Os últimos dias não têm sido fáceis nem animados para a bolsa brasileira. O Ibovespa, principal índice da B3, emendou sua terceira semana seguida no vermelho, algo que não era visto desde a virada de maio para junho. Na semana, o índice acumulou perda de 2,44%, após retrações de 0,86% e de 0,29% nas anteriores.
De volta aos 140 mil pontos, o Ibovespa retroagiu nesta sexta-feira (10) ao menor nível de fechamento desde 3 de setembro, então na faixa de 139,8 mil pontos. A baixa no dia foi de 0,73%, aos 140.680,34 pontos, com aversão ao risco no cenário doméstico e também no exterior.
No primeiro terço de outubro, o índice recua 3,80%, moderando os ganhos acumulados no ano a 16,96%.
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Nas oito primeiras sessões de outubro, o Ibovespa obteve ganhos em apenas duas - nos dias 3 (+0,17%) e 8 (+0,56%) -, após ter fechado setembro praticamente na máxima histórica, na casa de 146 mil, e chegado no intradia à marca de 147 mil.
O que os investidores esperam do Ibovespa na próxima semana
Após três semanas de perdas seguidas para o Ibovespa, o mercado mostra estar mais conservador com relação ao desempenho das ações no curtíssimo prazo, segundo o Termômetro Broadcast Bolsa desta sexta-feira.
Entre os participantes, a aposta de alta para o índice da B3 na próxima semana manteve a fatia de 50% vista na edição anterior, mas a parcela que prevê queda subiu de 25% para 30%. Os que esperam estabilidade agora são 20%, de 25% na pesquisa anterior.
Para Bruna Sene, analista de renda variável na Rico, "a tão esperada correção do Ibovespa chegou" após uma sequência de recordes históricos, o que o coloca agora em nível de suporte importante, na região dos 140 mil pontos.
"Apesar da queda, esse movimento não muda a tendência de alta no médio e longo prazo. Essa correção pode abrir boas oportunidades para entrada em ativos com preços mais atrativos", acrescenta.
As maiores altas da bolsa na última semana
A bolsa brasileira apresentou uma semana de movimentos mistos, com destaque para algumas ações em alta e outras registrando perdas expressivas.
O Grupo Pão de Açúcar (PCAR3) encerrou a semana com alta de 2,86%, impulsionado por movimentações internas de governança corporativa.
Em Assembleia Geral Extraordinária (AGE), os acionistas aprovaram a destituição de todos os membros do Conselho e a formação de um novo colegiado com nove integrantes, cujo mandato seguirá até a aprovação das demonstrações financeiras de 2026. O movimento foi liderado pela família Coelho Diniz, que possui 24,6% das ações da companhia.
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A Auren (AURE3) também apresentou bom desempenho, com valorização de 2,70% na semana. O avanço ocorreu após o J.P. Morgan elevar o preço-alvo da ação de R$ 11,50 para R$ 13,60, mantendo recomendação neutra. A revisão indica potencial de valorização superior a 30%, refletindo maior otimismo do mercado em relação ao desempenho operacional da elétrica.
A Ultrapar (UGPA3) avançou 1,34% na semana, impulsionada por um movimento técnico de correção. Segundo Rodrigo Brolo, analista e sócio da AAX Investimentos, o papel estava “sobrevendido” e chegou a um nível de suporte importante, o que naturalmente estimulou compras reativas. Além disso, o setor foi favorecido pelo enfraquecimento das ‘bandeiras brancas’, após fiscalizações em postos de combustíveis realizadas no país.
As maiores quedas da bolsa na última semana
No campo negativo, a Raízen (RAIZ4) liderou as perdas, com forte queda de 13,86% na semana. As ações atingiram patamar inferior a R$ 0,90, o menor valor desde o início das negociações da empresa.
Segundo a agência Broadcast, os títulos de dívida externa (bonds) da companhia também recuaram significativamente, refletindo preocupações com o ritmo de consumo de caixa. Há percepção no mercado de que o aporte de R$ 10 bilhões realizado pela Cosan (CSAN3) pode não ser suficiente para reequilibrar as finanças do grupo.
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De acordo com Tales Barros, líder de renda variável da W1 Capital, o desempenho operacional da Raízen tem sido pressionado por uma combinação de queda nos preços do açúcar, redução nas margens agrícolas e energéticas e perda de participação no mercado de combustíveis, o que afeta diretamente volume e rentabilidade.
A MRV (MRVE3) teve retração de 13,77%, reagindo à divulgação de resultados trimestrais aquém das expectativas. As vendas líquidas totalizaram R$ 2,445 bilhões no terceiro trimestre de 2025, recuo de 0,5% na comparação anual e de 8,9% frente ao trimestre anterior. Os lançamentos atingiram R$ 2,355 bilhões, representando queda de 9,4% em relação a 2024 e 31,7% ante o segundo trimestre.
A companhia reportou geração de caixa ajustada de R$ 30 milhões, resultado impactado por atrasos em repasses de programas regionais de habitação. Segundo a MRV, sem esses atrasos, o caixa teria atingido R$ 123 milhões. O desempenho reacendeu preocupações sobre o ritmo de recuperação da construtora, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos.
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A Brava Energia (BRAV3) também figurou entre as maiores quedas, com desvalorização de 11,64%. A companhia anunciou, em 9 de outubro, a paralisação parcial da produção onshore na região de Potiguar (RN), em decorrência de uma auditoria programada pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
O processo deve se estender até 10 de outubro, e a empresa afirmou que divulgará o impacto da interrupção assim que a auditoria for concluída. A notícia foi recebida com surpresa pelo mercado, e analistas ainda divergem quanto ao impacto efetivo na produção e no fluxo de caixa da companhia.
* Com informações do Estadão Conteúdo e Trademap