua flertando com os US$ 120 mil em uma leve alta de 0,8% nas últimas 24h.
E mesmo após o rali da quarta-feira (16), além do XRP, outras altcoins mantêm os motores ligados e seguem registrando altas. Confira o desempenho das dez maiores criptomoedas do mundo hoje:
| # | Nome (Símbolo) | Preço (USD) | 24h | 7d | YTD | Market Cap (USD) |
|---|---|---|---|---|---|---|
| 1 | Bitcoin (BTC) | US$ 120.805,98 | 0,80% | 3,96% | 29,35% | US$ 2,40 tri |
| 2 | Ethereum (ETH) | US$ 3.470,52 | 2,51% | 19,46% | 4,18% | US$ 418,94 bi |
| 3 | XRP (XRP) | US$ 3,45 | 12,16% | 36,14% | 66,16% | US$ 204,36 bi |
| 4 | Tether (USDT) | US$ 1,00 | 0,00% | 0,01% | 0,25% | US$ 160,34 bi |
| 5 | BNB (BNB) | US$ 723,19 | 1,27% | 6,06% | 3,17% | US$ 100,73 bi |
| 6 | Solana (SOL) | US$ 175,63 | 0,12% | 7,74% | -7,18% | US$ 94,46 bi |
| 7 | USDC (USDC) | US$ 1,00 | 0,01% | 0,00% | -0,01% | US$ 64,18 bi |
| 8 | Dogecoin (DOGE) | US$ 0,21 | -0,56% | 12,82% | -35,50% | US$ 31,66 bi |
| 9 | TRON (TRX) | US$ 0,31 | 2,88% | 8,09% | 23,33% | US$ 29,83 bi |
| 10 | Cardano (ADA) | US$ 0,79 | 2,34% | 21,36% | -13,53% | US$ 28,09 bi |
XRP: o caminho ao topo
A disparada recente fez o XRP acumular alta de 54,41% apenas em 2025. E, nas últimas semanas, o ativo avançou sobre o Tether (USDT), assumindo o posto de terceira maior criptomoeda do mundo, com valor de mercado de US$ 204,36 bilhões.
Em 2018 e 2021, o XRP viveu ciclos marcados por especulação e volatilidade extrema e também perdeu espaço nos últimos anos devido ao embate com a Security and Exchange Commission (SEC, a CVM dos EUA), mas neste novo ciclo mostra sinais diferentes.
Em 2020, a SEC acusou a emissora do token de realizar uma oferta de valores mobiliários não registrada, levantando cerca de US$ 1,3 bilhão. O processo foi encerrado apenas em 2023. Em 2025, veio o acordo: pagamento de US$ 50 milhões em multa, considerado um desfecho positivo pelo mercado.
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Desde então, o otimismo em torno do XRP voltou a crescer, embalado por um cenário regulatório mais claro e uma possível nova vitrine no mercado: o ETF de futuros de XRP alavancado em 2x (UXRP), da ProShares, cuja estreia está prevista para 18 de julho.
A expectativa em torno do fundo impulsionou os juros abertos (open interest) de contratos futuros perpétuos para US$ 9,68 bilhões, o maior volume em seis meses.
Além disso, a movimentação das chamadas “baleias” — endereços com grandes volumes de XRP, entre 100 milhões e 1 bilhão de tokens — também se intensificou.
Desde 1º de julho, esses players adicionaram 2,2 bilhões de tokens às suas carteiras, reduzindo a oferta disponível nas exchanges.
Outro possível gatilho foi o anúncio da parceria entre a Ripple e o Departamento de Terras de Dubai, divulgado nesta quinta-feira (17). O XRP Ledger será utilizado como infraestrutura para a tokenização de US$ 2,6 bilhões em títulos de propriedade no país árabe.
A semana cripto avança no Congresso com benção de Trump
A Crypto Week no Congresso dos EUA chegou ao seu clímax nesta quinta-feira com a aprovação, em bloco, de três projetos de lei históricos para a regulação dos ativos digitais.
O Genius Act, voltado às stablecoins, foi aprovado por ampla maioria — 308 votos a 122 — e agora aguarda a sanção de Trump, prevista para esta sexta-feira (18).
O cronograma começou a desandar após a resistência de deputados da ala mais conservadora, que desafiaram publicamente o presidente e bloquearam o avanço das propostas, justamente as que Trump havia priorizado.
As tensões se estenderam até quarta-feira (16). Ainda assim, em meio aos impasses, a Câmara surpreendeu ao aprovar as propostas com agilidade na quinta.
Além do Genius Act, a Câmara também deu aval ao Clarity Act, voltado à estrutura de mercado dos ativos digitais. O texto foi aprovado por 294 votos a 134 e segue agora para o Senado. O senador Tim Scott, presidente do Comitê Bancário, afirmou que pretende concluir a tramitação até 30 de setembro.
O Comitê de Agricultura, que também precisa dar seu aval, realizou nesta semana sua primeira audiência sobre o tema.
Vale lembrar que, no início do ano, Trump reuniu lideranças do setor em uma cúpula na Casa Branca e estabeleceu um prazo ambicioso: resolver as duas prioridades legislativas do setor cripto antes do recesso de agosto.
Com a aprovação da lei sobre stablecoins, o governo avança nessa meta. No entanto, a estrutura de mercado é vista como a legislação mais complexa e estratégica — e há quem projete que o debate pode se estender até o fim do ano.
O terceiro projeto aprovado também promete gerar discussões acaloradas: trata-se de uma proposta que visa proibir criptomoedas digitais emitidas por bancos centrais (CBDCs), uma pauta cara à ala mais conservadora do partido.
Agora, o texto segue para o Senado, mas seu futuro é incerto. A proposta foi anexada ao Projeto de Autorização de Defesa Nacional como parte de um acordo com o Freedom Caucus, após uma maratona de negociações, incluindo uma votação aberta por mais de nove horas na quarta-feira. A manobra visava forçar a inclusão do tema na pauta legislativa.
*Com informações do Money Times e Coindesk