Os investidores mundo afora gostaram do que ouviram do que foi o último discurso de Jerome Powell no Simpósio de Jackson Hole como presidente do Federal Reserve (Fed): o banco central norte-americano está mais perto de cortar os juros. A sinalização fez as bolsas aqui e lá fora dispararem, renovando recordes intradiários.
“Com a política [monetária] em território restritivo, a perspectiva básica e a mudança no equilíbrio de riscos podem justificar um ajuste em nossa postura”, disse.
A declaração foi o mais perto que Powell chegou, durante o discurso, de endossar um corte de juros que o mercado acredita amplamente que ocorrerá na próxima reunião do comitê de política monetária (Fomc, na sigla em inglês), marcada para os dias 16 e 17 de setembro.
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Vale lembrar que, além das expectativas do mercado, o presidente norte-americano, Donald Trump, vem exigindo há meses cortes agressivos de juros, em ataques públicos contundentes a Powell e outros membros do banco central.
Ao final do discurso de Powell, a ferramenta FedWatch do CME Group mostrava que as apostas de uma redução de 0,25 ponto percentual (pp) no mês que vem chegavam a 91,5%. Como consequência, a probabilidade de o Fed manter os juros inalterados caiu para 8,5%. As apostas de um corte total de 0,75 pp no ano também subiram, passando para 35%.
Em Wall Street, as palavras de Powell se traduziram em recordes. O Dow Jones avançou 846 pontos no fechamento, para uma alta de 1,89%, aos 45.631,74 pontos. O S&P 500 subiu 1,52%, aos 6.466,91 pontos e o Nasdaq acelerou 1,88%, aos 21.496,53 pontos.
As bolsas na Europa também inverteram o curso e terminaram o dia em alta, com Londres na melhor semana desde maio. As bolsas na Ásia já estavam fechadas quando Powell subiu ao palco de Jackson Hole.
Por aqui, o Ibovespa renovou máximas intradia. O principal índice da bolsa brasileira terminou com alta de 2,57%, alcançando 137.968,15 pontos. No mercado de câmbio, o dólar à vista recuou 0,97%, cotado a R$ 5,4258.
O alerta de Powell às bolsas
O discurso de Powell no conclave anual do Fed em Wyoming também trouxe alertas aos investidores. O presidente do Fed citou mudanças radicais nas políticas tributária, comercial e de imigração. O resultado, segundo ele, é que "o equilíbrio de riscos parece estar se deslocando" entre os dois objetivos do Fed: pleno emprego e estabilidade de preços.
Embora tenha observado que o mercado de trabalho norte-americano permanece em boa forma e a economia tem demonstrado resiliência, Powell disse que os perigos de queda estão aumentando. Ao mesmo tempo, ele afirmou que as tarifas estão gerando riscos de que a inflação possa acelerar novamente — um cenário de estagflação que o Fed precisa evitar.
O Fed vem mantendo os juros em uma faixa entre 4,25% e 4,5% desde dezembro, com os membros do Fomc ainda citando o impacto incerto que as tarifas terão sobre a inflação como motivo para cautela. A maioria deles acredita que as atuais condições econômicas e a postura política ligeiramente restritiva fornecem tempo para tomar decisões com calma.