O Ibovespa teve mais uma sessão azeda nesta segunda-feira (7). Incapaz de escapar da elevada aversão ao risco que se impõe sobre os mercados financeiros globais, o principal índice de ações da bolsa brasileira chegou a cair mais de 2% nas primeiras horas de pregão.
No decorrer da sessão, a bolsa reduziu as perdas em meio ao alívio da pressão em Wall Street, mas manteve trajetória negativa pela tarde.
O Ibovespa encerrou o pregão em queda de 1,31%, aos 125.588 pontos. Apesar do desempenho fraco das últimas sessões, o índice acionário da B3 ainda sustenta valorização da ordem de 4% desde o início do ano.
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Já o dólar fechou em alta de 1,23%, negociado a R$ 5,9164 no mercado à vista.
Seja para a Europa, Ásia ou América: para onde quer que os investidores olhassem, os painéis de cotação iniciam o dia tingidos de vermelho.
O principal motivo da queda generalizada das bolsas de valores mundiais é a retaliação da China ao tarifaço imposto por Donald Trump a todos os parceiros comerciais dos Estados Unidos.
O temor dos investidores é que a guerra comercial entre os dois gigantes provoque uma recessão global.
De acordo com Trump, se a China não suspender até amanhã (8) as tarifas retaliatórias de 34%, os EUA aplicarão "tarifas adicionais de 50% ao país asiático, com efeito a partir de 9 de abril", segundo publicação em sua plataforma de mídia, a Truth Social.
Trump afirmou que "todas as conversas com a China sobre as reuniões por eles solicitadas serão encerradas" e acrescentou que as negociações com outros países, que também solicitaram reuniões, "começarão imediatamente".
"China impôs tarifas retaliatórias de 34%, somadas às suas já recordistas tarifas e uma maciça manipulação cambial de longo prazo, apesar do meu alerta de que qualquer país que retalie os EUA com tarifas adicionais, além de seu já existente e abusivo histórico tarifário contra nossa nação, será imediatamente alvo de novas tarifas substancialmente mais altas, acima das inicialmente estabelecidas", escreveu o presidente dos EUA.
Ações no vermelho na bolsa brasileira
No cenário doméstico, a sangria na bolsa brasileira foi notável. O desempenho fraco do Ibovespa hoje é majoritariamente atribuído à performance negativa de gigantes com maior peso no índice.
A Petrobras (PETR4;PETR3), por exemplo, figurou entre as maiores quedas da B3 hoje, com perdas da ordem de 3% e 5%, respectivamente.
Veja as maiores quedas da bolsa brasileira hoje:
Nome | Código | ULT | VAR % |
---|---|---|---|
Magazine Luiza ON | MGLU3 | 10,14 | -6,37% |
Petrobras ON | PETR3 | 35,63 | -5,57% |
Lojas Renner ON | LREN3 | 12,12 | -4,19% |
Metalúrgica Gerdau PN | GOAU4 | 8,01 | -4,07% |
Petrobras PN | PETR4 | 33,18 | -3,97% |
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Queda das bolsas globais
Em Wall Street, os principais índices acionários amanheceram no vermelho em meio às preocupações com as sobretaxas anunciadas pela China.
As bolsas norte-americanas chegaram a cair mais de 4% na abertura, mas arrefeceram as perdas ao longo do dia. Há ainda quem tenha conseguido inverter trajetória no início desta tarde.
Confira o desempenho das bolsas em Nova York hoje:
- Dow Jones: -0,91%;
- S&P 500: -0,23%;
- Nasdaq: +0,10%.
Já no mercado europeu, o índice de referência Stoxx 600 encerrou a sessão em queda de 4,54%.
A bolsa de Londres teve queda de 4,38%, enquanto a de Paris caiu 4,78% e a de Frankfurt, 4,26%.
Na Ásia, os mercados de ações também desabaram nesta segunda-feira.
A bolsa de valores de Xangai recuou 7,34%. Trata-se da maior queda em um único dia desde fevereiro de 2020, quando o mundo estava às voltas com a pandemia de covid-19.
Em Tóquio, a queda foi parecida com a de Xangai (7,83%), com direito a circuit-breaker — mecanismo que interrompe as negociações para tentar conter a derrocada da bolsa.
Por sua vez, a bolsa de Hong Kong registrou baixa de 13,22%, na maior desvalorização desde a crise asiática de 1997.
E as commodities?
Os temores de recessão também pressionam o petróleo nesta segunda-feira, que renovou as mínimas desde 2021 no início da sessão.
Os contratos futuros do Brent, referência no mercado internacional, para junho encerraram em baixa de 2,08%, para US$ 64,21 o barril. Já o WTI para maio tombou 2,08%, a US$ 60,70 o barril.
Já o ouro teve um pregão de forte volatilidade, mas encerrou em queda, com investidores liquidando posições para cobrir prejuízos em outros mercados, segundo analistas.
O contrato do ouro para junho recuou 2,03%, fechando a US$ 2.973,6 por onça-troy. Apesar da queda, o metal ainda acumula alta de quase 11% no ano. Na última semana, porém, perdeu mais de 2% em meio ao caos gerado pelas tarifas.
Nem as criptomoedas escapam
A piora no sentimento dos investidores também se faz sentir no mercado de criptomoedas.
O bitcoin (BTC) marca desvalorização de 4,44% nos últimas sete dias, a US$ 79.025,93.
Enquanto isso, a segunda maior criptomoeda do mundo, o ethereum (ETH), registra queda de 13,82%, pouco acima do nível de suporte de US$ 1.500.
*Com informações do Estadão Conteúdo.