Uma gigante da saúde com potencial de rentabilidade por volta de 20% no ano, uma empresa sólida e com caixa previsível, um fundo imobiliário de shoppings com chance de retorno em dois dígitos e ações internacionais para proteger o capital. Essas são as principais recomendações do “Onde Investir” em outubro.
O mês começa com um cenário de "dois pesos e duas medidas" para o investidor, segundo os analistas.
- Por um lado, a bolsa brasileira flerta com os 150 mil pontos, impulsionada pela volta do investidor estrangeiro.
- Por outro, a Selic alta, em 15% ao ano, continua pressionando a economia real, e o Banco Central mantém o discurso de que a taxa deve permanecer elevada por "bastante tempo".
É neste contexto que os investidores receberão os números da temporada de resultados do terceiro trimestre. As divulgações pelas empresas começam em meados de outubro e podem trazer surpresas negativas.
Nos Estados Unidos, o Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano) deu início a uma cautelosa flexibilização nos juros. O movimento enfraquece o dólar e abre espaço para a diversificação dos estrangeiros em mercados emergentes.
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Porém, investidores brasileiros podem surfar a onda para diversificar em ações internacionais para além das empresas de tecnologia.
Confira as recomendações do “Onde Investir” de outubro para ações, dividendos, fundos imobiliários e ações internacionais:
Ações
Apesar da alta de cerca de 20% do Ibovespa no ano, ainda há tempo para o investidor entrar na bolsa, segundo Larissa Quaresma, analista da Empiricus Research.
Ela explica que o índice de ações partiu de um patamar muito baixo no fim de 2024 e, mesmo com a alta recente, o múltiplo de preço sobre o lucro (P/L) do Ibovespa (excluindo Petrobras e Vale) está em torno de 9,5 vezes, abaixo da média histórica de 12 vezes e inferior a pares como México e Chile.
"Não dá para dizer que está caro. As ações brasileiras ainda estão muito baratas", afirma a analista.
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Com o dólar mais fraco no mundo e o início dos cortes de juros nos EUA, a estratégia para outubro da Empiricus foi aumentar a exposição em nomes voltados para a economia doméstica.
O momento exige uma seleção de ações criteriosa, segundo Quaresma, focada em empresas líderes de seus setores, com alavancagem controlada e gatilhos de curto prazo, como a expectativa de bons resultados no terceiro trimestre.
A principal recomendação para o mês foi a Rede D'Or (RDOR3). A companhia, que é novidade na carteira da casa, é líder no setor de hospitais. Com um balanço menos alavancado, a analista afirma que a empresa se posiciona como a "consolidadora natural do setor".
Com a recente aquisição da SulAmérica Saúde, a Rede D’Or verticalizou a operação, garantindo uma demanda firme para seus hospitais. A projeção é que a companhia dobre seu Ebitda nos próximos três anos, com uma rentabilidade próxima de 20%.
Dividendos
Mesmo com a renda fixa oferecendo um retorno de 15% ao ano, as empresas boas pagadoras de dividendos continuam sendo uma opção sólida para quem busca renda passiva. O segredo, segundo Ruy Hungria, analista da Empiricus, está em montar uma carteira com companhias de grande previsibilidade de resultados e fluxo de caixa sólido.
Para a temporada de balanços que se aproxima, o analista alerta que setores mais ligados ao consumo podem apresentar resultados "menos brilhantes", já que a Selic alta começa a impactar a atividade econômica. Em contrapartida, setores como o de serviços essenciais (utilities) devem continuar navegando bem no cenário adverso.
A estratégia da carteira de dividendos da Empiricus é manter um portfólio balanceado. A escolha é por empresas defensivas e outras que podem se beneficiar de uma eventual melhora na economia frente à possibilidade de corte dos juros.
Neste mês, a principal escolha foi a Vivo (VIVT3). A empresa é um dos principais nomes da bolsa quando o assunto é dividendos, tanto em termos de rentabilidade por ação quanto de volume distribuído.
"É uma empresa que é praticamente uma utility, todo mundo precisa de celular, todo mundo precisa de internet", explica Hungria. Além da previsibilidade, a Vivo tem apresentado crescimento relevante em fibra e 5G, além de expandir seus serviços para o mercado corporativo.
Fundos imobiliários
O cenário de juros altos não é novidade e não impede a busca por bons retornos no mercado de fundos imobiliários (FIIs), afirma Caio Araújo, especialista da Empiricus. Prova disso é que o IFIX, principal índice do setor, subiu mais de 3% em setembro.
Embora a volatilidade de curto prazo possa aumentar devido às incertezas sobre o início do ciclo de corte de juros no Brasil, os fundos seguem bastante descontados, segundo Araújo.
A principal aposta da Empiricus para outubro está no setor de shoppings, que ainda apresenta potencial de valorização quando se olha para o valuation. Nesse sentido, foi feita uma troca na carteira da casa, de olho em uma posição mais tática.
Saiu o HSI Malls (HSML11), que subiu mais de 14% no ano, para a entrada do Pátria Malls (PMLL11), que teve uma valorização de 4% desde janeiro.
"Entendemos que ele está atrativo em termos de valuation, com potencial de dois dígitos, e tem um dos maiores cap rates da indústria quando a gente compara com os pares", justifica Araújo.
Ações internacionais
Depois de um ano, o Fed voltou a cortar os juros dos Estados Unidos e sinalizou mais reduções nos próximos meses. A inflação não está perto da meta, mas parece mais controlada do que a situação de enfraquecimento do mercado de trabalho.
Isso deve impactar ainda mais o dólar daqui para a frente, segundo Enzo Pacheco, responsável pela carteira internacional da Empiricus. O analista afirma que, quanto menos a taxa do Tesouro Americano pagar, mais dinheiro deve escoar para os mercados emergentes.
E a China é um destaque nesse cenário, ganhando cada vez mais espaço na estratégia de tecnologia. Em setembro, Alibaba (BABA34) e Baidu foram destaques de valorização, o que exigiu uma recalibragem na carteira da Empiricus.
Pacheco afirma que as ações da Alibaba, a “Amazon chinesa”, tinham um peso forte no portfólio há um ano, pela análise de que os papéis estavam descontados. Com a disparada de 30% em setembro, os analistas diminuíram essa posição.
Já o Baidu saiu do portfólio depois de subir mais de 45% no último mês. “O Baidu é o Google da China, e assim como a empresa americana, tem alguns problemas de dependência da publicidade que precisa ajustar.”, diz Pacheco.
Nos Estados Unidos, a Empiricus aumentou posição em Coinbase (C2OI34). A avaliação é que, diante do corte de juros, os investidores devem colocar mais dinheiro em ativos de risco, como as criptomoedas.
“O bitcoin está posicionado para ser uma boa alocação se a inflação piorar e voltar a subir, ou se melhorar e o juros continuar caindo”, diz o analista.