Jamie Dimon, presidente do conselho e diretor-presidente do banco JP Morgan, afirmou que as chances de o mercado de ações dos Estados Unidos estar vivendo uma bolha e sofrer uma forte queda são muito maiores do que muitos especialistas precificam.
O CEO disse que está “muito mais preocupado do que os outros” com uma correção séria no mercado. Segundo ele, a queda pode ocorrer entre os próximos seis meses e dois anos.
“Eu atribuiria uma probabilidade maior do que a que o mercado e os outros parecem precificar. Então, se o mercado está precificando uma chance de 10%, eu diria que é mais como 30%.”
Jamie Dimon, CEO do JP Morgan
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A afirmação foi feita durante uma entrevista à BBC nesta quinta-feira (9).
Quais agulhas podem acabar com a bolha?
Na visão de Dimon, há diversos fatores que podem causar o estouro da bolha que o mercado de ações dos EUA vive. O clima de incerteza, de acordo com ele, é causado por riscos como o cenário geopolítico, os gastos fiscais e a remilitarização do mundo.
“Tudo isso gera uma série de problemas para os quais ainda não temos respostas”, afirmou o CEO. “Por isso, acredito que o nível de incerteza deveria estar mais alto na cabeça das pessoas.”
Tem uma bolha de inteligência artificial?
Alertas sobre a possibilidade dos investimentos e das altas avaliações de empresas de inteligência artificial causarem uma bolha especulativa no mercado de ações já vêm ocorrendo há algum tempo.
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Porém, recentemente, essas preocupações aumentaram. Por exemplo, na quarta-feira (8), o Banco da Inglaterra afirmou que há um risco crescente de uma “correção súbita” nos mercados globais.
Já Dimon afirmou que parte desse dinheiro investido em inteligência artificial, provavelmente, será perdido. “A IA vai valer a pena — assim como os carros, no geral, valeram a pena, e as TVs, no geral, valeram a pena — mas a maioria das pessoas envolvidas nesses setores não se saiu bem”, complementou.
A preocupação de Dimon surge porque o setor de inteligência artificial recebe, hoje, investimentos bilionários para poder se desenvolver. No entanto, seus modelos de negócio são ainda incertos e não geram lucro, ou seja, têm um forte risco financeiro. A OpenAI, dona do ChatGPT, é um exemplo: seu breakeven (ponto em que a empresa “se paga”) só deve acontecer em 2029, na visão do JP Morgan.
Esse tipo de entusiasmo do mercado com tecnologia também foi visto durante a febre das pontocom, que ocorreu no final dos anos 1990 e de fato se tornou uma bolha, terminando em diversas falências.
Dimon não está sozinho
Kristalina Georgieva, a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), também se preocupa com a incerteza, que, segundo ela, é o “novo normal”.
Para a diretora, a economia mundial mostrou uma resiliência surpreendente em meio à guerra comercial de Donald Trump, mas ela alertou que “a resiliência global ainda não foi totalmente testada. E há sinais preocupantes de que esse teste pode estar a caminho”.