O pessimismo do mercado em relação ao petróleo é exagerado, na visão do BTG Pactual. O barril de Brent, para o banco, deve manter um preço alto apoiado em tensões geopolíticas, riscos de interrupção de fornecimento e nas respostas históricas de política que tendem a limitar quedas mais profundas..
O consenso do mercado enxerga um piso entre US$ 50 e US$ 55 por barril, mas os analistas do BTG projetam que o Brent deve se sustentar mais próximo da faixa de US$ 55 a US$ 60.
Segundo o banco, sempre que o Brent cai abaixo de US$ 60, dois movimentos recorrentes entram em cena: a recomposição de reservas estratégicas por parte de China e dos EUA e a disposição da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) em intervir com cortes de produção.
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Esse padrão, reforçado pela necessidade estrutural de reinvestimentos para compensar taxas de declínio elevadas na produção, sustenta a visão do banco de que o piso de preços é mais alto do que o mercado supõe.
Na última quinta-feira (25), o Brent fechou a US$ 69,42 por barril. Já no pregão desta sexta-feira (26), o contrato futuro da commodity operava com alta de 0,80%, a US$ 69,13, por volta das 15h03.
Pressão no curto prazo
No curto prazo, o BTG afirma que há riscos de queda. A retirada acelerada dos cortes voluntários da Opep+ tem elevado a formação de estoques, pressionando o Brent, que recentemente oscilou na faixa de US$ 66 a US$ 67 por barril.
O excesso de oferta pode se intensificar caso a Opep+ desfaça integralmente os cortes adicionais de 1,66 milhão de barris por dia a partir de outubro, ampliando os riscos de queda até 2026.
Ainda assim, fatores geopolíticos, como os ataques ucranianos ao porto russo de Primorsk, mostram que interrupções de fornecimento seguem sendo o principal suporte de preços no curto prazo.
Fragilidade da oferta de petróleo em horizonte longo
No horizonte mais longo, o BTG destaca a fragilidade estrutural da oferta. As taxas de declínio em campos de petróleo e gás, que giram em torno de 8% e 9% ao ano, respectivamente, exigem investimentos massivos apenas para manter a produção estável.
Desde 2019, quase 90% do capex global do setor foi destinado a compensar perdas, e não à expansão de capacidade.
Essa necessidade contínua de investimentos bilionários, somada ao desafio de projetos mais longos e resultados de exploração cada vez mais escassos, reforça a tese de que o mercado subestima a fragilidade da oferta.
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Para o BTG, esse fator deve dar suporte estrutural aos preços no longo prazo e expõe os limites da transição energética, com riscos sistêmicos para a segurança energética global.
E a Petrobras?
Em outro relatório deste mês, o próprio BTG reiterou a recomendação de compra para a Petrobras (PETR3, PETR4), principal empresa do setor na bolsa brasileira, com preço-alvo de R$ 44.
“A combinação de maior geração de caixa em 2026, derivada de maior produção, somada a menor capex e opex, pode levar os investidores a colher dividendos adicionais mais rapidamente e em magnitude maior do que atualmente precificado”, disse o banco.