“O PT vai sair das eleições municipais de 2024 com uma sensação de que a corrida presidencial de 2026 vai ser muito difícil”. Esta é a visão do cientista político, Rafael Cortez, convidado do episódio desta semana do Touros e Ursos.
Sem conseguir emplacar um nome com força política suficiente para concorrer à prefeitura de São Paulo e do Rio de Janeiro, o Partido dos Trabalhadores teve que “ceder” e apoiar candidaturas de outras legendas — Guilherme Boulos, do PSOL, em São Paulo; e Eduardo Paes, do PSD, no Rio de Janeiro.
Na visão de Cortez, a direita vem se fortalecendo, enquanto a esquerda não consegue encaixar um nome para preencher a lacuna de Lula. De certa forma, o PT acabou sendo vítima do seu próprio sucesso e ficando “dependente” do atual presidente.
“Acho que é um partido que vai continuar com o dever de casa grande depois das eleições”, comenta Cortez.
Por outro lado, Jair Bolsonaro deve ganhar mais capital político nestas eleições. Não necessariamente por conseguir eleger os candidatos que está apoiando, mas porque a centro-direita deve ganhar ainda mais força, na opinião de Cortez.
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Seja como for, o cientista político acredita que ambas as correntes precisam se afastar de suas figuras políticas principais para ganharem um novo fôlego.
“Só dá para oxigenar se, do lado da esquerda, a gente tiver alguma diferença em relação ao Lula e ao PT. Do lado da direita, se tiver algum tipo de diferença em relação ao bolsonarismo.”
Para conferir o episódio completo do Touros e Ursos, basta dar play:
Eleições municipais de 2024 são termômetro para 2026
As eleições para prefeito e vereador, apesar de menores em termos de mobilização política e quantidade de cargos, acabam sendo um termômetro importante para a corrida presidencial.
O caso da capital paulista é emblemático nesse quesito. “A própria elite política tentou fazer da eleição de São Paulo uma campanha nacional”, comenta Cortez.
De um lado, o PT apoiando Boulos; de outro, Bolsonaro na torcida por Ricardo Nunes. E, surpreendendo as estruturas da política tradicional, um candidato outsider: Pablo Marçal.
O resultado de quem vai para o segundo turno terá uma implicação maior do que só para São Paulo. “Eu acho que o resultado, sobretudo essa disputa Nunes-Marçal, vai dar um pouco o tom de qual é o perfil possível para disputar contra a reeleição de Lula em 2026”, afirmou o cientista político.
Existe um Marçalismo?
Apesar de Pablo Marçal ter despontado bastante no cenário político, com algumas estratégias semelhantes às usadas por Bolsonaro, ainda não se pode dizer que o coach e empresário é uma “nova versão” do ex-presidente.
“Para definir se existe de fato um marçalismo, precisaríamos ver o jeito como ele exerce política, como ele age no poder, a que grupos ele atende”, comenta o convidado do Touros e Ursos.
Outros temas também fizeram parte do Touros e Ursos nesta semana: as eleições municipais em outras capitais brasileiras fora do eixo Rio-São Paulo; a regulação das bets e elevação do rating do Brasil pela Moody’s.
O Touros e Ursos é um podcast semanal do Seu Dinheiro, apresentado pela nossa equipe de repórteres. Toda semana, convidamos nomes importantes do mercado financeiro e do cenário político para discutir temas relevantes para o investidor pessoa física.