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Ainda há espaço no rali das incorporadoras? Esta ação de construtora tem sido subestimada e deve pagar bons dividendos em 2025

Residencial Cidade Jardim III, projeto do Minha Casa Minha Vida em Fortaleza (CE)

Residencial Cidade Jardim III, projeto do Minha Casa Minha Vida em Fortaleza (CE).

Não é fácil trabalhar com construção civil no Brasil. Burocracia, oscilação de custos, mão de obra, altas taxas de juros e clima são apenas alguns dos desafios encontrados pelas incorporadoras no ambiente doméstico.

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Neste cenário, empreender no mercado imobiliário exige planejamento de longo prazo, resiliência diante das incertezas e uma capacidade constante de adaptação às mudanças regulatórias e econômicas que afetam diretamente a viabilidade dos projetos.

Apesar das dificuldades, a cesta de incorporadoras listadas é destaque no acumulado do ano. Nestes primeiros 75 dias de pregão, o Índice Imobiliário (IMOB), composto por construtoras e shoppings, acumula alta de 23,6%, contra 6,7% do Ibovespa.

É verdade que o ponto de partida tem grande influência neste gráfico — ao final de dezembro, as ações das incorporadoras estavam consideravelmente pressionadas. Além disso, pela característica “beta” do setor imobiliário, é natural que o IMOB tenha um desempenho superior em janelas de alta. Ainda assim, existem fundamentos que justificam a sólida performance.

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Entre eles, a presença crescente de estratégias enquadradas no programa Minha Casa Minha Vida é um dos principais.

Há um objetivo claro do governo em direção ao programa, dado que é historicamente efetivo e com forte apelo popular. Inclusive, na última semana, tivemos atualizações no Minha Casa Minha Vida, validadas pelo conselho do FGTS. Em resumo, foi criada uma nova faixa de renda (4) e os tetos das faixas antigas foram atualizados, permitindo a entrada de novos participantes ao programa.

Além disso, a sustentabilidade do FGTS, fonte de financiamento do programa, recebeu reforço de R$ 18 bilhões proveniente do Fundo Social do pré-sal.

Por meio do incentivo do governo, aliado ao elevado déficit habitacional do país, as incorporadoras alcançam projetos menos sensíveis às condições de mercado, possibilitando maior previsibilidade e resiliência nos resultados.

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Obviamente, isso não deixa a empresa imune a problemas operacionais pontuais e/ou dificuldades financeiras. Ainda assim, notam-se resultados históricos das companhias posicionadas no setor, tal como Direcional (DIRR3) e Cury (CURY3).

Na parcela operacional, apesar dos custos de mão de obra ainda incomodarem, nota-se uma estabilidade razoável dos outros componentes neste início de ano, fator que deve manter as margens dos projetos em níveis saudáveis.

Na minha visão, estes eventos são importantes para a manutenção do crescimento sólido para o setor no curto prazo.

Para o segmento de média/alta renda, a visibilidade é menor, tendo em vista o impacto dos juros elevados e da competição de empreendimentos nas principais praças. Não à toa, temos diversas companhias tradicionais deste segmento migrando seus lançamentos para os projetos “populares”.

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Direcional (DIRR3): destaque entre as incorporadoras

Entre as incorporadoras, Cury e Direcional são as principais escolhas da Empiricus. O segmento econômico apresenta uma assimetria interessante, considerando os múltiplos razoáveis diante da conjuntura, a distribuição de dividendos e as opcionalidades envolvidas.

Inclusive, olhando o perfil de seus projetos / landbank, ambas as empresas são grandes beneficiadas pela última revisão de parâmetros do MCMV.

Em especial, gostaria de destacar a tese de investimento de Direcional (DIRR3), presente há anos nas recomendações da Empiricus.

No consolidado de 2024, os lançamentos da companhia totalizaram R$ 5,8 bilhões de Valor Geral de Vendas (VGV). O montante foi o maior volume já registrado pela empresa e representou um crescimento de 18,5% em relação ao ano anterior. As vendas líquidas também foram recordes, totalizando R$ 6,3 bilhões.

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A empresa recentemente divulgou a prévia dos resultados operacionais do 1T25, que seguiu o ritmo sólido dos últimos trimestres. Foram lançados 17 novos empreendimentos/etapas no trimestre, totalizando um VGV de R$ 901 milhões, sendo 75% sob a marca Direcional e 25% sob a marca Riva. O montante correspondente à participação da companhia (R$ 802 milhões) representa um crescimento de 47% em relação ao 1T24, ligeiramente acima das nossas projeções.

A companhia entregou um indicador Vendas sobre Oferta (VSO) consolidado de 23% no trimestre, próximo às expectativas do mercado. Observa-se uma desaceleração desse indicador em relação aos trimestres anteriores, justificada pela sazonalidade típica do início de ano.

O estoque da Direcional encerrou o trimestre com um VGV de R$ 3,69 bilhões, equivalente a um nível controlado de aproximadamente nove meses de vendas.

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Possibilidade de geração de valor

Apesar do resultado sem surpresas, interpreto que os números da empresa estão subestimados pelo mercado. Ademais, mesmo com a forte valorização dos últimos anos, o papel segue com pontos de atratividade.

Em uma perspectiva de renda, por exemplo, entendo que seja uma ação pertinente para o portfólio. Com a sólida geração de caixa dos últimos trimestres, a Direcional tem realizado consecutivas distribuições de capital aos investidores — em 2024, o payout foi de 90%.

Para 2025, diante da continuidade deste cenário (é esperado um aumento da geração de caixa no segundo semestre), estimamos um dividend yield de 13% para DIRR3, com potencial de alcançar 20%, condicionado pela recente operação de venda parcial da marca Riva.

Inclusive, sobre a Riva, as recentes mudanças do MCMV devem gerar nova oxigenação para os resultados, tendo em vista o enquadramento dos projetos na Faixa 4.

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Ademais, o múltiplo Preço/Lucro (P/E) de 7,5x para 2025, alinhado à média dos últimos três anos, me parece discreto em um cenário próspero para a companhia.

Entre os pontos de atenção, é imprescindível estar ciente que o setor de construção civil é cíclico e sensível às oscilações de mercado. Ademais, é suscetível aos riscos do negócio, envolvendo obras e mudanças nas condições de financiamento.

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