A revelação de que o gabinete do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), teria dado ordens de forma não oficial para o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) já está gerando um clima tenso em Brasília.
Segundo a reportagem da Folha de S.Paulo, Moraes solicitou a produção de relatórios ao TSE com o objetivo de utilizá-los para embasar decisões do próprio ministro.
Os documentos teriam sido utilizados para auxiliar nos inquéritos das fake news e das milícias digitais contra aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
As solicitações e pressões do ministro teriam sido registradas por meio de conversas no aplicativo WhatsApp, de acordo com a Folha de S.Paulo.
Após a divulgação das mensagens pela reportagem, a oposição no Congresso passou a articular um pedido de impeachment de Alexandre de Moraes do cargo de ministro do Supremo Tribunal Federal.
De acordo com a senadora Damares Alves (Republicanos), o senador Eduardo Girão (Novo) apresentará o pedido e será realizada uma coletiva de imprensa nesta quarta-feira (14), às 14h, para detalhar a solicitação. A senadora ainda sugeriu que o magistrado renuncie "pelo bem da democracia".
Já a defesa de Moraes afirma que o TSE tem 'poder de polícia' e que os relatórios solicitados foram "oficiais e regulares".
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A reação ao ao caso de Alexandre de Moraes
Após a revelação do caso, diversos parlamentares da oposição se manifestaram. O senador Cleitinho (Republicanos-MG) chegou a afirmar em relação ao pedido: "Urgente! Sobre o Ministro Alexandre de Moraes: não vou prevaricar e espero que os outros senadores façam o mesmo".
O deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) afirmou que o caso é "gravíssimo" e que revelaria, "um esquema de perseguição" de Moraes contra bolsonaristas.
"Vamos cobrar para o Senador cumprir seu papel constitucional. O Brasil não merece um Ministro da mais alta Corte de Justiça, agindo assim...", afirmou.
O ex-deputado Deltan Dallagnol (Novo) disse que as mensagens "comprovam suspeitas que existiam desde de 2019" sobre a atuação do ministro e defendeu o impeachment de Moraes sob a justificativa de que o magistrado "usurpou a função pública do Procurador-Geral da República".
Por outro lado, o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira (PT), afirmou que a matéria é "sensacionalista e não corresponde à verdade".
Para o petista, a reportagem deve somente "alimentar o movimento de tentar desacreditar o STF para incidir no julgamento do inelegível".
Até Elon Musk se meteu…
Outras personalidades, como o bilionário Elon Musk, também reagiram à notícia. Musk comentou "Wow", na publicação do jornalista Gleen Greenwald no X (antigo Twitter) em que ele divulga a reportagem.
Em um texto em inglês, o jornalista norte-americano radicado no Brasil escreveu no X (antigo Twitter): "O juiz do Supremo Tribunal Federal do Brasil que supervisiona seu regime de censura repressiva e outros atos autoritários é Alexandre de Moraes. Obtivemos 6 gigabytes de sua equipe entre seus principais assessores - áudios, mensagens, textos - e começamos a reportar hoje as revelações na Folha."
Vale destacar que Elon Musk é investigado no inquérito das milícias digitais. O conflito entre Moraes e o bilionário vem desde abril, quando o empresário acusou o ministro de censura e disse que não restringiria perfis do X, mesmo com decisões judiciais.
Como resposta, o ministro do STF incluiu Musk no inquérito das milícias digitais.
*Com informações do Estadão Conteúdo