As chances do dólar chegar aos feriados de fim do ano em ritmo de festa estão diminuindo a cada mês na visão de analistas financeiros. O Itaú BBA juntou-se ao UBS BB nesta sexta-feira (19) e também reduziu mais uma vez as estimativas para a moeda estrangeira em 2025.
No relatório, a instituição bancária mudou a projeção de R$ 5,50 para R$ 5,35. O motivo por trás da decisão é o cenário externo mais favorável ao real e às moedas emergentes.
Já o UBS BB estima que o câmbio no final de 2025 será de R$ 5,40. Antes, as projeções estavam por volta de R$ 5,80.
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O responsável por essa situação é o Federal Reserve (Fed). Segundo os analistas do Itaú BBA, a expectativa de mais cortes na taxa de juros nos EUA provavelmente vai debilitar ainda mais o dólar globalmente, enquanto as outras moedas vão sair ganhando. Na quarta-feira (17), o Fed cortou os juros em 0,25 ponto. Essa foi a primeira redução desde dezembro.
O futuro, porém, está estável, na visão do Itaú BBA: a instituição manteve a projeção do dólar de R$ 5,50 para 2026. Para essa estimativa, eles consideraram a perspectiva de queda da Selic e a fragilidade das contas externas brasileiras, que devem segurar o real.
Juros no Brasil
Nas páginas do relatório, o BBA reforça a necessidade de “cautela e perseverança” com a política monetária. Os analistas recomendam que não sejam feitos cortes muito cedo que possam comprometer a estabilidade das expectativas de inflação.
O Banco Central (BC) deve manter a Selic em 15% até o fim de 2025, na previsão dos analistas. Os primeiros cortes devem acontecer apenas a partir do primeiro trimestre de 2026. Com isso, a taxa pode encerrar o próximo ano em 12,75%.
Na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, os diretores optaram por manter a taxa Selic em 15% ao ano. Eles descartaram a possibilidade de diminuir os juros nos próximos meses.
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PIB, inflação e cenário fiscal
Para este ano e para o próximo, o banco enxerga crescimento na atividade econômica no Brasil. A previsão é de um avanço de 2,2% para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2025, com viés de baixa, e 1,5% em 2026, com viés de alta.
O documento pontua que a economia já mostra sinais de desaceleração neste segundo semestre de 2025. A taxa de desemprego, por exemplo, foi revisada para 6,2% em 2025 e 6,5% em 2026 pelo BBA. Esses resultados são reflexo da política monetária contracionista, ainda que o mercado de trabalho se mantenha forte.
A expectativa para a inflação teve um recuo de 0,10 ponto porcentual – quase não dá para sentir. O Itaú projeta que a taxa, calculada pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), ficará no patamar de 5,0% em 2025. O valor continua distante da meta de 3% fixada pelo Conselho Monetário Nacional. Para 2026, a previsão é uma inflação de 4,4%.
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Para o Brasil conseguir cumprir a meta de inflação no próximo ano, será necessário receitas extraordinárias de cerca de R$ 92 bilhões, que são ainda incertas, segundo o BBA.
Há, ainda, o risco de fragilização das regras fiscais para ampliar gastos obrigatórios ou renúncias de receita durante 2026, ano de eleições presidenciais. A projeção da instituição para o fiscal é de déficit primário de 0,6% do PIB em 2025 e 1,0% em 2026.